Capítulo 36 - Mia

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Abro os olhos lentamente. Sinto-me desgastada, e neste momento a minha cama diz para eu não sair dela por nada deste mundo.

Mas infelizmente teria de ser. Teria de a abandonar por algumas horas. A campainha toca fortemente, ecoando pela casa toda e eu levanto-me da cama meia zonza ainda de dormir.

Visto muito rapidamente um par de calças e calço uns chinelos de dedo, e vou a correr literalmente até à porta, onde a pessoa não parava de tocar.

Abro-a e encontro o meu pai do outro lado da porta.

- Papá! - salto para o seu colo. Apesar de ter 18 anos, eu e o meu pai damo-nos como se eu ainda fosse uma mera criança. Era a menina dos papás. Mas não posso esconder que me dou muito melhor com o meu pai do que com a minha mãe.

- Oh minha bebé, que saudades. - ele diz. - Então, está tudo bem?

- Sim papá! Nós já falamos. - digo. - É para ir jantar?

- Sim, a tua mãe já tem tudo pronto. - ele diz sorrindo.

- Ok, vou só lá dentro num estante. - digo indo pegar num casaco ao meu quarto e no telemóvel.

Volto até à entrada e sorrindo para o meu pai saio de casa, fechando a porta de seguida.

Caminho silênciosamente até casa dos meus pais e quando entro dentro de casa, um cheirinho bom e nostalgico chega até ao meu nariz.

Caminho alegremente até à cozinha e mal vejo a minha mãe dou-lhe um enorme beijinho na bochecha.

- A que se deve este beijo tão bom, filha?

- Ora essa, preciso de um motivo para te dar um beijo? - resmungo na brincadeira com ela.

- Claro que não, só não é muito teu. - ela diz feliz.

- É, tenho andado muito nostálgica e sentimental. - Rio-me levemente, e logo o Calum passa pela minha cabeça.

Porque é que não posso simplesmente apagar esse rapaz da minha cabeça?

- Hmm, bacalhau com natas! Oh mãe, és um anjo. - digo olhando a comida que a minha mãe leva para a mesa numa enorme travessa.

- Eu sabia que ías gostar! - ela ri-se. - Vá, todos para a mesa.

Sento-me no lugar onde me sentara sempre desde criança e os meus pais nos seus respetivos lugares.

- Oh, esqueci-me dos guardanapos! - a minha mãe leva uma mão à cabeça e começa a levantar-se.

- Eu vou buscar. - coloco uma mão no seu braço e sorrio-lhe. Levanto-me da minha cadeira e vou até ao armário, onde eu sei que a minha mãe guarda lá essas coisas.

Pego em três guardanapos e levo-os até à mesa entregando um a cada um. Vejo já o meu prato com comida e a minha mãe acaba de se servir a ela e ao meu pai.

Como uma pequena garfada e consigo saborear a comida. A minha mãe realmente tinha muito jeito.

O jantar acaba, e vou juntamente com o meu pai para a sala enquanto a minha mãe arruma a cozinha. Falamos de diversas coisas que aconteceram cá em Portugal e vejo que as coisas por aqui nem mudaram assim muito.

A minha mãe chega à sala passado pouco tempo e senta-se a meu lado.

- Mia, desde que chegas-te que estou preocupada.

- Porquê? - pergunto, completamente noutro mundo.

- Porque voltas-te? E porque razão não nos avisas-te de nada?

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