Capítulo 12

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À NOITE

Valentina passou o dia deitada na cama, pois como disse a José Miguel, se sentia enjoada, até vomitou quando chegou em casa. Com certeza tinha comido algo estragado e não se deu conta. Depois de tomar um remédio, se deitar, dormir um pouco e falar com Gabriela por telefone, ela assistia televisão quando seu celular tocou novamente e ela atendeu, estranhando por ser Alonso.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Alonso? Oi. Não esperava sua ligação. – Valentina falou surpresa, ajeitando o cabelo.

− Nem eu esperava ter que me humilhar assim, mas apesar de tudo, eu me importo com você e não quero que sofra. Preciso que veja uma coisa, estou indo buscar você na sua casa.

− Olha, Alonso, eu até iria com você, mas é que hoje eu estou passando um pouco mal e... – Valentina falava cansada, mas Alonso a interrompeu.

− Por favor, é rápido e eu mesmo te deixo em casa. É uma coisa muito importante que poderá mudar sua vida e quem sabe a minha também.

Valentina ficou confusa. O que será que Alonso tinha de tão importante para lhe mostrar? De uma coisa, ela tinha certeza, ele não a faria nada de mal, por isso não custava ter uma última conversa para que eles terminassem bem, ela sem culpa e ele sem guardar raiva dela.

− Está bem, eu só preciso trocar de roupa. Nos vemos em quinze minutos?

− Combinado.

FIM DA LIGAÇÃO

Como disse, Valentina apenas se trocou e pegou um casaco, descendo a escada às pressas e vendo que estava tudo escuro, afinal já deveria ser tarde. Ela aguardou Alonso no jardim e logo viu o carro dele se aproximando, onde ela entrou e ele começou a dirigir.

− Aonde vamos?

− Por favor, eu gostaria que você não me perguntasse nada agora. Você já vai saber tudo. – Alonso falou sem tirar a atenção do trânsito.

Valentina assentiu e voltou a olhar para a frente, achando tudo mais estranho ainda, mas se já estava ali, não podia desistir. Quase uma hora depois, ela viu Alonso entrar pela parte mais escura da cidade e se encolheu com medo. Ela nunca tinha andado por aqueles lados e tinha mesmo certo receio daquele lugar sombrio. Até que Alonso parou em um morro e Valentina o encarou.

− Eu sei que você não está entendendo nada, mas logo vai entender e eu prometo que ao contrário do que você vai pensar, não é uma vingança, eu só quero que você seja feliz. – Alonso falou e desceu do carro.

Em questão de segundos, Alonso já estava ao lado de Valentina que também saiu do carro. Ele entrelaçou suas mãos e ela olhou estranho, mas deixou, pois não queria mesmo se perder naquele lugar. Alonso a puxou para se aproximar de um homem que estava no início de uma escada, sem camisa, com apenas um fuzil pendurado no pescoço e um rádio comunicador em mãos.

− Oi, eu sou... – Alonso foi interrompido pelo homem.

− Doutor Alonso Peñalvert, irmão do meu parceiro Ronaldo. Ele disse que você viria com a sua mina. Pode subir. – o homem falou e deu permissão através do rádio aos seus companheiros.

− Obrigado. – Alonso falou e começou a subir a escada sem soltar Valentina.

Alonso cumprimentava quem via pelo caminho, afinal conhecia a todos pelas vezes que ia buscar Ronaldo lá, enquanto Valentina apenas o seguia, encolhida com medo.

− Por que você me trouxe aqui? – Valentina perguntou baixo.

− Você já vai saber.

Alonso e Valentina andaram por algumas ruas estreitas, até a mulher perceber que estavam em uma favela bastante movimentada. Eles chegaram em um lugar onde de longe já dava para ouvir a música alta e ao se aproximarem, Valentina começou a tossir ao sentir um cheiro muito forte de fumaça.

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