Adicta A Ti

Capítulo 8

José Miguel aguardava impacientemente Ronaldo sair de casa para levá-lo ao cursinho. Seu amigo morava muito longe e não tinha quem fosse deixá-lo, não custava nada fazer aquele favor já que ele tinha carro, mas ele estava demorando muito e José Miguel precisava voltar para casa para dormir, pois a farra da noite anterior durou até muito tarde. Minutos depois, Ronaldo saiu correndo pela porta com a mochila nas costas.

− Finalmente, cara. Dormiu demais? – José Miguel cumprimentou Ronaldo.

− Que nada, estava dando uma força para o meu irmão. O cara está mal. – Ronaldo entrou no banco do carona e jogou a mochila no banco de trás, vendo José Miguel assumir seu posto de motorista.

José Miguel ergueu a sobrancelha. Será que Valentina já tinha deixado o tal Alonso?

− Ah, é? Por quê? – José Miguel perguntou como quem não queria nada, dando partida no carro.

− A noiva dele deu um pé na bunda dele dias antes do casamento, disse que não sabia se o que sentia por ele era suficiente para querer se casar. – Ronaldo fez careta.

José Miguel sorriu escondido. Então Valentina tinha mesmo largado Alonso, agora era só esperar ela lhe ligar.

− Nossa, cara, que pena. Mas ele disse se teve algum motivo, outro cara na parada ou... – José Miguel parou de falar, tentando sondar se alguém já sabia da sua existência mesmo que indiretamente.

− Eu acho que não tem outro cara, senão ela não estaria indo passar um tempo na fazenda com os pais. O pai dela ligou para o meu pai para comunicar. – Ronaldo deu de ombros.

José Miguel arregalou os olhos e freou o carro de repente, fazendo a cabeça de Ronaldo bater no teto. Mas Valentina era uma mulher difícil mesmo, ainda hesitava em aceitar sua proposta, mas ele jamais desistiria dela.

− P****, José Miguel! Está maluco?! – Ronaldo reclamou massageando a testa.

− Desculpe, eu achei que tinha visto alguma coisa ali. – José Miguel mentiu, voltando a ligar o carro e acelerar.

Se Valentina achava que ia se livrar de José Miguel, estava muito enganada. Foi com esse pensamento que ele terminou o resto do caminho enquanto corria sem perceber, causando estranhamento em Ronaldo.

− Qual foi, meu irmão? Ficou estranho de repente. – Ronaldo encarou José Miguel com um olhar confuso.

− Eu? Não, imagina, é que me lembrei que tenho um compromisso com o Alberto. – José Miguel mentiu.

Ronaldo simplesmente assentiu ainda desconfiando, mas se calou e somente fez agradecer pela carona assim que chegaram ao destino. José Miguel cruzou a cidade até o hospital Cruz Roja, disposto a dar um jeito de ficar perto de Valentina para sempre. Quando chegou ao hospital, estacionou e desceu, olhando tudo ao redor e percebendo como os Villalba eram mesmo ricos. Em meio a toda agitação do ambiente, ele se aproximou do balcão de informações, onde uma moça fazia algumas anotações.

− Bom dia. Eu gostaria de falar com o doutor Rogério Villalba, o dono do hospital.

− Eu sinto muito, mas o doutor está em emergência agora.

− Por favor, é muito importante. Posso esperá-lo?

A recepcionista suspirou. Seu patrão Rogério pedia para nunca deixar de dar ajuda para quem precisa e aquele rapaz parecia mesmo estar desesperado. José Miguel sempre soube mentir muito bem.

− Tudo bem, rapaz. Aguarde aqui que assim que ele aparecer, eu digo que você quer falar com ele.

José Miguel assentiu suspirando e se sentou por ali. Ele não desistiria até conversar com o pai de Valentina. Horas depois, ele já estava cansado de esperar quando viu um homem de jaleco que se aproximou da recepcionista que apontou para ele, fazendo o doutor ir até lá.

− Bom dia, sou Rogério Villalba. Queria falar comigo? – Rogério cumprimentou José Miguel com um aperto de mãos.

− Bom dia, queria sim. Desculpe incomodar o senhor, mas eu gostaria de saber se o senhor não tem nenhuma vaga de emprego para mim, pode ser qualquer coisa, aqui ou na sua casa. Eu só preciso de trabalho. – José Miguel falou com a melhor cara de piedade que conseguiu.

Rogério observou bem o rapaz à sua frente. Ele parecia uma pessoa simples e era justamente o tipo de pessoas a quem ele gostava de ajudar, pois eram os que mais se esforçavam para fazer um trabalho bem feito.

− Me acompanhe, por favor. – Rogério falou fazendo sinal para José Miguel ir atrás dele.

José Miguel e Rogério andaram até o fim do corredor e entraram por uma porta onde levava o nome e a especialidade do médico. Era um lugar simples, mas bastante luxuoso.

− Sente-se, fique à vontade. – Rogério apontou uma cadeira e se sentou em frente a José Miguel.

− Obrigado. – José Miguel fez o que Rogério pediu e aguardou ele começar falar.

− Bom, em que você tem experiência? – Rogério perguntou rodando uma caneta entre os dedos.

José Miguel fez careta. Na verdade, em sua vida nunca teve vontade e nem chance de estudar, por isso o único trabalho que conhecia na vida era vender substâncias ilícitas, mas ninguém precisava saber disso.

− Para falar a verdade, eu nunca tive experiência com nada. – José Miguel falou sem graça. – Mas eu posso aprender a fazer de tudo um pouco, basta o senhor me dar uma oportunidade. – ele falou rápido.

Rogério suspirou. Ele via boa vontade em José Miguel e como Valentina andava com uma ideia de ir passar um tempo na fazenda, ele ficou de contratar um novo capataz para que Sabino, o atual capataz e amigo de longa data, pudesse ensiná-lo tudo que sabia e finalmente se aposentar como planejava.

− Então... Como você se chama mesmo?

− José Miguel.

− Olha, José Miguel, eu tenho uma fazenda chamada Los Cascabeles em Hidalgo, você já ouviu falar?

− No lugar sim, senhor.

− Não fica muito longe daqui. Eu estou precisando de um novo capataz agora que o atual quer se aposentar e ele mesmo pode te treinar. Só preciso que você vá o mais rápido possível, antes que minha esposa, minha filha e eu cheguemos, tudo bem para você?

Tudo estava saindo como José Miguel planejava, pois ele esperava mesmo surpreender Valentina lá.

− Claro, perfeito. Obrigado por tudo, garanto que não vai se decepcionar. – José Miguel falou animado.

− Espero que não mesmo, meu rapaz, está contratado. – Rogério se levantou e José Miguel o imitou, apertando a mão dele. – A questão de salário você conversa com o Sabino, ele tem carta branca para resolver esses assuntos.

− Pode deixar, obrigado.

José Miguel saiu feliz da vida. Em breve estaria perto de Valentina por muitos dias e sabia que ela não resistiria a ser dele para sempre.

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José Miguel é perspicaz, viu??? Valentina que lute KKKKKKKK <3