Capítulo 40 - Calum

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Acordo depois de dormitar um pouco e por breves segundos esqueço-me de tudo o que se passou ontem. Mas as memórias da noite anterior, rapidamente se acendem em mim e o meu coração parece ficar pequenino a cada momento.

Levanto-me da cama, sem qualquer tipo de emoção e vou até ao meu armário pegando numas calças e numa t-shirt qualquer. Visto-me sem qualquer tipo de vontade. Mas eu precisava de voltar ao hospital. Afinal a perda não foi apenas minha e eu tinha de ter isso em consideração.

Pego no meu telemóvel e vejo uma chamada não atendida de Mali, mas decido ligar-lhe mais tarde.

Saio de casa e peço ao motorista que me leve até ao hospital, pois eu não me encontrava em condições de conduzir. Coloco um iogurte à boca, que fui buscar ao pequeno frigorífico, apenas para enganar um pouco o meu estômago. E passado pouco tempo, já estava outra vez no hospital.

Um aperto no coração sucede-se a um nervosismo no estômago e a um arrepio enorme. Como se eu estivesse com a plena consciência que a dose de ontem não tinha sido toda. Como se eu soubesse que hoje, algo muito pior iria acontecer.

Sentia-me como se eu tivesse um sexto sentido talvez. Mas como eu não acreditava muito nessas coisas, apenas decidi deixar para lá.

Caminho sossegávelmente até à sala de espera, depois de me ter safo da enorme confusão de jornalistas e paparazzis fora do hospital. Vou até à receção e pergunto à senhora que se encontrava lá se já poderia visitar Caroline.

- Aguarde um pouco por favor, não sei quantas visitas ela poderá ter. - ela diz pegando no telefone. - Mas irei confirmar com o médico.

Aceno com a cabeça sem perceber o que é que a senhora disse, e coloco-me a observar uma revista que tinha em cima do balcão.

Intriga de Calum Hood. Mia ou Caroline?

Oh! Valente merda. Mas será que a minha vida pessoal agora virou interesse mundial? Não pode ser simplesmente a parte pessoal da minha vida?

- Sr? - A senhora do balcão chama-me. - A senhora Caroline pode receber até duas visitas, por isso pode ir.

- Mas... - pergunto curioso, pois eu sou apenas um. - Está lá mais alguém?

- Sim... - ela diz olhando o computador. - Deu entrada à mais de meia hora.

Agradeço à senhora e pergunto-lhe o número do quarto, que me diz ser o 147.

Vou então nas minhas calmas até ao andar correto, sem nunca conseguir parar de pensar em quem estaria com Caroline assim tão cedo.

Eu estava nervoso. Será que Caroline já sabia do que se tinha passado? Será que ela já sabia que tinha perdido o nosso bebé? Será que ela estava bem, ou estava mal? Eu estava com medo da sua reação quando me encara-se, mas sei que também estava com um enorme medo de a encarar também. Eu tinha aquela má sensação, guardada dentro de mim.

Caminho nervosamente por entre o corredor e procuro pelo quarto 147. Não muito longe de onde estou, consigo ver o número chapado ao lado da porta e eu sei. Sei que é agora que vou ter de encarar tudo o que me foi dito ontem.

Abro a porta com poucas esperanças e dou um longo suspiro antes de olhar lá para dentro. Entro vagorosamente e fico parvo, pasmado, sem qualquer tipo de reação ao ver o que acabei de ver.

- O que é isto? - pergunto.

- Calum. - Caroline diz o meu nome. - Deixa-me explicar.

- Explicar? Explicar o quê? - falo com nojo. - Que nós perdemos o nosso bebé ontem por uma porra de crise de ciúmes que fizes-te e agora encontro-te aqui a beijares outro? Tu só podes estar a gozar comigo.

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