Capítulo 66

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DIAS DEPOIS

Valentina e Alonso estavam bem próximos, haviam mesmo retomado a amizade que tinham até depois de romperem o noivado, e quem também o adorava era João Miguel que por ser um menino muito risonho e simpático, bastou Alonso brincar com ele algumas vezes para que ele se apegasse. O que deixava todos confusos era que ele nunca o chamava pelo nome e nem mesmo de "tio" como era costume das crianças e sempre que Valentina perguntava, João não conseguia responder, pois nem ele mesmo entendia o porquê todos os amiguinhos do parque tinham um papai e ele só tinha a mamãe, tia Celina e aquele homem legal. Seria ele o seu papai e ninguém lhe falou nada? Em um dia, como sempre após sua aula, Valentina o levou para um parque próximo ao prédio onde morava e por insistência do garoto, convidou Alonso que disse que correria para lá assim que saísse do trabalho. A mulher observava o filho descer no escorregador com um sorriso no rosto, amava vê-lo ativo mesmo com aquela doença maldita, quando Alonso entrou no seu campo de visão.

− Bu. – Alonso brincou rindo.

− Como é bobo. – Valentina também riu, negando com a cabeça.

− E aí? – Alonso se sentou do lado de Valentina, beijando seu rosto.

− Tudo bem. – Valentina forçou um sorriso.

Antes que Alonso continuasse a conversa, João Miguel se aproximou correndo, suado e ofegante.

− Que bom que chegou! Vamos brincar, papai?

Valentina e Alonso se assustaram. De onde João Miguel tinha tirado aquela história de pai? Ele nunca tinha nem sequer perguntado sobre uma figura paterna a Valentina, mas claro que convivendo com outras crianças, ele entenderia que lhe faltava alguém na vida, ela só não achou que o filho fosse atribuir aquilo justamente a Alonso. Ele daria tudo para ser mesmo o pai de um filho de Valentina, não só por ela, mas apesar de tudo, adorava àquela criança não só por ele ser fruto do amor da sua vida, também por ela ser realmente apaixonante, e se sentia feliz por João Miguel vê-lo dessa forma, mas pelo visto a mãe dele não pensava o mesmo, pois estava visivelmente abalada.

− Filho... – Valentina tentou falar, mas Alonso a interrompeu.

− Claro. Vamos lá, campeão. – Alonso se levantou sorrindo e pegou João Miguel no colo, indo para o meio do parque.

Valentina derramou uma lágrima observando Alonso e João Miguel brincarem. Ela sabia que doeria quando ouvisse o filho querer um pai, mas não pensou que esse momento chegaria tão cedo. Ninguém sabia o que ela daria para que tudo estivesse sido como ela planejou na gravidez, José Miguel teria mesmo largado as drogas e seu filho teria crescido em um lar com mãe e pai, mas nada saiu como ela queria e ela precisava ensinar João a aceitar a realidade como ela aceitou. Horas depois, ela chamou Alonso e João Miguel para almoçarem e voltaram ao parque, só indo para casa à noite, já que era folga de Valentina. Após brincar mais um pouco e jantar, a mulher colocou o filho para dormir e voltou para a sala, onde Alonso a aguardava, sentado no sofá.

− Dormiu?

− Sim, felizmente ele nunca foi difícil de dormir, só se acorda durante a noite como daquela vez, mas logo dorme de novo. – Valentina suspirou também se sentando. – Olha, Alonso, me desculpa pelo comentário dele lá no parque, ele realmente nunca tinha me perguntado nada sobre isso, foi uma surpresa para mim também.

− Não se preocupe, eu entendo, e fiquei lisonjeado por ele gostar de mim a esse ponto, tanto que adoraria mesmo ser o pai dele. – Alonso sorriu.

− Eu agradeço muito o carinho que você tem pela gente, mas o João Miguel tem um pai e de alguma forma, eu sei que eles ainda vão se encontrar. – Valentina esticou o braço atrás do pescoço, cansada.

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