Capítulo 23 - Michael

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- O que? - pergunto um pouco atordoado com toda a confição da Mia. - O que tu estás a dizer é verdade?

- Michael, porque te haveria de mentir? - ela diz encarando-me. - Nós somos melhores amigos, apesar de tu também seres do Calum. Eu não teria motivos para te mentir sobre um assunto como este.

Na verdade eu sabia que a Mia, nunca me mentiria. Mas ainda não conseguia acreditar no que estava a ouvir. Isto era tudo tão absurdo. O Calum ía ser pai de duas crianças e de mulheres distintas. Da sua atual namorada e da sua ex namorada, com quem ele acabou, à precisamente dois anos atrás. Tudo nesta história estava errado.

- Mia, eu acredito em ti... Mas... O que pensas fazer quanto ao bebé? - pergunto colocando a minha mão na sua barriga.

- Eu vou ter a criança, Michael. Eu sou contra o aborto. - ela diz sorrindo. - E... eu apaixonei-me por ela, desde o momento em que o médico me disse que eu a tinha.

- Isto é tão surreal... Mia, tu só tens 18 anos, és tão nova... - falo, acariciando a sua barriga. - Mas eu apoio-te, até porque concordo contigo, se abortasses eu acho que nunca mais te falava.

- Eu só tenho medo do Calum... - ela diz encarando o chão e deixando uma lágrima escapar dos seus olhos. - Tenho medo da sua reação...

- Mia, mas sabes que ele precisa de o saber, certo? - Encaro-a e ela acena que sim com a cabeça.

- Eu já lhe tentei dizer... Eu ía dizê-lo, no dia em que a Caroline também lhe disse. Foi como, se o destino, não quisesse que ele soubesse. É como se tudo nos quer separar, digo... Eu e o Calum nunca mais vamos voltar... Ele tem a Caroline...

- Mia, tens de ser forte, muito forte. Ele pode recusar-te, como aceitar-te. Às vezes não entendo o que se passa na cabeça dele, mas de uma coisa que eu sei, é que ele só quer o melhor para ti. E se ele te recusar, não te podes ir abaixo, tens uma criança agora, e para além do teu bem-estar, tens de pensar no dela também.

- Eu sei, Michael... - ela deita a sua cabeça sobre as minhas pernas e fica a encarar a televisão apagada.

Coloco uma mão minha sobre o cabelo dela e começo a fazer-lhe pequenas festas, fazendo assim com que a Mia adormeça quase logo. Levanto a sua cabeça um pouco e tento sair do sofá sem acordar a mesma, conseguindo por fim realizar essa tarefa. Vou até ao seu quarto e pego no cobertor que ela tem sobre a sua cama e levo-o para a sala cobrindo a minha melhor amiga.

Ela precisa de mim neste momento, e apesar de saber as razões para que o Calum estar a fazer o que está a fazer, eu deixava de as compreender e apoiar apartir do momento em que isso envolvia o coração da Mia ficar partido. Ela era a minha pequena, a irmã que nunca tive e tenciono protegê-la de tudo, até mesmo do meu melhor amigo. Mas por outro lado, ainda rezo para que aqueles dois ainda fiquem juntos.

Sinto o meu telemóvel vibrar e retiro-o do bolso das minhas calças, atendendo o telefonema sem reparar quem é.

Logo ouço o barulho dos três rapazes com quem convivo diariamente, mas apenas uma voz se destaca.

- Michael? Como está a Mia? - o Calum pergunta.

- Porque não vens cá ver? - digo, espreitando pela janela e vendo que o carro ainda está lá fora.

- Ela não me vai deixar entrar. - ele resmunga.

- Sobe, ela não te vai proibir de nada! - tento convencê-lo e acabo por ver que consigo, quando ele sai do carro.

Desligo a chamada após ele dizer um "estou a ir" e espero que ele suba até cima. Abro a porta, mesmo antes de ele poder tocar, para que ele não acorde a Mia e mando-o entrar. Vejo o seu olhar pousar na Mia adormecida no sofá.

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora