Abro os olhos lentamente e a imagem do meu quarto logo aparece.
Levanto-me com toda a calma do mundo, e sento-me na pontinha da cama. Olho para trás, e relembro-me do que aconteceu ontem. Eu queria que as coisas podessem ser fáceis. Eu queria poder dizer a Calum que o aceitava de braços abertos e que queria ficar a seu lado para sempre. Mas eu não mando no futuro. Existiam muitos se nãos entre nós e eu não queria arriscar. Eu tinha medo e eu tinha novas obrigações. Daqui a 4 meses algo mágico ía acontecer e eu não podia arriscar isso agora.Abro a porta do meu armário, tirando um vestido branco largo. Hoje era dia de consulta por isso queria ir um pouco mais arranjada. Como se isso sempre me desse uma auto-estima maior. Eu sentia-me mal por ter engravidado tão nova. Eu sentia-me mal ao ver as minhas amigas com um futuro pela frente e eu estava presa. Mas foi um erro que agora eu não me arrependia. Ao olhar para a minha barriga eu não me conseguia preocupar com mais nada a não ser com o ser que crescia dentro de mim.
Saio do meu quarto ainda em pijama e vou em direção à casa de banho, entrando na banheira e tomando um duche rapidamente. Visto a minha roupa interior num rápido, seguido do vestido e decido tratar do meu cabelo. Como sempre estico o mesmo, deixando ele mostrar a totalidade do seu comprimento. Olho-me ao espelho e sorrio. Eu não poderia ficar triste. Eu sabia que esta era a minha vida a partir de agora. Eu tinha de aceitar as consequências dos meus atos.
Saio da casa de banho, depois de deixar tudo em ordem e começo a caminhar em direção ao meu quarto, mas acabo por parar no quarto anterior. Abro a porta calmamente e entro lá dentro. Olho para o quarto quase finalizado. Aquilo dava-me realmente um orgulho enorme.
- Vês meu amor, a mamã está a tratar de tudo, para que quando saires daí, teres tudo de melhor. - Falo para minha barriga. - E então, pronto para veres a reação da mamã quando descobrir de que sexo és? Não me dês uma bola hoje, ah? - Rio-me, sabendo que ele não iria responder, mas ainda assim, eu gostava de falar com a minha barriga, com o meu filho.
- Eu acho que ele está mais que pronto e vai cooperar.- A voz rouca de Calum soa atrás de mim e o meu coração palpita com toda a força.
- Calum... - digo, virando-me para trás e encontrando um Calum, apenas de calções.
Involuntáriamente, o meu olhar percorre o seu corpo todo e uma vontade de chegar à sua beira e de o beijar, de o agarrar e de ficar com ele para sempre, nasce em mim. Mas felizmente, a minha cabeça ainda estava no sítio e nada do que eu queria fazer, eu fiz. Apenas o fiquei a olhar.
- Bom dia! - Ele dá-me o seu melhor sorriso. Aquele sorriso que eu sempre achei perfeito.
Calum aproxima-se de mim, deixando-me sem reação. O seu corpo estava a pequenos centímetros do meu e eu sentia cada vez o meu coração a bater mais forte.
Calum olha para mim de alto a baixo e ri-se. - Estás linda!
Bufo. - Dizes isso para me fazeres sentir melhor. Eu estou gorda e inchada.
- Continuas linda. - Ele sorri. - E aposto que o nosso bebé pensa o mesmo, não é? - Calum coloca a sua mão na minha barriga e automaticamente, eu recebo um pontapé do meu filho, como se ele estivesse a responder ao pai. Como se ele só reagisse quando Calum falasse com ele. Como se ele soubesse que a família dele, estava reúnida.
Olho para Calum e rio-me involuntáriamente.
- Que foi? - Ele olha agora sério para mim.
- Nada... Apenas acho que isto é tudo muito surreal. - Falo e Calum encolhe os ombros.
- Mia, acredita em mim quando te digo que acredito em ti. Nada me faz sentir pior do que ter sido cego durante este tempo todo. Quando Diogo me contou que o filho não era dele com todas as certezas, eu apenas tive uma enorme vontade de me bater a mim próprio. - Ele olha para mim, encarando-me e eu vejo nos seus olhos arrependimento, sinceridade. - Já à algum tempo que me tinha começado a questionar "E se ele for mesmo meu?" "E se Mia não me mentiu?" . Depois do que Caroline me fez, eu tive medo de tudo, e continuei a pensar "oh, provavelmente Mia está a fazer o mesmo.", mas vocês são tão diferentes. E só aí é que me apercebi. Talvez ela estivesse confusa. Talvez exista mesmo uma posssíbilidade do filho ser meu. E quando os rapazes diziam teu filho, eu já não me importava, porque eu sabia que existia essa possíbilidade. E Mia, agora que eu sei que ele é mesmo meu, eu não posso perder isto. Eu não posso perder nada que se relacione com ele. Não mais. Eu perdi cinco meses da sua gestação. Eu não quero perder mais. Eu não quero perder o nascimento. Quero poder ajudar-te a escolher um nome. Quero poder batizar a nossa criança. Quero participar no seu primeiro aniversário, vê-lo dar os seus primeiros passos e ouvir a sua primeira palavra.
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Re(encontra-me)
Fiksi Penggemar2 anos, 2 anos se passaram desde que o meu grande amor escapou-me por entre os dedos. 2 anos se passaram desde que o vi entrar naquele maldito avião e se ir embora, sem nunca mais dar notícias. Sequela da fic "Encontra-me | C.H."