Capítulo 52 - Mia

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Caminho sem saber ao certo para onde devo ir. Calum continua a não atender o telefone e já está a escurecer muito. Estou preocupada porque isto apenas aconteceu por minha culpa.

Por onde quer que eu passe, recordações vêm até mim. Recordações de quando eu passava por todas estas ruas e conseguia sorrir, de quando eu olhava para o lado e encontrava-o ali, a meu lado, sempre atrás de mim, a proteger-me. Agora perdi-o. Não perdi-o porque quis, apenas porque o destino não quis ser misericordioso connosco. Agora olho para o lado e tudo o que encontro é aquele vazio que já não sai de mim à dois anos. Desde que ele partiu. Desde que ele me obrigou a seguir uma vida que eu não queria.

Eu sonhava que um dia ele iria aparecer, que um dia iriamos ser novamente inseparáveis. Que iriamos casar, comprar uma casa pequena, só nossa, e ter as nossas pequenas pestes. Mas apenas a última coisa aconteceu. E as coisas entre nós não estavam bem, não iriam ficar bem. Eu queria-o, eu queria fazer Calum feliz, mas eu não podia. Eu não podia arriscar mais nada. Depois do susto de Caroline, que eu não podia mais me permitir ser feliz, não perto do Calum. E deixar Calum assumir a paternidade da nossa filha, já foi algo provavelmente arriscado, porque com uma maluca daquelas, nunca se sabe o que te espera.

Sei que eu devia ter ido logo à Polícia, denunciá-la. E eu queria fazê-lo, apenas não tinha coragem. Eu não queria que as pessoas me odiassem ainda mais. Eu não queria ser a coitadinha da história. Eu estava farta de ser a coitadinha, de chorar, de me magoar. Estava farta que os outros sentissem pena de mim. Eu apenas queria ser alguém forte, que supera as coisas.

O meu corpo puxa-me e vejo-me a caminhar na estrada que me levava até ao parque. Eu não sabia porque, mas sempre que aqui vinha, coisas aconteciam. Como se este parque decidisse tudo o que acontecia à minha volta. Mas felizmente era o único local onde eu encontrava paz, onde eu podia respirar, sentir-me livre. E pelos vistos, Calum também.

Caminho lentamente até ao banco, onde o avisto deitado. Ele não dá pela minha presença e eu sento-me discretamente numa parte do banco livre e fico calada por algum tempo, enquanto ele se encontra de olhos fechados.

- Não devias estar aqui sozinho. - Calum abre os olhos de repente, sentando-se de imediato no banco. - Assustei-te?

Calum encara-me, sem me responder. Vejo os seus olhos vermelhos e um nó no meu estômago, forma-se automaticamente.

- Calum, desculpa.

- Tu não devias estar aqui sozinha a estas horas. - ele balbucia.

- Eu não estou sozinha. Estou contigo. - aproximo-me dele. - E tu prometeste-me que nada me faria mal enquanto estivesses a meu lado.

- Mia...

- Calum, perdoa-me por favor.

- Porque não me contas-te? Porquê? - uma lágrima escorre por a minha cara.

- Não existe nada entre mim e ele, Calum. Aquilo não deveria ter acontecido. Eu não goste dele, não dessa forma.

- Não foi o que pareceu, Mia.

- Calum, por favor, devias ter ouvido o Luke. - Calum abana a cabeça negativamente. - Aquilo não significou nada.

- Para ti não, Mia. Porque para ti nunca nada significa nada. E para ele? E para mim? Pensas-te em nós quando fizeste aquilo?

- Calum... - choro desesperadamente. Ele tinha razão, eu era egoísta.

- Eu posso te ter magoado imenso, Mia. Mas nunca penses que tu também nunca me magoas-te. Eu tinha o direito de saber, eu tinha o direito como pai.

- Mas Calum, eu não tenho nada com Luke.

- Eu não estou a falar do Luke! EU NÃO QUERO SABER DISSO PARA NADA MIA. - Calum levanta a voz. - Eu estou a falar de Caroline. Do teu incidente. EU TINHA O DIREITO DE TER SIDO INFORMADO.

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