Assim que chegou ao apartamento, José Miguel preparou um lanche rápido para João Miguel enquanto ligava para Sandra que aceitou prontamente cuidar do menino ao saber do que aconteceu. Depois de Celina, não contrataram mais nenhuma babá, pois era perigoso chamar alguém que morava fora por causa da pandemia. Assim que João terminou de comer, Sandra chegou e José Miguel se despediu rapidamente, pegando o carro de Valentina que estava com ele por causa do filho e saindo avoado. Ele não demorou a chegar ao hospital e encontrou Valentina andando de um lado para o outro na sala de espera.
− Valentina, e aí? Teve alguma notícia dele? – José Miguel se aproximou de Valentina.
− Não, ele está na terapia intensiva, o caso é muito delicado. – Valentina suspirou, parando de andar. – E o João? – ela olhou para José Miguel.
− Está com a Sandra, eu o deixei bem mais calmo. – José Miguel falou.
Valentina assentiu aliviada. Pelo menos João Miguel estava bem, por um momento, ela pensou que a bala fosse atingi-lo e não pensaria duas vezes em pular na frente, mas Alonso fez isso por eles dois, poderia ser um deles ali lutando pela vida se seu marido não estivesse feito o que fez.
− E o Ronaldo, você sabe de alguma coisa? Eu me lembro que ele pulou da janela quando tudo aconteceu e só tive cabeça para pensar no meu marido. – Valentina falou.
José Miguel abaixou a cabeça. Ao sair do prédio de Valentina, ele deixou João Miguel no carro dela que ela havia deixado na garagem, já que ele só tinha uma moto e teria que levar o filho, e foi ver a movimentação na frente do prédio, onde haviam várias viaturas, uma ambulância e alguns curiosos, se deparando com Ronaldo morto, pois havia caído do oitavo andar e quebrou o pescoço na mesma hora.
− Com o impacto da queda, ele quebrou o pescoço e não resistiu. – José Miguel falou ainda sem encarar Valentina.
Valentina levou a mão aos lábios, chocada. Ronaldo nunca foi santo e depois dele ter tentado matá-la e ferido Alonso, ela chegou a odiá-lo, mas nunca desejou a morte dele, afinal era seu cunhado e fazia parte da sua família de certa forma.
− Coitado. Apesar de tudo, eu não desejava esse fim para ele. Imagino como deve estar a Brenda com um filho morto e outro nessa situação. – Valentina negou com a cabeça.
− Verdade, deve estar muito difícil. – José Miguel suspirou e encarou Valentina. – Me fala a verdade. Eu sei que os médicos que têm parentesco com os pacientes não podem participar diretamente do caso, mas você como profissional, o que acha do estado do Alonso?
Valentina sentiu seus olhos marejarem. Ela prometeu a si mesma que não pensaria naquilo, mas sabia que uma pessoa com um tiro no peito era muito difícil de sobreviver mesmo ela tendo conseguido agir de forma sensata para não mexer com Alonso e a bala atravessar alguma veia importante, porém com o tanto de sangue que saía, ela duvidava muito que não estivesse atingido nada. Era uma situação tão difícil que ela não tinha coragem nem de falar em voz alta.
− Eu não quero falar disso, por favor. – Valentina sussurrou com a voz embargada.
José Miguel assentiu compreensivo. Para Valentina não querer falar era porque o caso era grave e isso o preocupava, mas antes que ele falasse, o médico entrou na sala de espera e foi até eles. Como o hospital era da família e os dois trabalhavam lá, todos já se conheciam.
− Doutora Valentina. José Miguel. – o doutor cumprimentou e José Miguel apenas acenou com a cabeça.
− Boa tarde. Como está o meu marido, doutor? – Valentina perguntou nervosa.
O doutor deu um longo suspiro antes de falar. Sempre era difícil dar uma notícia daquelas, sobretudo para pessoas tão próximas e com tanta vida pela frente.
− Bom, eu não posso mentir, Valentina, tanto a minha ética profissional como a sua experiência não me deixariam fazer isso. – o doutor começou, ajeitando os óculos e Valentina assentiu, apertando as próprias mãos. – O estado do seu marido é muito delicado, a bala atingiu uma das principais áreas do coração, ele teve três paradas cardíacas do local do crime para cá, mas com sorte conseguimos reanimá-lo. Ele está sobrevivendo com a ajuda de aparelhos, mas apesar disso está consciente. A má notícia é que nós não sabemos até quando isso vai durar. – o doutor suspirou vendo Valentina chorar. – Nesses casos, nós não podemos liberar visitas, mas é crucial que ele se despeça de todos os entes queridos, pois não podemos prever quanto tempo lhe resta, por isso ele pediu para ver primeiro o José Miguel.
Valentina e José Miguel se encararam confusos. Eles podiam jurar que a primeira pessoa que Alonso iria querer ver seria a esposa dele.
− O quê? Por que ele? – Valentina perguntou.
− Eu não sei, doutora, foi o paciente que pediu.
− Bom, eu vou lá, aí você aproveita e liga para a mãe dele vir. – José Miguel falou, tocando no braço de Valentina.
− Me acompanhe, por favor. – o doutor falou a José Miguel e encarou Valentina. – Daqui a pouco você o verá, fique tranquila.
Valentina observou José Miguel e o médico desaparecerem pela porta e tratou de ligar para Brenda que ficou resolvendo sobre o enterro de Ronaldo. Ela era uma mulher viúva, só tinha os dois filhos e Valentina não queria nem pensar em quando ela soubesse que perderia os dois.
~ * ~
O pobi de Alonso tá morrendo :(

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Adicta A Ti
FanfictionValentina Villalba era uma moça muito bonita, inteligente e boa. Filha única de família tradicional, ela foi prometida em casamento ao filho de um casal de amigos dos seus pais, Alonso Peñalvert, que vinha a ser seu melhor amigo e o homem a quem ela...