Capítulo 36

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Alonso chegou à delegacia e foi atendido pelo delegado imediatamente, pois como a família de Valentina, a sua também tinha muito prestígio em toda a cidade. Ele perguntou como estava a situação de José Miguel e como imaginava, todos estavam enrolando para não soltarem o homem, até que ele perguntou onde estava o atestado de óbito de Alberto e o delegado respondeu, desconsertado, que o IML ainda não o tinha liberado. Alonso foi ao lugar e conseguiu rapidamente uma cópia do atestado de óbito e da perícia da arma do crime graças ao seu prestígio social e mesmo já sabendo o que tinha acontecido, ele se chocou ao ver que seu irmão tinha matado uma pessoa, pois no relatório constava que as digitais encontradas não eram de José Miguel. Ronaldo precisava mesmo de ajuda. Ele voltou à delegacia e apresentou os dois papéis, deixando o delegado sem outra alternativa a não ser conceder a liberdade total do marido da sua ex, mas antes ele pediu para conversar com o homem e recebeu permissão, indo para o presídio e sendo encaminhado para esperar José Miguel na sala de visitas. Minutos depois, o homem chegou acompanhado de um policial e se surpreendeu ao ver quem o esperava.

− O que faz aqui? – José Miguel perguntou se sentando em frente à Alonso.

− Eu vim dizer que você foi inocentado, está livre para voltar para a sua mulher. – Alonso falou, colocando as cópias dos documentos em cima da mesa.

Alonso esperou José Miguel ler tudo, enquanto o observava. Ele não parecia estar mal, pelo contrário, estava sóbrio, com o cabelo molhado indicando que tinha acabado de tomar um banho e com o uniforme limpo. O homem imaginava que estar numa prisão para um viciado era pior por ficar trancado junto com outros presidiários, vendo nas drogas uma forma de diversão, mas pelo visto esse não era o caso de José Miguel.

− Como você conseguiu isso? – José Miguel perguntou ainda olhando os papéis.

− Eu pedi a autópsia do corpo do seu amigo e da arma usada no crime e em nenhum dos dois tem suas digitais.

− Por que você está fazendo isso por mim? – José Miguel encarou Alonso. – Digo porque se supõe que eu roubei sua mulher.

− Porque não é justo que um inocente seja acusado de um crime que não cometeu. – Alonso suspirou. – E de certa forma eu fiz isso por Valentina, ela precisa de você mais do que nunca.

− Obrigado.

− Não me agradeça, era o mínimo que eu podia fazer depois do que meu irmão aprontou.

− Eu prometo que nunca vou me esquecer disso.

Alonso sorriu de leve e assentiu. Se não fosse seu rival, até que ele poderia ser amigo de José Miguel.

− Tudo bem. Agora se arrume, sua mulher te espera.

− Claro. – José Miguel se levantou animado. – Obrigado mesmo. – ele deu alguns tapinhas no ombro de Alonso.

José Miguel bateu na porta e o policial abriu, o acompanhando até a cela, onde ele juntou suas coisas e se despediu dos colegas, afinal era impossível e até perigoso ficar sem falar com ninguém lá. Ele passou na direção do presídio, recebeu seus pertences e assinou o documento da sua liberdade, logo saindo de lá. Ao chegar lá fora, ele respirou ar puro e deu um grito de felicidade. Só então percebeu Alonso ainda o esperando e se aproximou.

− Por que está me esperando? Ainda tem algo para me falar?

− Não, mas imaginei que você precisa de uma carona, como não passa táxi aqui.

José Miguel poderia estar facilmente desconfiado de toda aquela bondade de Alonso, mas sentia e via no homem que podia acreditar nele. O motivo, ele não sabia, já que se fosse ele em seu lugar, iria querer mais é que o outro se ferrasse para ter o caminho livre com Valentina.

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