Capítulo 47 - Mia

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Deito-me na cama já a soluçar. Eu esperei cinco meses por este momento e agora que o tive, eu não fui capaz de voltar a correr para os seus braços.

Eu amava o Calum, mais que qualquer coisa. Mas tudo isto pelo que tenho passado nestes últimos meses tem sido realmente demasiado para mim. Eu não digo que a culpa toda é dele, porque não é. Mas se ele tivesse estado a meu lado desde o início, isto não teria acontecido. E provávelmente eu não teria agora de estar sempre em casa no repouso.

Depois que Caroline me atacou, as coisas têm vindo a melhorar. O meu bebé tem proguedido e amanhã iria ver como ele estava novamente. Tenho feito imenso cuidado e tenho estado sempre alerta. E por isso é que tenho medo de voltar para ele. Porque assim de um momento para o outro ele quer-me de volta. E eu não posso apanhar outra desilusão. Eu tenho de ter cuidado com o meu bebé. Assim como também, voltar para ele seria suicídio total. Caroline fez o que fez quando eu não estava com Calum, nem queria imaginar se ela me visse novamente com ele. Eu não poderia arriscar. Eu não poderia arriscar a vida desta criança.

Fecho os olhos e tento dormir, mas o sono decide não pegar. As memórias começam a entrar pela minha cabeça e eu começo a sentir-me nostalgica a olhar para o vazio do meu quarto. Eu estava a fazer o correto. A minha decisão era a coisa mais acertada a se fazer. Eu sabia que sim. Eu teria de ter a certeza que sim.

De repente sinto a pestinha movimentar-se dentro de mim e dar-me um pontapé com força.

Reclamo deixando escapar um 'Ah' um pouco alto.

- Tens de aprender a controlar-te. Magoas a mamã assim! - falo acariciando a barriga.

Ouço a porta do meu quarto abrir de repente, assustando-me. Calum corre até mim.

- Eu ouvi, está tudo bem? - Ele ajoelha-se no chão.

- Calum, não podes entrar assim no meu quarto. - reclamo com ele, que ignora totalmente.

- Está tudo bem, Mia?

- Está sim, só acabei de receber um belo pontapé.

- Ah? - Calum faz cara de confuso e coloca-se a olhar para o quarto todo.

- Do bebé, seu idiota. - Calum volta a olhar para mim e eu rio-me, dando-lhe uma chapada na testa.

- Ei! - ele reclama. - Ele já parou?

- Ainda se está a mexer... - encolho-me um pouco. - Queres sentir?

Ele acena que sim com a cabeça e aproxima a sua mão da minha barriga. Mas vejo que ele fica com medo de a pousar.

- Calum?

- Não toques na minha barriga. - ele murmura.

Eu entendo logo e agarro a sua mão. Calum olha para mim e eu encaro-o, conduzindo a sua mão até à minha barriga e pousando-a. Calum logo se começa a rir. E o bebé começa a mexer-se ainda mais.

- Oh, parece que alguém está demasiado contente. - coloco a minha mão ao lado da do Calum para poder sentir também. Adorava todas as vezes em que isto acontecia. Era uma coisa única.

Quando olho para Calum, o mesmo está com lágrimas nos olhos e eu sorrio ao vê-lo assim. Ele olha para mim e dá um sorriso de orelha a orelha.

- Isto é... A coisa mais linda de sempre. - Calum levanta-se e atira-se para o outro lado da minha cama, continuando com a mão na minha barriga e aproxima-se dela. - Posso? - Eu aceno que sim. - Hey... - Ele fala para a barriga. - O papá agora está aqui.

Sinto um pontapé bastante forte, como se o meu filho se mostrasse contente por ouvir aquilo. Como se ele conseguisse compreender quem era.

- Ele está contente por o papá estar aqui. - Digo olhando seriamente para Calum. - Olha... Amanhã... Eu tenho, uma consulta... E... Queres ir?

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