Capítulo 22 - Mia

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Despeço-me do Diogo, com um simples adeus e um beijo na bochecha.
Vejo os seus olhos vermelhos e inchados de ter estado a chorar e o meu coração parte-se aos poucos. Custava-me vê-lo naquele estado.

Tivesses pensado antes de fazeres porcaria! - o meu subconciente chama-me à razão.

Vejo-o ajudar o taxista a colocar a sua mala dentro do taxi, e quando pensava que este iria entrar no mesmo, ele vem até a mim.

- Mia, eu não vou desistir. - vejo os seus olhos de dor.

- Diogo, não vale a pena. Eu não vou voltar atrás na minha decisão. - apesar de me custar, acabo por lhe dizer. - O que está feito, está feito. Nós, acabou mesmo.

- Não digas isso! Eu ainda acredito em nós, eu acredito que um dia te vais arrepender desta tua decisão. - ele diz com todas as certezas.

- Já te pedi para parares, não tornes as coisas mais complicadas.

- Mia, eu amo-te e isso não é nada complicado. Mia... - ele diz hesitante. - Volta comigo para Portugal...

- Desculpa...- digo dando-lhe um beijo na bochecha e dirigindo-me até à entrada do apartamento.

Paro por 5 segundos e olho para trás, vendo o Diogo ainda me encarando, mas logo ele se vira e entra dentro do taxi, seguindo assim com a sua vida. Indo para o seu país, para o nosso país, para a sua casa, e provávelmente indo encontrar a sua verdadeira felicidade, a rapariga que merece o sorriso dele.

Não chego a entrar no prédio, eu não podia ir para casa agora. Eu não queria estar sozinha. Retiro o meu telemóvel do bolso das calças pretas que vestia e decido ligar ao Michael, que atende de seguida.

- Olá, bebé. - ouço o seu riso agradável.

- Olá, Michael... - digo tentando segurar as lágrimas.

- Mia? Mia, está tudo bem? - ele pergunta.

- Sim, ah... Podemos estar juntos? Eu... Eu preciso de falar contigo... Preciso dos teus otimos concelhos de melhor amigo.

- Claro... Eu estou no starbucks com os rapazes, anda aqui ter e vamos dar uma volta depois.

Concordo com ele, desligando o telemóvel e começando a minha pequena caminhada até ao local onde o meu melhor amigo se encontrava.

Pergunto-me o porquê de a minha vida ter mudado imenso, desde que conheci o Calum, desde que o voltei a encontrar. O porquê de ele ter o dom de colocar a minha vida de pernas para o ar, de sempre fazer com que tudo corra mal. Ou pelo menos, pareça.

Digo, eu tenho apenas 18 anos, e já estou apaixonada perdidamente por ele, desde os meus 16. Tenho apenas 18 anos, e apenas me envolvi sexualmente com o Calum. 2 vezes. Tenho apenas 18 anos, e já estou à espera de um filho dele. E agora pergunto-me, onde é que a minha vida era perfeira? Oh, não era! Eu vim para Los Angeles para tentar encontrar paz, para seguir a minha carreira, aquilo que eu sempre sonhei ser. Fotógrafa. E logo à primeira oportunidade, eu volto a estragar tudo, desta vez com uma gravidez.

Como é que é suposto eu contar ao Calum agora? Será que ele vai perceber e aceitar este filho? Será que ele vai ficar comigo? Porque, tudo o que eu mais queria era o Calum do meu lado. E por muito que me custe admitir, devido a tudo o que passei por causa do mesmo, eu amo-o. Amo o Calum como nunca amei ninguém. E eu não quero desistir dele, eu não quero desistir do nosso filho, ou filha. Eu quero ser egoísta ao ponto, de querer demais esta criança pois ela liga-me ao Calum. Claro, que a quero, porque ela é minha, e eu amo-a desde o primeiro segundo que ela se formou. Mesmo não sabendo da sua existência, eu já a amava. Porque foi assim que ela foi feita. Numa noite de amor. Amor para dar e vender. Esta criança já tinha o meu coração. Já me pertencia mais que qualquer coisa, já significava para mim, tudo aquilo que não consigo descrever, porque eu nutria por ela todos os sentimentos mais lindos do mundo. E sim, agora compreendo o sentimento de mãe, aquele sentimento inconfundível, aquele sentimento único de saber que uma pessoa se está a gerar dentro de ti, de saberes que vais dar ao mundo, um pedaço teu e da pessoa que amas.

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora