Adicta A Ti

Capítulo 16

Valentina chegou em casa e encontrou Rogério e Cecília na sala, cumprimentando os dois com um beijo no rosto.

− E como se sente, filha? – Rogério perguntou a Valentina que já estava sentada ao lado de Cecília.

− Bem. – Valentina respondeu simples.

Cecília encarou Valentina e Rogério de sobrancelha erguida, desconfiada. Aqueles dois estavam lhe escondendo algo.

− O que foi? Porque já me falaram que a Valentina foi parar no hospital e sei que não foi por uma simples infecção. – Cecília falou olhando de um para o outro.

Rogério e Valentina se encararam. Como a moça disse a José Miguel, o pai não costumava se meter em seus assuntos, por isso a esperou para contar da gravidez.

− Ehhr... Eu preciso te contar uma coisa. – Valentina se ajeitou no sofá.

− Pode falar. – Cecília também se ajeitou, interessada.

− Primeiro eu quero dizer que não foi planejado, acontece que eu não me protegi e depois do que aconteceu com você, eu me esqueci de tomar a pílula, então aconteceu. Eu estou grávida. – Valentina respirou fundo.

Cecília encarou Rogério que olhava para Valentina. A filha parecia mesmo estar diferente.

− Eu percebi você com a cintura mais larga mesmo. – Cecília falou emocionada.

− Então você não está chateada comigo? – Valentina perguntou devagar com os olhos marejados.

− Claro que não, meu amor, um bebê é sempre uma bênção e nós sempre iremos te apoiar. – Cecília abriu um sorriso.

− Obrigada. – Valentina abraçou Cecília, emocionada. – Obrigada aos dois por tudo. – ela soltou a mãe e encarou Rogério.

− É o nosso dever como pais, querida. – Rogério falou brincando com as mãos. – E eu acredito que com essa gravidez, sua confusão em relação ao casamento acabou.

Valentina parou de sorrir e desviou o olhar. Havia chegado a hora mais difícil, a de contar toda a verdade.

− É isso que você também precisa saber, pai. – Valentina falou tensa. – O filho não é do Alonso.

O silêncio pairou no ar e Cecília e Rogério se encararam surpresos. Eles nem mesmo sabiam que Valentina tinha outro namorado.

− Como? E de quem é? Porque até onde eu sei, Alonso foi o único homem da sua vida. – Rogério disparou a falar e se levantou nervoso.

− Papai, calma, me deixa terminar. – Valentina também se levantou e segurou a mão de Rogério, voltando a sentá-lo no sofá e fazendo o mesmo no mesmo lugar, ao lado de Cecília no outro sofá. – Naquela noite que eu fui para minha despedida de solteira, eu acabei conhecendo um homem. – ela abaixou a cabeça para não encarar o olhar assustado dos pais. – Eu tinha bebido muito e acabei me entregando a ele, é algo de que não me orgulho porque eu ainda tinha um compromisso com Alonso e ele está ciente de tudo que aconteceu e já me perdoou.

− Espera, mas se você está grávida de três meses... Isso foi há mais de três meses, então não tem como esse cara ser o pai. – Rogério falou pensativo.

− Tem sim, porque essa não foi a única vez que nós ficamos. A gente se reencontrou na sua fazenda. – Valentina falou pausadamente ainda de cabeça baixa.

− E como ele foi parar lá sem eu saber? – Rogério perguntou confuso.

− Ele não foi sem você saber, ele era o capataz. – Valentina fez careta.

Rogério arregalou os olhos. Será que aquilo foi mesmo uma coincidência ou o tal do José Miguel fez toda aquela cena comovente lhe pedindo emprego para ficar perto de Valentina?

− Então esse rapaz me usou para chegar até você?!

− Não, pai, eu também achei isso, mas ele falou que foi coincidência. – Valentina engoliu o seco. – O fato é que nós nos apaixonamos e esse bebê só nos deu mais certeza disso.

Rogério e Cecília se encararam. Eles idealizaram a vida de Valentina desde o momento em que souberam que ela estaria à caminho, mas ambos entendiam que ela tinha o seu próprio modo de viver e tinha também todo o direito de tomar decisões de acordo com o seu coração, por isso por mais que não concordassem, como pais e agora avós, eles deviam apoiá-la, afinal mesmo sem ser planejado, era seu primeiro neto da filha única deles e isso era motivo de comemoração.

− Bom, minha filha, não era o que nós esperávamos para você, mas se é assim que você quer, não iremos interferir, concorda, meu amor? – Rogério ajeitou o colarinho da camisa e perguntou a Cecília.

− Claro, e iremos cuidar de você e do nosso neto sempre. – Cecília colocou a mão na perna de Valentina.

− Vocês são os melhores pais do mundo. Obrigada por tudo. – Valentina abraçou Cecília, emocionada, e Rogério foi até elas, se sentando do outro lado da filha e se juntando ao abraço.

− Mas eu quero conhecer melhor esse rapaz. – Rogério falou.

− Claro, ele também quer conversar com vocês. – Valentina se ajeitou e passou a mão no rosto.

− Podemos jantar hoje à noite? – Cecília sugeriu erguendo a sobrancelha.

− Claro. Tudo bem para você, filha? – Rogério perguntou a Valentina.

− Perfeito. Vou ligar para ele e avisá-lo. Até mais. – Valentina se levantou animada, beijou o rosto de Rogério e Cecília e subiu a escada, saltitante.

Rogério e Cecília conversaram mais um pouco, o homem deu algumas informações sobre o pouco contato que teve com José Miguel, dizendo que o achou um bom rapaz, mas avaliaria melhor quando o conhecesse mais de perto e ainda como genro. Depois de um tempo, Cecília decidiu ir à cozinha escolher o cardápio do jantar e Rogério foi para o seu último plantão do dia.

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Será que essa compreensão toda vai continuar quando descobrirem quem José Miguel é de verdade???