As palavras de Mia entram em mim como um martelo batendo no meu coração.
As coisas entre nós, posso dizer que até nem estão tão mal. O que sinto por Mia, é algo tão especial. Sei que ela é apaixonada por Calum, o meu melhor amigo. E também sei que apesar de Calum estar com tantas coisas, ele lá no fundo, ainda sente algo por ela. E por isso, é que sempre tentei me afastar da Mia. Mas neste momento, eu sei que não o posso fazer.
Não me estou a aproveitar dela ou coisa parecida. Apesar daquele beijo ter realmente significado imenso para mim, mesmo que não o tenha admitido. Mia precisa imenso de mim, ela está numa fase da sua vida em que não é completamente fácil aguentar todos os dias. E eu acabo sempre por me sentir mal no meio desta confusão toda. Principalmente porque eu acredito na palavra da Mia, e não me sinto bem ao estar a apoiar o Calum quando eu sei que ele está a errar. Mas Calum é meu melhor amigo e apesar de já ter falado diversas vezes com ele, não existe nada que eu possa fazer. Porque sejamos honestos. Se fosse eu na posição dele, eu não saberia o que fazer.
Por um lado, eu entendo. Eu consigo perceber a atitude dele. Como é que um rapaz tão novo consegue contar a todo o mundo que vai abandonar a namorada grávida para ficar com uma ex namorada grávida também. As pessoas iriam saber que ele a traiu e isso só ficaria mal para Calum. As pessoas não conhecem a história por detrás de tudo. Elas não sabem o quanto a Mia e o Calum eram apaixonados um pelo o outro. E apesar de me custar imenso admitir, eles foram feitos um para o outro. Eles completam-se.
E eu tinha a certeza que Calum acreditava em Mia, apenas ainda não tinha aceitado essa parte da sua vida. Calum ainda não tinha acreditado completamente que a sua vida tomara este rumo.
Caminho lentamente por as ruas à beira do prédio de Mia. Sei que posso estar a exagerar e preocupar-me até demais. Mas eu quero estar aqui caso ela precise de mim. E por muito esforço que eu faça, eu simplesmente não posso me manter afastado. Ela significa tanto para mim.
Desde o dia em que eu disse a Mia os meus sentimentos, que tenho feito tudo aquilo que está ao meu alcance para a poder tirar da cabeça e a ver apenas como uma simples amiga. Mas as coisas não conseguem ser assim tão fáceis e simples. Eu tentei seguir em frente, mas quando a vi novamente, ali toda envergonhada e com o seu coração ainda provavelmente partido em cima do palco, no meio do nosso concerto, eu senti o meu coração bater de outra forma. E é isso que me deixa irritado. Eu queria poder apagar este sentimento. Por Calum, por Mia e por mim. Sei que Mia não tem intenções de magoar. Ela sempre foi sincera comigo em relação a isso, sempre me disse a verdade, mesmo sabendo que isso me iria magoar. Porque eu prefiro que a verdade magoe, do que a mentira. E fico feliz por saber que ao contrário de muita gente, provavelmente, Mia não me usou. Mas é tão mau te apaixonares pela mesma rapariga que o teu melhor amigo. É mau demais, mesmo quando eles já nem namoram. Ou até mesmo quando eles nunca namoraram.
Porque ninguém sabe o quanto me custou desistir da Mia, entregar a rapariga que gosto, a um rapaz que eu considero irmão. Eu fiquei feliz por eles, por Calum ter encontrado finalmente alguém decente. Alguém que gostasse dele, verdadeiramente. Não por interesse, como Caroline. Mas ele sempre estraga as coisas. Ele não se apercebeu da grande oportunidade que teve. Porque, se a oportunidade que Calum teve, por algum motivo, pudesse ter sido minha, nunca na minha vida eu a iria desperdiçar. Nem a enorme distância que se faria entre nós, me iria fazer separar dela. Mas nem vale a pena entrar por aí. Sonhar alto. Mia apenas me vê como aquele amigo que ficou a seu lado mesmo depois de me ter magoado. E apesar de ela nunca mo ter dito diretamente, eu sei que é esse o seu sentimento perante mim.
