Capítulo 45

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Valentina chegou à sua antiga casa e usou o mesmo esquema para tirar João Miguel e as malas do carro, mas precisou largar as malas para tocar a campainha e a porta foi aberta imediatamente por Benita e Cecília que se surpreenderam ao vê-la chorando.

− Filha, por que está chorando? Aconteceu alguma coisa? – Cecília perguntou preocupada.

− Me dê esse bebê aqui. – Benita tomou a frente e tirou o bebê conforto da mão de Valentina.

Valentina se jogou nos braços de Cecília, soluçando, e a mãe a apertou, ainda preocupada. Só tendo acontecido algo muito forte para sua filha estar daquele jeito. Minutos depois, ela se acalmou um pouco e soltou Cecília, fungando e passando a mão no nariz.

− Eu saí de casa.

− Venha, vamos entrar. – Cecília puxou Valentina para dentro pela mão e fechou a porta. – Por quê? O que aconteceu? – ela perguntou depois de sentar no sofá sem soltar a filha.

Valentina se lembrou do que tinha acontecido há poucas horas e quis chorar novamente. Ela se sentia suja por José Miguel ter tentado tocá-la a força.

− Eu não consigo falar agora, só que eu dei um tempo com José Miguel e talvez seja o fim de tudo.

− É mesmo? E foi tão sério assim? – Cecília arregalou os olhos.

Valentina assentiu, voltando a chorar.

− Está doendo muito, mamãe. – Valentina falou entre soluços.

− Oh, meu amor, não. – Cecília abraçou Valentina com força. – Todo casamento passa por crises, logo tudo vai ficar bem.

− Dessa vez não. – Valentina se levantou do colo de Cecília, enxugando as lágrimas e desviando o olhar.

− Está bem, sei que não quer me contar agora e vou respeitar isso. Só quero que saiba de uma coisa, você não está sozinha, essa é a sua casa e do meu neto e vocês serão sempre cuidados pelo seu pai e por mim.

Valentina assentiu emocionada. Só em não estar sozinha com um bebê de um mês para criar já era um grande alívio para sua alma.

− Vamos para o seu quarto descansar? Depois alguém leva suas malas.

− Eu tenho que dar comida ao João. – Valentina se levantou, enxugando os olhos.

− Ele já não está tomando mamadeira?

− Só de vez em quando. Eu prefiro amamentar mesmo.

− Mas hoje você está nervosa, pode ser que o leite nem saia e se sair é fraquinho, de qualquer jeito você vai ter que complementar com mamadeira. Deixa que Benita e eu cuidamos dele.

− Está bem, mas na próxima mamada, vocês me chamam que eu quero dar. – Valentina suspirou, passando a mão no rosto, e Cecília assentiu. – Eu só preciso de um banho e dormir um pouco para me acalmar.

− Pode ir tranquila, seu filho está em boas mãos. – Cecília sorriu.

− Nas melhores possíveis. – Valentina forçou um sorriso, apertando a mão de Cecília.

− E se você precisar também, pode me chamar.

− Obrigada. – Valentina beijou o rosto de Cecília e subiu correndo.

Valentina entrou no seu antigo quarto e suspirou ao se lembrar das boas lembranças que tinha com José Miguel dos dias que passaram ali. Ela resolveu afastar seus pensamentos e procurou uma roupa para vestir após o banho entre as tantas que ainda guardava em casa. Ela terminou encontrando um conjuntinho de dormir que usava antes da gravidez e mesmo seu corpo ainda não ter voltado ao normal, com certeza caberia nela, pois nem havia engordado muito durante a gestação. A mulher caminhou para o banheiro e tomou um banho gelado no chuveiro mesmo para esfriar seus pensamentos. Ela não demorou muito e voltou para o quarto, colocando a roupa que escolheu e caiu na cama, suspirando e resistindo à vontade de olhar seu celular para ver se tinha ligação ou mensagem de José Miguel, queria saber se ele sentia ao menos um pouquinho da sua falta, mas bloqueoou o celular e colocou embaixo do travesseiro, virado para trás. Valentina levou a mão ao coração que não parou de doer um só segundo, mas nem sequer tinha mais lágrimas para chorar. De tanto pensar, ela acabou dormindo e se acordou horas depois sentindo um leve toque em sua bochecha.

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