Capítulo 37 - Mia

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- Tenho tantas saudades tuas, princesa. - Luke diz através do ecrã do computador.

- Também eu Luke. Queria tanto estar aí teu lado. - faço beicinho.

- Eu pensei em ir aí, mas sabes que com a tour agora é complicado. Mas nós iremos aí daqui a uns meses.

- Uns meses é muito tempo, e o meu bebé já está a ficar tão grande. - digo mostrando-lhe ainda a minha pequena barriga com 2 meses e meio.

- Não te esqueças de lhe falar do tio Luke, Mia. Ele tem de gostar imenso de mim.

- Falo em ti todos os dias. - sorrio e vejo Luke sorrir também.

Caramba! Como sinto falta daquele ser de olhos azuis.

A conversa com Luke é interrompida quando ouço uma voz não desejada. Caroline.

- Luke, estamos à tua espera! - ela fala com a sua voz esganiçada. - A Jade odeia esperar, tu sabes. - Ouço a porta bater e a voz de Caroline some.

- Hm... Jade? - pergunto curiosa.

- Oh! - Luke fica automaticamente corado. - É uma amiga da Caroline, vamos sair a quatro.

- Oh, peço desculpa, então. Se soubesse não te tinha incomodado. - digo com uma ponta de ciúmes.

- Sabes bem que não incomodas nada, Mia. - ele diz.

- Luke, sabes que não necessitas de ser simpático para mim. - falo olhando para o rapaz através do ecrã. - Vá, vai lá ter com a rapariga, ela não gosta de esperar. - Tento imitar a voz esganiçada de Caroline.

Vejo a expressão de Luke mudar, mas não quero ser aquela que sempre atrapalhava a vida dos famosos 5 Seconds of Summer. Apenas quero começar a viver uma vida normal.

- Adeus, Luke. - digo, visto que o mesmo se manteve em silêncio.

- Adeus, Mia.

Desligo a chamada, sem dar tempo a Luke de dizer mais alguma coisa. Eu sentia a falta dele, dos seus abraços, do seu apoio, das suas palavras. Eu sentia falta da presença dele, do seu cheiro, dos seus olhos azuis. E vendo agora, Luke sair com uma amiga de Caroline num encontro a quatro com Calum e Caroline, talvez me magoasse. Imenso.

Fecho o meu computador e vou pousá-lo em cima da minha secretária. Deitando-me de seguida na cama.

Estes dias têm sido uma aberração, não consigo fazer nada. E não é porque não posso, mas sim porque não me deixam. Tenho ficado sempre por aqui, fechada em casa e recebendo visitas de vez em quando. Já todos os meus amigos sabem o que se passou, incluíndo Diogo, que apesar de tudo vem cá me visitar todos os dias. Sei que ele começou a sair com uma nova rapariga e que se estão a dar bem e fico muito feliz por isso, por ele. Porque um rapaz como Diogo, merecia alguém que o respeitasse e amasse de verdade. Alguém que aos 18 anos não estivesse grávida de uma pessoa que nem sequer lhe ligou uma única vez a perguntar se estava tudo bem.

O meu telemóvel vibra seguidamente em cima da cama e eu pego nele, vendo um monte de notificações do twitter. Do Calum.

"Saindo com as melhores pessoas. (Foto de Calum, Caroline, Luke e uma rapariga, que calculo ser Jade.)"

"Os meus bebés. (Foto de Caroline a mostrar a sua pequena barriga)."

Deixo uma lágrima cair ao ver este tweet e sei que ele não irá ver, mas coloco lá um favorito. Eu queria que Calum soubesse que eu ainda estou aqui, grávida dele e a chorar pelos cantos porque a minha vida tornou-se monótoma. Horrivelmente monótoma. Tudo graças a ele.

Agora sei que ter fugido de Los Angeles não foi a melhor solução de todas. Desde que eu parti que as fãs de Calum me têm seguido mais. Algumas portuguesas já me chegaram a abordar na rua e tudo. Sei que têm andado a circular fotos de mim e do Calum no aeroporto. De quando Calum chorou e eu beijei as suas lágrimas. Sei que já saiu em imensas revistas que Calum passou mais de uma hora no aeroporto depois de eu ter partido e que Calum andara a trair Caroline comigo.

