Capítulo 23

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HORAS DEPOIS

Quando José Miguel entrou na propriedade Villalba, Valentina já estava acordada e desceu animada cumprimentando as pessoas que trabalhavam em sua casa enquanto o marido e o motorista tiravam as bagagens do carro.

− Mamãe, papai, chegamos! – Valentina gritou entrando em casa.

Cecília e Rogério correram para abraçar Valentina e cumprimentar José Miguel.

− E aí, filha, curtiu muito? – Cecília soltou Valentina o suficiente para encará-la, sorrindo.

− Muito. Foi o melhor fim de semana da minha vida. – Valentina enfatizou sorrindo.

− E você, rapaz, cuidou bem da minha princesa e do meu neto? – Rogério deu tapinhas nas costas de José Miguel.

− Como farei pelo resto da minha vida. – José Miguel respondeu e trocou um sorriso apaixonado com Valentina.

− Mas vamos entrar, gente, que apesar de ter vindo o caminho todo sentada, ainda estou cansada. – Valentina fez careta e todos riram, a acompanhando para o sofá, onde se sentaram cada casal em um.

− Benita, leve as malas do casal para o quarto deles, por favor. – Cecília pediu sorrindo.

− Agora mesmo, senhora. Me ajuda aqui, Emília. – Benita pediu e subiu com Emília carregando as malas.

Benita era babá de Valentina e mesmo depois da moça ter crescido, ela continuava na casa trabalhando de governanta e auxiliando Emília e todos os outros funcionários.

− Ah, filha, eu já separei o quarto do bebê, só falta você dizer como quer fazer. – Cecília falou.

Valentina e José Miguel se encararam. Seria a hora perfeita de contar a decisão deles a Rogério e Cecília.

− Então, mamãe, a gente pode fazer um quartinho para o bebê aqui, mas será só para quando ele vier passar o fim de semana.

Cecília parou de sorrir aos poucos.

− O que quer dizer?

− Que José Miguel e eu decidimos que vamos morar sozinhos na casa dele. – Valentina encarou José Miguel rapidamente e segurou a mão dele.

Rogério e Cecília se encararam. O casamento de Valentina já não era o que eles esperavam e o fato dela querer morar no outro lado do mundo em um lugar tão simples e perigoso era pior ainda de se aceitar.

− Morar no morro Mazatán, é? – Rogério se mexeu, incomodado.

− Sim, papai, já temos a casa, só precisa de uma pequena reforma e isso nos poupa tempo.

− Olha, eu até entendo que vocês querem um cantinho só para vocês porque quando seu pai e eu nos casamos também quisemos e começamos a vida em um apartamento no centro da cidade. – Cecília parou de falar e desviou o olhar. – E vocês podem começar assim também. A gente pode ver um apartamento para vocês até... – José Miguel interrompeu a sogra.

− Eu agradeço que vocês queiram nos ajudar, mas Valentina e eu entramos em um consenso de que queremos uma vida independente. No começo vai ser um pouco difícil, mas eu prometo que nada vai faltar para ela e nem para o meu filho.

− Me desculpe, José Miguel, não é nada contra você e o lugar que você veio, mas é que Valentina foi criada em um universo diferente e eu creio que ela não se adaptaria ao seu mundo. – Rogério coçou o queixo.

− Papai, por favor! É da minha vida que estamos falando e o meu lugar é ao lado do meu marido seja onde for. – Valentina falou indignada. – O morro é um lugar onde eu já frequento, é um lugar com gente muito legal e a minha decisão já está tomada, é lá que o meu bebê vai ser criado.

Rogério e Cecília se encararam novamente. Eles conheciam bem Valentina, sabiam que quando ela colocava uma coisa na cabeça era impossível de tirar e eles não queriam que aquilo se transformasse em uma briga e os impedisse de vê-la ou ver até o neto deles, então só lhes restavam aceitar.

− Está bem, Valentina, será como você quiser, afinal você é adulta e sabe o que está fazendo. – Rogério desviou o olhar.

− Mas eu quero que saiba, filha, que você terá sempre um lugar para voltar quando quiser. – Cecília falou.

− Obrigada. – Valentina sorriu. – Nós só precisamos de uns dias até a reforma da casa acabar. É um bom espaço, José Miguel mandou aumentar e construir mais um cômodo para o quarto do bebê.

− Claro, fiquem o tempo que precisar. – Cecília sorriu.

− Agora se vocês me derem licença, eu preciso trabalhar. Até logo. – Rogério beijou a testa de Cecília e saiu sem dirigir o olhar para José Miguel e Valentina.

José Miguel olhou para Valentina que deu de ombros. Uma hora Rogério teria que aceitar sua decisão e se não, ela não teria o que fazer porque ia sim mudar sua vida completamente pela família que estava formando. Valentina decidiu ir descansar da viagem e José Miguel a acompanhou, logo adormecendo os dois.

                                                                    ~ * ~

Ihhh, Rogério não gostou nadinha da ideia de Valentina morar no morro :s

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