Capítulo 39

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UM MÊS DEPOIS

Valentina já estava no fim da sua gestação e como toda mulher naquela época, se sentia um pouco mal com dores nas costas, inchaço no corpo e até as chamadas contrações de treinamento que aconteciam poucas semanas antes do bebê nascer com o intuito de preparar o corpo da mãe para o parto. Mas apesar de tudo isso, ela sabia que em breve tudo valeria a pena quando visse o rostinho do seu João Miguel e estava tão perto disso acontecer que ela quase nem dormia de ansiedade. A única coisa que ia mal era o seu casamento, José Miguel não parava mais em casa, não se importava mais com ela e nem com o filho como antes e das vezes que voltava para dormir, chegava bêbado e drogado. Realmente aquele mundo em que ele vivia não o estava fazendo bem, ele havia se tornado um viciado definitivamente. Já era madrugada e Valentina estava dormindo em sua cama com apenas a luz da televisão clareando o quarto, pois a mulher acabou dormindo enquanto via um filme. Mas seu sono durou pouco, ela se acordou sentindo contrações fortes como nunca tinha sentido antes.

− Ai. – Valentina gemeu e se sentou com dificuldade, colocando a mão na barriga e a sentindo mais pontuda do que o normal. – Meu Deus, será? – ela colocou a mão no rosto, pensativa.

Valentina percebeu que a casa estava em silêncio, provavelmente José Miguel não tinha chegado ainda. Ela suspirou, vendo no celular que já se passava de uma da manhã. Quando sentiu a contração aliviar, ela se levantou devagar e foi à cozinha, colocando água em um copo e bebendo com calma, até sentir outra dor pior que todas e derrubar o copo no chão ao mesmo tempo em que se curvou na pia, gritando e sentindo um líquido escorrer entre as pernas.

− Ai meu Deus, vai nascer. – Valentina falou já chorando.

Ela caminhou para a sala cautelosamente enquanto discava para José Miguel até cair na caixa postal.

− Amor, vem para casa, a bolsa estourou. Nós vamos ser pais, José Miguel. Vem logo, eu não estou suportando de tanta dor. – Valentina soluçou e desligou a chamada.

Valentina voltou a ligar para José Miguel enquanto tentava controlar o tempo das contrações que aumentavam cada vez mais. Ela sentiu outra dor forte e jogou a cabeça para trás sentada no sofá, gritando e chorando até ver que daquela vez saía sangue das suas pernas.

− Meu Deus, não vai demorar a nascer. Eu preciso de ajuda. – Valentina falou e voltou a discar no celular.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Oi, amiga. – Sandra atendeu sonolenta.

− Sandra, o meu bebê vai nascer e eu estou sozinha em casa. – Valentina falou chorando.

− O quê?! Cadê o José Miguel?! – Sandra perguntou já totalmente desperta, se levantando.

− Ele não chegou em casa e nem atende o telefone. Me ajuda, por favor, ele não pode demorar a nascer. – Valentina soluçou.

− Eu estou chegando.

FIM DA LIGAÇÃO

Dois minutos depois, Sandra chegou e encontrou Valentina ainda no sofá com as duas mãos na barriga.

− Oi, amiga. A bolsa já estourou? – Sandra perguntou, colocando a mão na barriga de Valentina com cuidado.

− Sim, e as contrações só pioram. – Valentina suspirou.

− Certo. As bolsas estão no quarto?

− Sim, mas eu preciso trocar de roupa também. Estou toda molhada.

− Claro. Vamos, eu te ajudo.

Sandra levou Valentina para o quarto o mais rápido que ela conseguiu andar e a sentou na cama, abrindo o guarda roupa e pegando o vestido que a mulher já tinha separado para quando fosse dar à luz, o qual ela vestiu sozinha enquanto a amiga pegava as bolsas. Depois saíram de casa, onde um táxi que Sandra havia chamado já as esperava.

− Ai. – Valentina fechou os olhos com força, sentindo outra contração já à caminho do hospital.

− Eu sei que está doendo, amiga, mas aguenta só mais um pouquinho. Nós já estamos chegando. – Sandra falou, enxugando o suor da testa de Valentina.

− Tem que continuar ligando para o José Miguel. – Valentina falou ofegante.

− Claro, eu vou ficar tentando. – Sandra pegou o celular e começou a ligar para José Miguel, continuando sem sucesso.

Minutos depois, Valentina chegou ao hospital da família e Sandra pediu ajuda aos enfermeiros para colocá-la em uma cadeira de rodas. Quando elas entraram, encontraram Cecília no corredor.

− Filha? O que aconteceu? – Cecília perguntou preocupada.

− Vai nascer, mamãe. – Valentina sorriu entre lágrimas.

Cecília arregalou os olhos, se emocionando. Nem dava para acreditar que em pouco tempo seria avó de verdade, porque era muito diferente ser avó de um bebê que estava na barriga para um que estaria ali para ela ajudar a cuidar e educar.

− Leve-a para a sala de parto e comunique ao obstetra. – Cecília falou ao enfermeiro. – Já a mamãe te encontra, filha. – ela beijou Valentina e saiu apressada.

− Amiga, continua tentando ligar para o José Miguel? – Valentina pediu a Sandra.

− Claro, e vou ficar esperando até o João nascer. – Sandra entregou as bolsas ao enfermeiro que não guiava Valentina. – Boa sorte. Cuide bem do meu afilhado. – ela sorriu, acariciando a barriga da amiga.

Valentina sorriu em resposta e foi levada à sala de parto, onde se preparou para trazer João Miguel ao mundo.

                                                                                     ~ * ~

O bebê vai nascer e mais um dia difícil em que José Miguel não está presente. Será que ele vai chegar a tempo de acompanhar o parto? :(

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