Calum nunca se manifestara sobre nada. Mesmo quando o abordavam em entrevistas. E por isso eu também ficava aqui no meu canto, calada.

Abro novamente o twitter e decido twittar alguma coisa.

"@miadm: Por vezes as nossas escolhas não são as melhores, mas chega a um ponto que já não dá para remendar, apenas aceitar e seguir em frente."

Logo uma chuva de respostas ao meu tweet bloqueiam o meu telemóvel. Começo a ler as coisas que me mandam, mas de todas apenas uma me chama a atenção.

"@miadm indireta para o Calum?" - decido favoritar o seu tweet e responder à rapariga. "@miadm: falando de mim própria."

Bloqueio o telemóvel e deixo-me estar quieta por algum tempo. Porque é que as pessoas sempre ligavam tudo ao Calum? Porque é que mesmo eu estando aqui, aquele nome me persegue?

Decido sair de casa. Visto umas calças jeans e a camisola do Calum, que me fica um pouco larga e esconde demasiado bem a barriga. Calço umas sapatilhas e saio de casa trancando a porta. Começo a caminhar, percorrendo o caminho habitual de à dois anos atrás. Ao tempo que não passava por aqui, mas ainda assim, me lembrava do caminho, de cada pormenor, detalhe. Vou direta até ao pequeno parque do costume. O sítio que eu deixei de vir, desde que Calum partira. O sítio que eu vía como um local aterrorizador. Apenas porque aquele local ficou nosso. Meu e do Calum. O local onde nos beijamos pela primeira vez.

Sento-me no banco onde tudo aconteceu. Como sentia saudades desse dia. A nostalgia desse tempo, voltava como se o meu coração quase que obrigasse o tempo a voltar atrás, a voltar para o momento em que Calum me beijara. Me beijara com paixão. E eu desejava eternamente parar o tempo nesse momento. No momento em que eu estava a seu lado, no momento em que os nossos corpos estavam ligados, tocavam-se. Mas estando aqui, sozinha, esse desejo não passava de um mero desejo. Enquanto eu estava aqui, com um bebé na barriga a lamentar-me por um futuro falhado. Por um amor falhado. Calum estaria a divertir-se juntamente com a rapariga que não vê mais nada nele a não ser uma enorme caixa de multibanco.

- Mia... - a voz feminina de Clare soa por trás de mim e eu levanto-me para a abraçar.

- Não aguento mais Clare, não consigo ver aquelas coisas todas. - choro no ombro da minha amiga.

- Não podes ficar assim por causa dele, Mia. - ela aperta-me com toda a força que tem, numa tentativa de consolo.

- É impossível, sabes? - afasto-me dela e sento-me novamente no banco. - Parece que ele faz de propósito. Parece que ele me quer magoar.

- Mia, a decisão dele foi errada. Ele foi um parvo contigo, mas eu sei que a última coisa que o Calum faria era magoar-te de propósito. Por muito que ele quisesse, ele não o iria fazer.

- Só desejava que nada disto tivesse acontecido. Só desejava por uma vez na vida ser feliz. Não pedia mais.

- Tu vais ser feliz, amiga. Vais ver que sim. - Clare olha para mim e sorri, já sentada a meu lado.

Observo mais uma vez tudo à minha volta. Tudo continuava o mesmo, nada mudara. Toda a paz se encontrava aqui, mas todas as recordações também. E eu sabia que estar aqui, para além de matar saudades, trazia ainda mais uma carrada delas. Eu sabia que estar aqui era um erro. Mas eu sabia que para além do meu filho e desta camisola que eu tinha vestida, este era o único local onde eu podia recordar Calum, tirando a minha casa claro. Este era o local onde tudo começou. À dois anos, eu estava a ter o dia mais feliz da minha vida. Sim, eu estava. Hoje, eu estou aqui, com Clare, chorando porque esse dia acabou, porque esse dia nunca mais poderá voltar. Porque Calum saíra permanentemente da minha vida.

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Hey hey hey

Espero que a história não esteja a ficar muito nhé e que não vos esteja a desiludir :/

Próximo capítulo: cabeça do Calum xD

Boas leituras, e beijocas a todos ♥♥

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora