Capítulo 19 - Mia

457 36 4
                                    

Sento-me num banco aqui ao lado do hospital e tento-me abstrair do mundo.

A minha vida não podia piorar a cada momento, eu não estava bem, eu sabia que não estava bem, e o médico acabara de me confirmar os meus verdadeiros problemas.

Neste momento, sinto o meu mundo cair, o que iria fazer agora? Eu estava perdida, totalmente sem rumo. Eu precisava de alguém a meu lado e de momento, a única pessoa que eu precisava era dele. Do rapaz que destruiu a minha vida, mas também do rapaz que mais alegria trouxe à mesma.

Eu estava feliz, mas assustada e triste ao mesmo tempo. Oh, e bastante desiludida comigo mesmo, como é que eu fui deixar estes problemas aparecerem? Como pude deixar a minha vida tomar este rumo?

Pego no telemóvel e marco o número do Calum, ligando-lhe. Mas o número está ocupado. Boa, esqueci-me do promenor que ele deixou de falar comigo.

Levanto-me então do banco onde estava sentada e começo a caminhar até à estação de metro. Sinto uma pontada de fome, e acabo por entrar dentro de um café antes de chegar à estação.

Peço um bolo para comer e quando a senhora chega à minha beira e me entrega o bolo, eu observo-o atentamente e lembro-me rapidamente daquele dia, do meu primeiro dia de aulas, à dois anos atrás, onde eu e o Calum estavamos num café e eu comia bolos iguais a este. Nessa maré, eu não parava de comer quando estava chateada e lembro-me de nesse dia estar chateada com a Clare.

Rio-me com as lembranças.

Lembro-me como esse dia foi horrível e agradável. Horrível, porque nesse dia o Calum contou-me que a ex estava grávida dele. Fiquei completamente arrasada, eu era uma miuda, eu não sabia como lidar com isso. E provavelmente também não o iria saber lidar agora, ainda não sou velha o suficiente, a sorte é que tudo não passou de uma mentira. Senti-me uma inútil nessa altura e a única parte agradável desse dia, foi ter conhecido a pessoa que hoje é um dos meus maiores suportes, o Diogo.

Eu podia simplesmente ir ter com ele agora, abraçá-lo e chorar nos seus braços. Mas aí, eu estaria a trair o Diogo, ainda mais do que já o trai. Ele não merecia esse despreso de minha parte depois de tantas coisas que fez por mim, ele não merecia viver no meio de uma mentira. Eu não podia esconder mais nada a ninguém, e portanto, só existia uma solução para toda a gente. A verdade.

Tanto o Diogo e o Calum, mereciam a verdade.

Pego no telemóvel e mando uma mensagem ao Calum, a pedir para se encontrar comigo na agência, pois preciso falar urgentemente com ele. Fico à espera de resposta, mas como sempre, não obtenho nenhuma. Só me resta rezar para que ele apareça.

Levanto-me então da mesa depois de acabar de comer e de pagar o bolo e saio do café, apanhando o metro de seguida e dirijo-me à agência.

Quando entro na mesma, vou até à receção.

- Li, o Calum está por aqui? - ela franziu as sobrancelhas.

- Não, não o vi entrar.

- Ok, obrigada. - digo começando a caminhar.

- Hey, Mia! - a voz da Lia chama a minha atenção. - Como correu a consulta? Está tudo bem?

- Mais o menos... - eu até lhe podia contar o que o médico me dissera, mas eu tinha medo de ser julgada. - Eu... Depois falamos, tudo bem?

A Lia acente com a cabeça e logo dirijo-me até à minha sala. Mas, antes de eu chegar à mesma sinto uma nova tontura e acabo por me sentar num dos bancos do corredor.

Eu acabei de comer, mas que porcaria? - O meu subconsciente reclama.

Acabo por me levantar e ir a correr até à casa de banho. Boa. Mais uma vez, os vómitos voltam.

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora