A longa espera está a deixar-me impaciente. A coisa que mais odeio fazer é ter de estar sentada numa cadeira, numa sala de espera a fazer tudo aquilo que mais odeio. Esperar.
Fico completamente nervosa, tenho medo da resposta, mas continuo a torcer para que a mesma seja positiva.Os dias têm corrido depressa, talvez mais do que eu queria e esperava. As minhas rotinas continuavam sempre as mesmas. Casa-trabalho, trabalho-casa. Já não suportava ter de estar sempre fechada num local, isso não me estava definitivamente a fazer bem. Ainda por cima a mim, que odeio me sentir fechada.
As coisas não melhoraram nada desde o dia em que contei ao Calum que voltaria para Portugal. Essa ideia não me saía da cabeça desde o dia em que o Calum não acreditou nas minhas palavras. Mas a verdade é que eu não sabia se o iria ou se o poderia fazer. Apenas lhe disse aquilo porque precisava de me defender e por um lado queria fazer o Calum sofrer ao ouvir aquilo, mas foi apenas uma mera tentativa, porque Calum não se preocupava realmente comigo. E ao não se acreditar nas minhas palavras, não se preocupava também com o seu próprio filho.
O meu nome ouve-se passado algum tempo e levanto-me tão depressa da cadeira que quase caio. Nunca estive tão nervosa e com tanto medo de uma simples resposta.
Entro a medo para o consultório cujo fui chamada. E logo observo uma médica por de trás da secretária, encarando o seu computador.
- Bom dia! - digo, fechando a porta.
- Oh, muito bom dia! - a médica, que devia ter por volta de uns 40 anos, olha para mim e sorri amavelmente. - Então como se sente a mamã?
Dou um riso nervoso. - Nervosa!
- Ah, não precisa de estar nervosa! Tenho aqui os seus resultados e já estive a dar uma vista de olhos. - a senhora encara-me. - Claro que vou ter de lhe dar nas orelhas, por uma menina tão nova e tão bonita não cuidar da sua saúde! Teve imensa sorte da sua anemia não ter agravado ainda mais.
- Tenho feito muito cuidado doutora! Não quero que o meu bebé tenha problemas por minha causa.
- Bem, quanto a isso ainda não podemos fazer muito, certo? Ainda é muito cedo para sabermos algo. Mas pelo que vi, a mamã está de parabéns! O amor que sente pelo seu bebé é mesmo muito, porque pelo que eu vi, as suas análises estão muito melhores do que estavam da ultima vez que cá veio.
- Ai, fico tão contente por ouvir isso, doutora! Tenho tanto medo de que alguma coisa corra mal! - admito, sentindo um leve aperto no coração.
- Oh, então? Pensamentos negativos aqui não existem! Vamos lá, quero ver um espírito mais alegre e positivo. - A médica diz fazendo-me rir. - Ainda por cima com um sorriso tão lindo! Nunca deixe de sorrir. O papá tem muita sorte.
Fico sem reação ao ouvir aquilo. Não sei se choro ou se apenas sorrio em sinal de boa educação. Mas para minha sorte a médica apercebe-se do meu constrangimento.
- Peço imensa desculpa, menina...
- Oh, não se preocupe! Ele está a passar uma fase complicada na sua vida e por um lado eu percebo a sua reação. - tento justificar a falta do "papá", mesmo sabendo que nada a justifica.
- Sabe, nada justifica um pai ou uma mãe não aceitarem uma criança! Se a fizeram, têm de arcar com as consequências! E um filho é uma benção.
- Oh, não tenha dúvidas que para ele foi! Mas apenas não o meu. - digo deixando a médica boquiaberta.
- Sabe que se precisar de alguma coisa, estamos todos aqui para a ouvir. - ela sorri-me.
- Sei sim, muito obrigada. - retribuo-lhe o sorriso. - Doutora, eu gostava apenas de lhe fazer outra pergunta, se pudesse ser...
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Re(encontra-me)
Hayran Kurgu2 anos, 2 anos se passaram desde que o meu grande amor escapou-me por entre os dedos. 2 anos se passaram desde que o vi entrar naquele maldito avião e se ir embora, sem nunca mais dar notícias. Sequela da fic "Encontra-me | C.H."