E não. Não a culpo de todo. Ninguém manda no seu coração. Eu sei disso, melhor que ninguém.
Sento-me num banco da rua e deixo a minha cabeça cair para trás, ficando a observar o céu.
Existem coisas que ninguém poderia e pode explicar. A vida nunca foi fácil e nunca será. E eu fui bem avisado. As coisas não vêm de mão beijada. É preciso esforço, dedicação, amor. Porque sem isso, nós não somos nada. Nós não conseguimos ser nada. Ter nada. Eu não lutei pelos meus sentimentos, porque era a coisa errada a fazer. Eu apenas lutava contra eles. Eu podia-me designar como um fraco. Mas era preferível magoar-me a mim e deixar alguém ser feliz.
Neste momento, não existe nada que eu possa fazer para mudar o passado. Não existe nada que eu possa fazer para mudar o presente. Toda a gente à minha volta criou as suas próprias ideias. Tomou as suas próprias decisões e o que fazer eu se não apoiar? Teria eu outra opção? Elas não iriam desistir dos seus objetivos, das suas vidas. Das suas decisões. Daquilo que iria marcar o futuro deles.
Sinto o meu telemóvel vibrar no bolso das minhas calças e dando um longo suspiro, retiro-o do mesmo e vejo que Mali me está a ligar.
- Olá, olá! - digo, atendendo a chamada.
- Luke, finalmente alguém me atendeu. - Mali diz, dando sensação de alivio.
- Mas está tudo bem? - pergunto preocupado. - O teu irmão, fez alguma coisa?
- Não. O meu irmão não sabe de nada. Ainda. - Mali fala. - Mas eu vou contar-lhe daqui a nada. Luke, eu não posso prometer que a reação dele seja boa, ou que ele queira mesmo ir.
- A decisão só lhe cabe a ele, Mali. Tudo isto só aconteceu por causa dele.
- Eu sei que vocês podem estar magoados com a decisão dele. Eu também não gostei. Muito menos de saber que o meu sobrinho vai ser filho daquela megera. Mas tu no lugar dele não terias feito o mesmo? Mia ainda tem uma vida enorme pela frente. Calum e Caroline não. Eles vão ser pais. - Mali fala com toda a paciência que tem.
Ainda penso na resposta que lhe possa dar. Até porque, pelo que sei, Mali não sabe absolutamente de nada sobre a gravidez de Mia. - Um dia perceberás, Mali. - digo, suspirando. - Agora, a decisão é do teu irmão. Se ele se quiser passar que passe, se ele não quiser saber, paciência.
Mali ia dizer alguma coisa, mas ouço o meu telemóvel fazer um barulho e tirando o mesmo do ouvido vejo que tenho uma mensagem de Mia.
"Tudo pronto. Podemos ir."
Vejo o meu mundo seguro por um pequeno fio e sinto o meu coração perder força. Era agora.
- Mali, acabei de receber uma mensagem de Mia. Temos de ir.
- Tudo bem, tudo bem. Até já, Luke.
Desligo a chamada e levanto-me do banco. Uma ou duas fãs reconhecendo-me, vêm pedir fotos, e apesar de eu não estar na melhor disposição. Eu aceito. Caminho então até casa de Mia e tento me preparar para o que iria acontecer a seguir. Mesmo sentindo que estar preparado para algo assim era impossível.
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Re(encontra-me)
Fanfiction2 anos, 2 anos se passaram desde que o meu grande amor escapou-me por entre os dedos. 2 anos se passaram desde que o vi entrar naquele maldito avião e se ir embora, sem nunca mais dar notícias. Sequela da fic "Encontra-me | C.H."