Capítulo 46

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MESES DEPOIS

Valentina continuava na casa de Rogério e Cecília com o bebê, mas como prometido, José Miguel ia visitar o filho quase todos os dias, completamente sóbrio. Apesar de ter sido difícil nos primeiros dias, a mulher já conseguia ter uma relação amigável com o marido, mas sempre evitava de conversar qualquer coisa que não tivesse a ver com João Miguel. Naquele dia mesmo, os pais do bebê o colocavam para dormir depois de brincarem muito com ele que crescia forte e saudável, para o alívio de todos.

− Acho que agora ele só acorda à noite. – José Miguel falou baixo, ajeitando João Miguel no berço.

− É. – Valentina suspirou sorrindo e se encostando ao berço.

− E você... Tem planos para hoje? – José Miguel perguntou sem graça.

Valentina desviou o olhar. Ela sabia muito bem o que José Miguel iria pedir.

− José Miguel, não tente tapar o sol com o dedo. Você sabe que não está tudo bem entre a gente. – Valentina falou cansada.

− Eu achei que você já tinha me perdoado. – José Miguel abaixou a cabeça.

− Eu perdoei por essa criança que nos une, mas tudo ainda está bem vivo aqui. – Valentina falou com a voz embargada e colocou a mão no peito.

− Você só precisa se convencer de que aquela foi uma situação isolada, eu te amo e quem ama não faz mal ao outro, eu vou te provar isso. Até logo, se precisar de algo me liga. – José Miguel deu um beijo no canto da boca de Valentina, uma última olhada em João Miguel e saiu rápido.

Valentina suspirou com a mão no rosto. Ela também amava José Miguel com todo o seu ser, mas também foi por se entregar àquele amor sem pensar nas consequências que estava completamente destruída e só precisava de tempo para tomar um rumo para sua vida, seja com o marido ou não. Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do celular e ela viu que era Gabriela ligando depois de tanto tempo, então ligou a babá eletrônica e saiu do quarto, atendendo a ligação.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Oi, sumida. Que milagre você me ligando. – Valentina já atendeu rindo.

− Ai, amiga, ligação para fora do país custa caro. – Gabriela riu e Valentina a acompanhou. – Mas enfim, estou de volta. Topa baladinha hoje?

Valentina suspirou. A última vez que foi à uma festa foi quando visitou o morro pela primeira vez com José Miguel, não seria nada mau respirar novos ares e se esquecer ao menos um pouco dos problemas, mas também tinha João Miguel para cuidar, não era dever de mais ninguém a não ser dela.

− Não sei. Tenho que ver se alguém pode ficar com meu filho.

− Como é que é, Valentina?! Você é mamãe e não me contou? – Gabriela perguntou surpresa.

− Eu te falei que você estava há muito tempo sem ligar. – Valentina riu. – Mas sim, eu tenho um bebê de seis meses, o nome dele é João Miguel e você precisa ver como ele é lindo. – ela sorriu derretida.

− Ai, mas eu já quero conhecê-lo. – Gabriela falou animada. – Mas e o Alonso, ficou feliz por ser papai?

− Não, o pai não é o Alonso. – Valentina suspirou. – É uma longa história que eu te conto pessoalmente.

− Tudo bem. Se não der para você ir, mesmo assim vou te fazer uma visita.

− Ok, vou aguardar. Posso convidar uma outra amiga? – Valentina perguntou se lembrando de Sandra.

− Claro. Quem é?

− É a Sandra, uma nova amiga que fiz no tempo em que você ficou fora.

− Hum, quero até ver por quem você anda me trocando. – Gabriela brincou e riu.

− Como é boba. – Valentina riu. – Já te retorno para dar a resposta. Beijo.

− Beijo.

FIM DA LIGAÇÃO

Valentina foi direto ao quarto de Cecília e Rogério, onde só estava a mãe descansando enquanto via televisão.

− Mamãe, posso entrar? – Valentina perguntou antes de abrir a porta.

− Claro, meu amor, entre. – Cecília respondeu se ajeitando na cama e desligando a televisão.

Valentina entrou acanhada já com vergonha do pedido que faria à Cecília. Ela não queria que a mãe achasse que ela teve um filho para jogar nos braços dela.

− A Gaby me ligou, está no México. – Valentina se sentou no canto da cama.

− Ah, é? E como ela está?

− Está bem e me chamou para sair hoje, mas não sei se devo ir. – Valentina abaixou a cabeça.

− Por quê?

− Porque eu não quero deixar o João Miguel na sua responsabilidade e nem da Nana.

− Filha, que besteira. – Cecília sorriu. – O meu neto é tão calminho que tenho certeza que nem vai dar trabalho e você merece passar um tempinho a sós se divertindo com suas amigas.

− É mesmo? Você não se incomoda? – Valentina perguntou sem graça.

− Claro que não, será um prazer cuidar dele. Pode ir tranquila.

− Então eu vou, obrigada. – Valentina sorriu aliviada. – Mas eu prometo que volto cedo e só vou depois que der o jantar dele e colocá-lo para dormir. Você sabe que ele não é de se acordar muito à noite, então é só ficar com a babá eletrônica mesmo.

− Eu sei, filha. Agora vá se arrumar. – Cecília sorria do jeito de Valentina.

− Você é a melhor, obrigada. – Valentina beijou o rosto de Cecília e saiu animada.

Cecília negou com a cabeça, ainda sorrindo. Valentina teve que criar responsabilidade tão cedo que ela não via mal algum em ajudar a filha a se divertir um pouco, ainda mais depois do que ela passou com José Miguel, precisava tirá-lo da cabeça nem que fosse por um momento.

                                                                         ~ * ~

Valentina vai à balada <3

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