Capítulo 26

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José Miguel pegou sua moto e desceu pelo morro rapidamente, pois além de ser mais rápida, ele não queria levar o carro de Valentina para esse tipo de coisa porque podiam marcá-la e ele jamais se perdoaria por deixar que algo acontecesse à esposa ou ao filho. O caminho foi curto, afinal o destino era apenas um morro vizinho ao Mazatán, e chegando lá, desceu da moto e se aproximou dos dois homens que barravam a entrada, cada um com um fuzil na mão e os olhos intimidadores.

− Bom dia. Eu sou José Miguel Montesinos, estou aqui a mando do Alberto que pediu para entregar ao chefe de vocês, o Jonas. – José Miguel balançou o envelope amarelo que levava em mãos.

− Passa a visão aí, rapaz. – um dos homens bateu no outro, sem parar de encarar José Miguel.

− Atenção, chefia. Tem um rapaz aqui dizendo que veio em nome de um tal Alberto deixar uma encomenda para o senhor. – o outro homem falou em um rádio.

− Pode subir. – José Miguel ouviu Jonas falar e desligar o rádio.

Os homens deram passagem a José Miguel que subiu depois de agradecer. O lugar não era muito diferente do seu, era cheio de becos e o homem andou por vários deles até um dos seguranças que lhe acompanhava parar em frente a uma porta de uma casa bastante debilitada e abri-la mandando José Miguel entrar e a fechando por fora em um estrondo. Ele percebeu estar em uma espécie de quarto escuro que só se enxergava pouca coisa através da luz de uma pequena janela. José Miguel conseguiu ver somente uma mesa de madeira com uma cadeira do mesmo material atrás, onde estava sentado um homem de cabelo curto e olhos puxados que ele supôs ser Jonas.

− Bom dia. – José Miguel falou sem graça.

− Bom dia, José Miguel, certo? – Jonas acendeu um abajur ao lado da sua mesa que só então José Miguel percebeu que estava lá e assentiu rápido. – Então você veio a mando do Alberto?

− Sim, e trouxe sua encomenda. – José Miguel colocou o envelope em cima da mesa.

− Obrigado. – Jonas sorriu, abrindo o pacote e olhando dentro.

− De nada, qualquer coisa estamos às ordens. – José Miguel falou com as mãos no bolso. – Agora se me permite, eu preciso ir. Até breve. – ele apontou a porta e ia saindo.

Enquanto José Miguel caminhava para a porta, a fim de ir embora, Jonas contava quantos quilos de maconha haviam no envelope e percebeu que estavam faltando dois quilos da sua encomenda. Ele respirou fundo, se ajeitando na cadeira. Não era a primeira vez que comprava com Alberto, mas era a primeira vez que José Miguel entregava e que as coisas vinham erradas. Quem lhe conhecia sabia que ele não tolerava nenhum erro em seu trabalho, por isso alguém teria que lhe pagar, já que ele tinha dado o dinheiro adiantado ao próprio Alberto.

− Espera aí, cara. Aqui está faltando coisas.

José Miguel parou e se virou confuso.

− Como assim? Eu trouxe do jeito que o Alberto mandou.

− Pois é, mas alguma coisa aconteceu porque eu pedi cinco quilos e aqui só tem três. – Alberto encarava José Miguel.

− Mas eu não sei o que está acontecendo. – José Miguel falou já ficando nervoso, pois odiava que desconfiassem dele.

− Trate de descobrir. Eu quero o que eu paguei.

− Claro, não se preocupe. Eu vou pedir ao Alberto para ele mandar o que está faltando. – José Miguel tentou abrir a porta, mas estava trancada.

− Você só pode sair daqui quando pagar o que me deve.

José Miguel gelou. Ele nunca havia se metido numa enrascada como aquela e sabia que Alberto também não o meteria, devia ter algo muito errado.

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