Capítulo 65

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− Alonso?

Alonso sorriu com uma mão apoiada na parede e a outra carregando uma mala e um buquê de flores vermelhas na outra. Sem saber que tudo era um combinado do seu pai com Rogério para tentar juntá-lo com Valentina de novo, ele agradeceu aos céus quando lhe mandaram trabalhar justamente nos Estados Unidos, pois apesar dos anos que se passaram, ele ainda a amava e acreditava em um recomeço, exatamente como Valentina pensava de José Miguel.

− Desculpa aparecer essa hora, Valentina, mas eu não podia esperar mais para te ver. Posso entrar? – Alonso falou sem tirar o sorriso do rosto.

− Claro, entra. – Valentina passou a mão no rosto e deu espaço para Alonso.

− Você está mais linda do que eu me lembrava. – Alonso falou entrando e colocando a mala em um canto.

− Obrigada, você também não mudou nadinha. – Valentina sorriu sem graça.

− Espero não estar atrapalhando. – Alonso se sentou no sofá.

− Imagina, eu estava só terminando de estudar. – Valentina arrumou a mesa rapidamente.

− É, seu pai me contou que você realizou o seu sonho de se tornar pediatra. Meus parabéns. – Alonso sorriu observando Valentina se sentar ao lado dele.

− Obrigada. – Valentina retribuiu o sorriso.

− Ah, eu quase me esqueci. Para você. – Alonso entregou o buquê a Valentina.

− São lindas, não precisava. – Valentina cheirou as flores.

− Eu ainda me lembro do quanto você gosta de flores. – Alonso sorriu e mudou de assunto ao ver Valentina desconsertada. – Eu trouxe também um presente para o seu menino, mas está dentro da mala, outro dia eu entrego pessoalmente. Como ele está?

− Ai, cada dia mais lindo e esperto, já é um garoto de cinco anos.

− Nossa, como o tempo passa rápido, eu me lembro dele bebêzinho ainda no seu colo. – Alonso falou sorrindo e Valentina assentiu. – E o tratamento?

− Esse sim continua o mesmo. – Valentina suspirou. – Ele chegou a fazer uma cirurgia de retirada de baço há alguns anos atrás e isso ajudou a controlar bem a doença, mas até agora não surgiu nenhum método novo de cura. Eu vou colocar as flores em um vaso, você me espera?

− À vontade.

Valentina foi à cozinha, onde encheu um vaso e colocou as flores dentro, se apoiando na pia. Ela respirou fundo, apesar de estar percebendo as investidas de Alonso, estava feliz por ter ao menos uma pessoa que a lembrasse de todo o seu passado por perto. Quando saiu do México para se distanciar de tudo, ela não achou que fosse sentir falta de quem era antes, mas ao ver Alonso, ela esperava que pudesse resgatar ao menos uma amizade de anos atrás.

− E então, o que te trouxe à Nova York? – Valentina apareceu da cozinha já perguntando e se sentando novamente ao lado de Alonso.

− As empresas se expandiram, minha mãe resolveu abrir uma filial aqui e como ela não se sente tão capacitada para mudar de país assim radicalmente, ele me mandou para cá.

− Então você pretende ficar? – Valentina se ajeitou no sofá.

− Inicialmente sim, mas se eu não me adaptar por aqui, vou arranjar alguém de confiança que me substitua e volto para casa. – Alonso suspirou, passando a mão no cabelo. – E você, o que mais faz por aqui além de trabalhar, estudar e cuidar do seu filho?

− Nada. – Valentina fez careta e riu. – Criança necessita de muita atenção e mesmo eu contando com a ajuda de uma babá que também é uma amiga maravilhosa, nada substitui uma mãe. Eu procuro sempre ter um tempo para ele, tanto para brincar como para o tratamento, que de verdade não consigo mais cuidar de nada além das obrigações diárias.

− Não lhe sobra tempo nem mesmo para o amor?

Valentina suspirou. Ela sabia que Alonso logo iria querer saber disso e imaginou sua reação caso ele soubesse que José Miguel ainda ocupava boa parte dos seus pensamentos e principalmente seu coração.

− Muito menos para isso, não depois de tudo que passei nos últimos anos. – Valentina desviou o olhar.

Alonso demorou alguns instantes para responder, mas o fez.

− Eu entendo que foi uma experiência bastante amarga, mas você não pode perder a fé no amor. Você nunca foi assim, sempre acreditou na força dele e do bem. – Alonso se aproximou de Valentina.

− Talvez eu tenha mudado mais do que você pensa, Alonso. – Valentina respirou fundo, encarando Alonso.

Valentina e Alonso passaram mais algum tempo em silêncio e a mulher percebeu que ele era o único a quem ela ainda não tinha perguntado de José Miguel, até porque já achava que ele tinha se metido demais em sua relação com o pai do seu filho, mas podia ser sua última chance de saber alguma coisa sobre o paradeiro dele.

− Eu vou te perguntar uma coisa que talvez não devesse e peço, por favor, que não me leve a mal. – Valentina respirou fundo novamente e Alonso prestou atenção nela. – Você sabe alguma coisa do José Miguel?

Alonso se mexeu incomodado. Ele sabia que Valentina nunca se esqueceria de José Miguel, afinal tinha um filho com ele, mas não podia negar que lhe causava ciúmes saber que depois de tanto tempo, ela ainda perguntava por ele mesmo sendo Alonso que estava ali, em outro país, com ela. Mesmo assim ele não tinha coragem de mentir e por isso Rogério resolveu lhe contar a mesma história que Valentina sabia, a de que José Miguel tinha desaparecido do mapa desde que foi visto no aeroporto na despedida da mulher. Mas quando ele ia responder, João Miguel apareceu na sala, com a cara de sono e o cabelo desgrenhado, carregando um coelho de pelúcia pelas orelhas.

− Mamãe, eu não consigo dormir. – João Miguel falou manhoso, coçando os olhos com uma mão.

− Está sentindo alguma coisa, minha vida? – Valentina pegou João Miguel no colo.

− Soninho, mas eu quero dormir com você. – João Miguel agarrou o pescoço de Valentina.

− Mamãe já falou que você tem que dormir na sua caminha com seus brinquedinhos, mas eu posso ficar com você até você adormecer, tudo bem? – Valentina perguntou e João Miguel assentiu com a cabeça deitada no seu ombro. – Já volto. – ela falou a Alonso.

− Não, Valentina, eu acho melhor eu ir embora. Já é tarde e você precisa descansar, mas se você quiser, a gente se encontra depois.

− Claro que vou querer. Anota seu número ali para mim, por favor. – Valentina apontou um bloquinho de notas que tinha perto do telefone.

Alonso assentiu e fez o que Valentina pediu.

− Espero sua ligação, até mais. – Alonso foi até Valentina e beijou seu rosto.

− Até. Obrigada pela visita.

Alonso apenas sorriu, saindo e fechando a porta. Valentina levou João Miguel ao quarto dele e o deitou na cama carinhosamente, se deitando do lado e fazendo carinho até ele adormecer, o que não demorou muito, pois ele estava caindo de sono. Ela se levantou devagar, o cobriu com o lençol, deixou um beijinho em seu rosto e arrumou o seu amado coelho inseparável desde que o menino nasceu, ao lado dele na cama. Depois ela voltou para a sala, onde arrumou toda a bagunça que fez, e finalmente foi dormir, pois teria aula pela manhã e plantão no hospital na noite seguinte.

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Se alguém pensou no Alonso, parabéns e não me matem KKKKKK <3

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