Capítulo 53

79 7 8
                                    

− Me dá o meu filho, José Miguel!

− Eu não devia dar.

Valentina percebeu que pelo menos José Miguel estava sóbrio, pois não tinha os olhos vermelhos e falava normalmente, apesar do tom de raiva, e deu graças a Deus por Alonso ter ido embora ou aconteceria outra confusão.

− Rapaz, entregue o menino à mãe e nada acontecerá com você. – Rogério falou sem paciência.

− José Miguel, você não devia tê-lo levado assim sem permissão da Valentina. – Cecília falou doce.

− Não entendo o porquê dessa confusão toda, ele é meu filho e eu também mando nele. – José Miguel falou imparcial.

− Nós dois somos os pais dele, as coisas só devem ser feitas com o consentimento dos dois. O nosso filho está doente, precisa se alimentar e já está passando da hora de tomar os remédios. Por favor, me entrega ele? – Valentina pediu com os olhos cheios de lágrimas.

José Miguel encarou Valentina e voltou o olhar para João Miguel. Ele não podia ser egoísta em prejudicar seu filho em nome de uma vingança, Valentina já tinha aprendido o suficiente e pensaria duas vezes antes de traí-lo. O homem se aproximou da mulher devagar e colocou o bebê no colo dela, se afastando. Quando por fim teve João Miguel nos braços, Valentina soltou todo o choro de alívio, ela ficou com muito medo do marido agir por impulso como de costume e deixar algo acontecer com o bebê. Sem falar com ninguém, Valentina subiu a escada e José Miguel a seguiu, fazendo Rogério querer ir atrás, mas ser impedido por Cecília que achou melhor deixá-los se resolverem sozinhos. José Miguel viu quando Valentina entrou no quarto do bebê e parou na porta, vendo Valentina dar de mamar enquanto segurava o pezinho do filho. Sempre foi uma das cenas que ele mais sentiu falta de ver, seus dois amores juntos em um momento tão íntimo, mas depois de tudo que aconteceu, ele duvidava que ainda poderia vê-los daquele jeito.

− Será que podemos conversar? – José Miguel perguntou quando Valentina colocou João Miguel no berço.

− Você não devia ter perguntado isso antes de armar todo esse circo envolvendo o nosso filho? – Valentina suspirou cansada, se virando para José Miguel e se apoiando no berço.

− Eu realmente não queria brigar, mas o que você esperava que eu fizesse com aquela cena que eu vi? – José Miguel coçou o queixo.

− Que você gritasse e até usasse da violência física, eu esperava tudo, José Miguel, menos que você fugisse assim com o meu filho. – Valentina enfatizou com a voz embargada.

José Miguel abaixou a cabeça. Ele esperava mesmo que Valentina, como a boa mãe que era, ficasse desesperada quando não encontrasse João Miguel, afinal era esse seu objetivo, mas naquele momento viu o quanto estava errado e se arrependeu.

− Me desculpa, mas também foi difícil eu ver o que vi. – José Miguel falou ainda sem encarar Valentina.

− Não é nada do que você está pensando, você entendeu tudo errado.

− Então me explica o que aquele infeliz estava fazendo na sua cama. – José Miguel levantou a cabeça e cruzou os braços.

− Em primeiro lugar, ele não é nenhum infeliz, ele se chama Alonso e não custa nada você ter respeito pelas pessoas. Ele estava aqui porque me ajudou quando o João Miguel estava mal, ele fez um papel que era seu. – Valentina enfatizou, colocando o dedo no peito de José Miguel.

− Claro, ele sempre quis o que é meu, minha mulher e meu filho. – José Miguel deu um risinho irônico.

− Só que dessa vez a culpa foi unicamente sua, a prova disso foram as inúmeras ligações e mensagens que deixei para você.

Adicta A TiOnde histórias criam vida. Descubra agora