Capítulo 17

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Valentina combinou o jantar para aquela noite e José Miguel aceitou prontamente, o quanto antes formalizassem o compromisso, melhor. A moça passou o resto do dia se arrumando, queria estar linda para o namorado. À noite, todos já estavam prontos na sala esperando dar o horário combinado para José Miguel chegar, até que a campainha tocou.

− É ele. Eu abro. – Valentina se levantou animada e correu para a porta.

Valentina abriu a porta e sorriu para José Miguel que retribuiu, passando a mão no queixo. Ela nunca o havia visto vestido daquela forma, ele usava uma camisa azul de botões, com uma jaqueta bege por cima e calça da mesma cor.

− Amor. – Valentina beijou José Miguel brevemente nos lábios.

− Linda. – José Miguel sorriu, acariciando os lábios de Valentina. – Espero não ter me atrasado.

− Claro que não, chegou bem na hora. Vamos entrar. – Valentina entrelaçou as mãos nas de José Miguel.

José Miguel e Valentina entraram na sala, onde Rogério e Cecília já o aguardavam em pé. O homem encarava o outro, sério, enquanto a mulher sorria leve e educadamente.

− Boa noite. – José Miguel falou nervoso, apertando a mão de Valentina.

− Boa noite, rapaz, é um prazer conhecê-lo melhor. – Rogério respondeu ainda sério e apertou a mão livre de José Miguel.

− Eu digo o mesmo. Senhora. – José Miguel cumprimentou Cecília educadamente e ela retribuiu o cumprimento com a cabeça.

− Vamos nos sentar, gente. – Valentina convidou para quebrar o clima de tensão.

Rogério e Cecília se sentaram em um sofá e Valentina e José Miguel fizeram o mesmo no outro da frente sem soltarem as mãos. O silêncio se instalou, até Rogério quebrá-lo.

− Me pareceu uma vantajosa coincidência que você já conhecesse a Valentina quando me pediu emprego, José Miguel. – Rogério ironizou.

− Pois é, senhor, nós também achamos muita coincidência. – José Miguel respondeu nervoso e encarou Valentina.

− E então, José Miguel, onde você mora? – Cecília perguntou.

− No Morro Mazatán, senhora.

Rogério e Cecília se encararam e o homem se mexeu desconfortável. Não que eles tivessem algum tipo de preconceito com alguém de classe inferior a deles, mas lhes preocupavam que Valentina estivesse grávida de um homem que ninguém sabia a procedência.

− E agora, você trabalha em quê? Porque você largou o emprego na fazenda dizendo que conseguiu uma ótima oportunidade aqui. – Rogério falou.

José Miguel encarou Valentina que devolveu o olhar em dúvida. Ela também nunca soube em que o namorado trabalhava, ele nunca havia comentado e nem ela se tocou em perguntar. O homem segurou uma careta sem saber o que dizer, afinal não podia contar do seu verdadeiro trabalho.

− Pois é, acontece que essa promoção que eu almejava não saiu e eu tive vergonha de pedir o meu emprego de capataz novamente e agora com a Valentina aqui, acho melhor procurar algo na cidade mesmo. – José Miguel mentiu tentando parecer confiante.

Rogério encarou José Miguel por um tempo, desconfiado.

− Eu posso arrumar alguma coisa para você com alguns contatos ou até no hospital mesmo.

− Eu agradeço. – José Miguel falou aliviado por aparentemente todos terem acreditado na sua desculpa.

Valentina engatou uma conversa leve, até Rogério resolver falar o que tanto lhe afligia.

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