Capítulo 7 - Calum

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Primeiro concerto depois das nossas pequenas férias. Entramos em palco e felizmente não me sinto tão nervoso como costume. Tenho a certeza que hoje algo de bom irá acontecer. Cantamos a primeira música e as nossas fãs acompanharam-nos, mas logo o Michael começa a falar.

O meu olhar percorre toda a plateia à minha frente, tornou-se um vício procurar caras conhecidas ali no meio. Fico triste por ver que ninguém se encontra lá e refiro-me com isso à minha namorada. Ela sempre promete que vem e nunca aparece. Nunca me apoia com a banda, nunca. Mas o meu sorriso só se desvanece quando o Michael olha muito sério para uma rapariga à beira dos seguranças e diz o nome "Mia". Sinto um arrepio quando ouço esse nome e logo olho para o local onde ela se encontra. Reparo que esta está sem jeito e fica ainda mais quando o Michael a obriga a subir ao palco e a cantar uma música.

De todas as pessoas do mundo, ela era a última que eu pensara encontrar em um dos meus concertos. Mas aqui estava ela, longe do seu país, em cima do palco onde eu estou a tocar com a minha banda.

Não era assim que eu imagina reencontrá-la, de qualquer das formas eu nem pretendia voltar a vê-la, pois ela vivia quase do outro lado do mundo.

A Mia começa a cantar, obrigada pelo Michael e as fãs ficam contentes e começam a gritar. Mas a Mia, está a tremer por todos os lados. Ela encara-me, mas logo desvia o olhar e eu sinto um medo que lhe possa dar alguma coisa. Ela está completamente nervosa e eu sei disso. Eu conheço-a.

Começo a caminhar na sua direção, sinto nessidade de ir até ela, mas paro quando ela me volta a encarar. Sinto que ela está a cantar sobre si, sobre mim. E sem saber o porquê, isso deixou-me em baixo.

Quando o concerto acabou, entro numa das salas e sento-me num sofá que lá tem e logo sou acompanhado pelos meus três companheiros.

"Calum..." o Michael chama-me.

"Não. Porque é que fizes-te isso?"

"Porque de todas as pessoas eu sou a única que ainda acredito em vocês. Não, em vocês não. Nos vossos corações."

"Michael, eu já te disse que não a amo, não insistas..."

"Se não a amas porque essa reação?" ele pergunta levantando-se.

"Porque..." as palavras faltam-me e um sorriso aparece na cara dele. "Eu posso não amá-la, mas tu não viste no estado em que ela estava?"

"Tens razão, Calum. Eu não devia ter feito aquilo. Mas já que tu não gostas dela, podes pelo menos tenta fazer uma amizade com ela. Depois de tudo o que ela passou por ti ela merece isso da tua parte."

Olho-o muito sério, mas este apressa-se a sair e nós vamos todos atrás dele. Quando demos fé com quem ele foi ter, eu deixei-me ficar para trás. O meu amor de Verão estava mesmo aqui. A única rapariga que me apoiou sempre com a banda estava num dos meus concertos. O Michael abraça-a de uma forma estranha, o que faria qualquer pessoa pensar que eles provavelmente eram namorados. Mas eu sei que a Mia namora e o Michael ainda reza para que eu e a Mia fiquemos juntos.

Passaram dois anos desde a última vez que a vi ao vivo e tenho a dizer que o meu amor de verão mudou, mudou bastante.

Fomo-nos embora depois do Michael quase colocar a Mia a chorar e de o Paul a ter levado embora. Eu fui para o hotel, e quando entro no meu quarto atiro-me para cima da cama. Fico a pensar no que o Michael disse, eu já não amo a Mia, mas porque não poderemos ser amigos? Apesar de tudo passei ótimos momentos com ela. Pego no meu telemóvel e um pouco receoso envio uma mensagem ao Paul a perguntar pela Mia e este diz-me que a deixou no café aqui ao lado.

Sem pensar pego rapidamente em um casaco e saio do hotel. Sei que me vou arrepender disto, sei que ela me odeia, e que provavelmente vai começar a chorar. Mas acredito que vá ficar tudo bem, acredito que ela me vai ouvir e até poderá perceber o meu lado.

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora