Re(encontra-me)

Capítulo 20 - Mia

Se eu tinha razão em lhe fazer isto? Não sei... A verdade é que ele não era meu namorado, não me devia nada, não me devia explicações de nada, nem lealdade. Ele namorava, e a sua namorada engravidou.

Parei de correr quando já estava longe da BModels, junto a um jardim. Sentei-me na ampla e verde relva, e desabei a chorar. As lágrimas formavam-se com uma intensidade enorme nos meus olhos e invadiam a minha cara de uma forma rude, sem compaixão. Mas eu não podia guardar tudo aquilo para mim, eu não podia suportar tudo isto. A minha vida perdia o sentido a cada dia que passava.

Sinto a presença de alguém a meu lado, mas deixo-me estar quieta, não me movo, não olho, não falo. Eu já não me importava se a pessoa que estivesse a meu lado fosse um ladrão e que me estivesse a tentar assaltar, ou até que me tentasse matar, talvez as coisas fossem mais fáceis assim. Não, cala-te. Estás a ser dramática demais!

- Mia…- sinto o vento que a pessoa faz quando se senta a meu lado. – Sou eu a Anita! Mia, olha para mim por favor.

Anita? Porque a Anita veio atrás de mim?

Os meus olhos, fechados neste momento, abrem-se e observam a pessoa a meu lado. A Anita dá-me um sorriso leve, e eu sinto ainda mais vontade de chorar. Eu não conseguia esboçar um sorriso, o Calum fazia-me sentir miserável. Eu era frágil quando o assunto era o Calum. Ele sempre foi a pessoa pela qual o meu coração batia cada vez mais intensamente. Ele era o rapaz que eu mais amei, algo que independentemente das escolhas de cada um, independentemente dos erros, das palavras cruéis, dos corações partidos, eu não podia negar. Eu apenas me sentia completa quando ele estava a meu lado, quando ele me beijava, quando eu sentia o seu toque. Eu só me sentia verdadeiramente feliz, quando o via esboçar aquele sorriso que eu tanto adoro, quando ouvia a sua perfeita voz, com o seu sotaque, que eu tanto amo. Eu sentia-me a rapariga mais feliz do mundo quando os seus olhos sempre encontravam os meus e aquele brilho aparecia nos seus olhos.

- Mia? – a Anita chama por mim novamente.

- Anita… Porque vieste atrás de mim? – pergunto, tentando me libertar da enorme vontade que tinha de continuar deixar as lágrimas saírem brutamente dos meus olhos.

- Eu apenas fiquei preocupada… - ela fala, olhando-me seriamente. – Eu não gosto de ver as pessoas mal, e Mia, no dia que te conheci foste realmente simpática para mim e para as outras meninas. Achas que te posso retribuir, deixas-me ajudar-te, seja o que for que se esteja a passar contigo?

- És realmente uma boa rapariga, Anita! – digo, esforçando um sorriso. – Sabes, o Liam tem imensa sorte por ter conquistado o teu coração, acho que qualquer homem ficaria feliz por te ter a seu lado.

- Oh, que é isso Mia. – ela diz de um jeito envergonhado. – E contigo é igual, aposto que o que não faltam atrás de ti, são rapazes.

- Uff. – suspiro. – Sabes, eu não me preocupo verdadeiramente com isso. Eu só faço asneiras, só magoo as pessoas. Eu não quero parecer dramática, mas é a verdade. Eu magoo toda a gente à minha volta.

- Queres falar? – ela pergunta, reticente. – Sabes, do que se passou na BModels, ou daquilo que te está a incomodar?

- Anita, eu preciso mesmo de desabafar, mas…

- Não me conheces o suficiente para confiares em mim? – ela pergunta e eu não respondo. – Não precisas de ter vergonha, ou de ter medo. Eu prometo-te, tudo aquilo que me disseres, fica entre nós. Eu prometo, nem ao Liam contar. Mas também não te quero deixar desconfortável. A decisão é tua, Mia. Eu só estou a tentar ajudar-te. Eu sei que existem momentos nas nossas vidas em que tudo parece estar ao contrário. Tudo parece estar errado, mas não podes deixar-te ir a baixo, se tu não te manteres de pé, as coisas ainda vão piorar. – ela tenta reconfortar-me e sem nenhuma dúvida que o consegue fazer. – Queres falar?