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Capítulo 48

DIAS DEPOIS

Valentina levava sua vida normal, cuidando apenas de João Miguel e falando com o marido apenas o necessário sobre o filho. José Miguel também continuava da mesma forma, trabalhando com o tráfico e em inúmeras festas, onde se drogava e bebia, mas nunca havia descumprido a promessa que fez à Valentina, a de não visitar o bebê quando estivesse mal, ele só esperava o dia amanhecer e voltar a si para ir vê-lo todos os dias. Era fim de semana e Cecília e Rogério decidiram aproveitar a folga do hospital na fazenda Los Cascabeles e convidaram Valentina para acompanhá-los, mas ela tinha outros planos.

− Tem certeza que não quer ir? – Cecília perguntava pela milésima vez.

− Tenho, mamãe. O João ainda é muito pequeno para viajar e eu vou tentar começar a estudar para voltar para o meu cursinho. Podem ir tranquilos, nós vamos ficar bem. – Valentina sorriu.

Como Valentina não estava mais sozinha com João Miguel, ela pensou que poderia voltar com o seu sonho de estudar medicina, já que tinha a ajuda de Benita e até de Cecília para cuidar dele.

− Eu fico tão feliz que você esteja retomando os seus planos. – Cecília sorriu. – Então nós vamos, meu amor, mas qualquer coisa você nos liga e voltamos correndo, tudo bem?

− Claro, pode deixar. Vão com Deus.

− Vocês também fiquem com Ele. – Cecília beijou a testa de Valentina e saiu.

Minutos depois, Rogério também foi se despedir de Valentina e de João Miguel e se foi com Cecília. A moça passou o dia inteiro se dividindo entre cuidar e dar atenção ao filho e estudar para o próximo vestibular. Já à noite, após o jantar, Valentina colocou o bebê para dormir e também logo adormeceu, mas na madrugada ela se acordou ouvindo o choro dele pela babá eletrônica e foi ao quarto dele, estranhando ele estar acordado, pois ele costumava dormir a noite inteira.

− Oi, querido. – Valentina foi até o berço e se preocupou ao sentir João Miguel quente. – Oh meu Deus.

Valentina levou João Miguel ao quarto dela e por estar com ele no colo, procurou com dificuldade o termômetro na caixinha de primeiros socorros no seu banheiro, mas logo encontrou e colocou embaixo do braço do menino, se deitando na cama com ele e acariciando seu cabelo com a mão livre, já que com a outra fazia pressão em seu braço para o termômetro não cair.

− Fica quietinho, minha vida. – Valentina beijou a testa de João Miguel.

Passaram-se mais alguns minutos para o termômetro apitar e Valentina viu que João Miguel estava com trinta e nove graus de febre. Ela guardou o termômetro na embalagem e deixou por ali para ficar medindo até a temperatura abaixar. Quando ela se levantou para buscar o remédio, o menino voltou a chorar, agarrando seu braço.

− Vem com a mamãe então. – Valentina suspirou, pegando João Miguel no colo e indo ao banheiro novamente.

Na mesma caixinha onde Valentina pegou o termômetro, ela encontrou o anti térmico e voltou para o quarto, sentando João Miguel na cama, colocando a dose no copinho e o ajudando a tomar com cuidado. Depois desligou o ar condicionado e voltou a se deitar abraçada com o filho até dar a hora de medir sua temperatura mais uma vez e ela se preocupou de novo por ver que de nada tinha adiantado o remédio.

− Já era para ter abaixado. – Valentina falou pensativa, guardando o termômetro novamente.

Valentina tocou em João Miguel e o percebeu ainda tão quente quanto antes, por isso pensou em lhe dar um banho gelado, já ouviu falar que aquilo melhorava febre muito mais até do que qualquer remédio. Ela se despiu e depois tirou o pijama do filho com cuidado, já que seu corpo estava molinho. Depois ela o levou com a cabeça em seu ombro e as pernas enlaçadas na sua cintura até o banheiro, onde ligou o chuveiro em uma temperatura fria e passou um tempo embaixo com o bebê, tomando cuidado para não molhar sua cabecinha. Minutos depois, Valentina decidiu sair do banho, pois era noite e poderia prejudicá-lo de outra forma. Ela o vestiu sem secá-lo e checou a temperatura, vendo que mais uma vez nada tinha mudado.