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Pov Scorpius

Meu corpo inteiro respondeu ao ato de Carter, levei minhas mãos a sua nuca e o forcei a aprofundar o contato de nossos lábios.

Separei meus lábios do dele e grudei nossas testas. Eu o amava, eu amo, mas eu não posso mais fazer isso. Não posso mais viver me escondendo.

- Me desculpe. - desvencilhei-me do corpo dele. - Mas eu não quero ser o segredo de ninguém.

No começo eu aceitei, eu aceitei fazer as coisas escondido. Porém eu cansei, cansei de ter que ficar me escondendo de tudo e de todos. Eu queria poder beija-lo em público, segurar sua mão em público, queria mostrar que éramos um casal, que nós nos amávamos.

- Eu vou nos assu-

- Vai mesmo? - ergui uma sobrancelha para ele. Silêncio.- Quando você descobrir o que realmente quer, me procure. - acaricie suas bochechas. - Eu sempre vou estar aqui para você.

Eu e Carter trocávamos bilhetes na infância e pensávamos em nos assumir se isso durasse. Durou, mas ele teve medo e resolveu se esconder.

Uma vez marcamos dele se assumir para os seus pais comigo ao seu lado, porém ele amarelou.

E durante todos esses anos continuou a mesma coisa, ele falando que ia se assumir, que ia nos assumir, mas depois fugia.

Então resolvi dar a ele um tempo, um tempo para pensar se o nosso "nós" realmente deveria acontecer. Em certa parte entendo Carter, ser gay não é fácil, não em um mundo como esse, onde tudo o que você faz é julgado. Foda-se seu psicológico, foda-se seus sentimentos, foda-se sua vida... E quando você morre "nossa, ele era um homem tão bom, não merecia isso"

A sociedade é uma grande mentirosa.

Respiro fundo, aproveitando aquela mistura do calor do sol com o vento gélido da Inglaterra e deixando uma lágrimas solitária escorrer dos meus olhos.

Dar um tempo para ele realmente foi a coisa certa? Ou só foi como apertar no pause da realidade para viver uma mentira?

Se bem que, a verdade dói. Então é mais fácil viver uma mentira do que aceitar a verdadeira realidade.  A verdade machuca, a mentira não.

Porém do que adianta a mentira se ela não te faz feliz? É apenas uma falsa felicidade que uma hora vai acabar.

[...]

Carter esses últimos dias vinha ao meu encontro, começava a falar e depois desistia.

Hoje, com certeza, é um desses dias.

- Se eu me assumir. - começou, evitando me olhar nos olhos. - A sociedade vai me julgar...

- A sociedade julga o tempo inteiro, isso é um fato. - estávamos sozinhos, então comecei a me aproximar dele, adorando isso em todos os mínimos detalhes, e peguei em seu queixo, fazendo-o me encarar. - Julgar os outros ajuda a ter a sensação de segurança. É uma ação para controlar nossa vida e a situação ao nosso redor, às vezes inconscientemente... Sabendo disso, esqueça os julgamentos, tente não prestar atenção neles e seja feliz.

Carter ficou em silêncio e apenas focando em meus olhos, acho que tentando assimilar tudo o que acabei de dizer.

Quando escutamos os alunos se aproximando da sala pensei que ele iria se afastar e fingir que nada aconteceu, como esteva fazendo esses dias.

Mas me surpreendi quando Carter ficou nas pontas dos pés e se inclinou para frente, colando os nossos lábios.

Seus lábios macios acariciavam os meus, coloquei a mão em seus cabelos, aprofundando o beijo. Sua mão acariciou minha nuca, me deixando arrepiado, resisti ao impulso de morder seus lábios, o medo de tudo se encerrar agora vencia a vontade que eu estava de fazer qualquer outra coisa com ele.

Os alunos entraram e Carter não se afastou nem quando eles começaram a cochichar.

- Ótima maneira de revelação. - sussurrei perto de seus lábios, ele riu durante o beijo.

- Seja feliz.. - repitiu minhas palavras com um sorriso no rosto. Seus olhos demonstravam receio, mas também demonstravam alegria.

Com o restante do dia Carter começou a demonstrar que éramos um casal até para os alunos do primeiro ano.

Não estou reclamando, eu gosto disso, gosto de poder tê-lo nos meus braços em todos os momentos do dia.

Família Potter-Malfoy Onde histórias criam vida. Descubra agora