Re(encontra-me)

Capítulo 14 - Calum/Mia

Calum

Acordo no dia seguinte com a Mia completamente agarrada a mim. Um sorriso escapa-me pelos lábios, lembrando-me do que aconteceu ontem. Não fizemos nada de mais, mas adormecer a seu lado enquanto cantava para ela e vê-la adormecer agarrada a mim, era mil vezes melhor que qualquer outro tipo de coisa. Neste momento, sim. Eu senti-me completo.

Com o máximo cuidado possível, consegui que a Mia se virasse para o outro lado, deixando-me livre para sair da cama. Peguei no seu telemóvel, que felizmente não tinha código e comeceu a digitar o meu numero para poder dar um toque, queria ter a certeza se o número ainda era o mesmo. À medida que ía digitando o meu número, o meu contacto apareceu, apenas com um coração partido. Nada de nome, só um emoji de um coração partido.

Talvez, isto tenha sido um erro. A nossa aproximação não deveria ter acontecido. Eu magoei-a uma vez e eu não quero que isso aconteça. Eu não quero voltar a magoá-la.

Visto a minha roupa rapidamente, e saio de casa da Mia. Tento passar o máximo despercebido, mas algumas pessoas conseguem reconhecer-me, como natural. Quando chego ao hotel, passado algum tempo, subo até ao meu quarto e depois de um bom banho, troco de roupa.

Saio do quarto e vou até ao do Michael. Bato uma vez na porta. Bato duas vezes na porta. Bato três vezes. E como se diz, à terceira é de vez.

"Calum... O que estás a fazer aqui tão cedo?" o Michael diz com ar sonolento após abrir a porta e ver que sou eu quem me encontro lá.

"Cedo? Falta uma hora para o meio dia." eu digo entrando no quarto dele e abro as janelas para que um pouco de claridade possa entrar para aquele quarto escuro. "Está um dia bonito lá fora" coloco-me a olhar através da janela.

"Cal, tudo bem? Estás estranho." o Michael volta a deitar-se na cama, mas o seu olhar é direcionado a mim.

"Não. Não está tudo bem." eu aproximo-me dele e sento-me na cama.

"O que se passa? Queres falar?" ele levanta-se e acaba por apenas se sentar também, escutando tudo o que lhe conto. Desde o dia em que encontrei a Mia na BModels e a agarrei, até a esta manhã e ele apenas me escutou atentamente.

"E-Eu... Eu não sei o que fazer, eu não a posso magoar outra vez, entendes? E depois tem a Carol, eu nem a palavra lhe tenho conseguido dirigir desde que a Mia descobriu que ela era minha namorada."

"Calum, tu ainda gostas da Mia." ele disse aquilo com toda a certeza do mundo e um sorriso escapou-lhe.

"Isso não importa. Se gosto, ou não gosto, eu vou-me afastar da Mia. Eu não posso correr o risco de a magoar. E eu sei que o vou fazer. É só isso que eu sei fazer. Magoar as pessoas."

Mia

Abri os olhos lentamente, e sorri feita parva. Sentia-me tão bem comigo mesma.

Viro-me para o outro lado da cama e encontro-o vazio. Olho para o chão, para a cadeira e nada de roupa do Calum. Levanto-me rapidamente da cama e corro o meu apartamento todo.

"Calum?" grito, mas não recebo resposta nenhuma.

Ele foi embora.

Ele foi embora e nem me avisou.

Volto a enfiar-me na cama e uma lágrima escapa-me dos olhos. Porque é que eu sou tão burra? Como é que eu ainda fui capaz de pensar que talvez os sentimentos dele por mim ainda não tivessem desaparecido? Ele devia estar provavelmente nos braços da sua querida namorada e eu aqui a chorar. Limpo a lágrima caída e levanto-me num impulso quando olho para o relógio e vejo que falta pouco tempo para o meu trabalho, bolas a merda do despertador não tocou porquê?