Saio do hospital numa cadeira de rodas, acompanhada por uma enfermeira que empurrava a cadeira, e com a minha mãe.
Apoio-me à minha mãe, quando me levanto e ela agarra-me, colocando o seu braço a rodear todo o meu corpo. A enfermeira decide ajudar também.
Caminho calmamente até ao carro da minha mãe, ainda com imensas dores de cabeça e na barriga.- Se as dores não passarem, volte cá, não se esqueça. - A enfermeira volta a lembrar-me e regressa para dentro.
Entro para dentro do carro com a minha mãe sempre à minha volta, a tentar ajudar-me.
Depois de ela se certificar que eu estava realmente bem, vai até ao lado do condutor e dá inicio à pequena viagem até casa.
Olho através da janela e não consigo pensar em outra coisa se não no meu bebé. Eu podia ter perdido a coisa mais preciosa da minha vida. E tudo por causa de um ciume doentio que aquela psicopata da Caroline tem.
- Filha, quero que fiques em nossa casa. - A minha mãe acaba por falar.
- Mãe, é que nem vamos discutir isso.
- Mas eu não posso deixar que isso aconteça outra vez. - ela fala, referindo-se ao incidente com Caroline.
- Não vai, prometo. Eu irei fazer imenso cuidado a partir de agora, prometo nem sequer sair de casa. - A minha mãe abana a cabeça, mas sei que lá no fundo ela acredita em mim.
O carro para em frente de minha casa e eu saio do carro, mas a minha mãe logo vem a correr ajudando-me.
- Mãe, eu consigo sozinha. - Falo encarando-a.
- De certeza? - abano a cabeça e começo a caminhar em direção a minha casa.
Mal abro a porta, consigo perceber o barulho que lá estava e relembro-me de ter dado uma cópia a Clare, que se encontrava lá juntamente com a Binca e com o Ty. Não demorou muito até que se apercebessem da minha presença e a agitação parasse, fazendo com que eles corressem logo na minha direção.
- Mia, como estás? - Ty pergunta.
- Estou bem, estou bem.
- De certeza? - A voz de Clare é a que soa.
- De certeza! Vocês estão preocupados demais. - bufo, mas rio-me logo a seguir.
- Só não queremos que nada de mal te aconteça a ti e ao bebé. - Bianca murmura.
- Não sejam tão dramáticos, vai tudo ficar bem. O bebé está bem, eu estou bem. - Sorrio, tentando convencer-me a mim mesma.
Sim. Convencer a mim mesma. Porque lá no fundo, eu tinha medo. Eu tinha medo de não aguentar ou de fazer uma asneira enorme e perder tudo. Perder o meu amor. O meu filho. Eu tinha medo de não ser boa o suficiente para conseguir manter este bebé comigo. E se eu o perder, eu juro, eu juro mesmo que a Caroline vai pagar por isto. Por tudo o que me fez até hoje.
- Mia? - Ty chama-me e eu olho imediatamente para ele. - Vais contar ao Calum o que se passou certo?
Sento-me no sofá da sala e encaro o chão. Os meus amigos vêm todos ter comigo e eu fico simplesmente a pensar na pergunta de Ty. Calum deveria saber, mas Calum, não merecia saber.
- Não, Ty. Não irei contar. - murmuro, suspirando de seguida.
- Não estou a dizer isto para o teu mal, mas o Calum deveria mesmo saber, primeiro porque ele é o pai e depois porque foi a Caroline que o fez e quer ele queira quer não, ele está envolvido nesse jogo doentio dela.
- Eu... eu vou pensar. - Digo e encaro agora os meus três amigos que também se encontram a olhar para mim.
Sorrio nervosa. Eu precisava de tirar isto da cabeça durante uns tempos. Eu já não aguentava mais. Como se todos os dias as coisas parecessem piorar para o meu lado. Todos os dias alguma coisa de má acontecia, alguma coisa fazia com que tudo ficasse mal.
E eu estava farta de pensar sempre no mesmo. De pensar que poderia ter uma vida diferente longe de tudo e todos. Porque a realidade dói mais que tudo. Eu nunca iria conseguir ver-me livre de Calum, quando estava prestes a nascer um ser que me ligava a ele. A sua vida ía estar sempre ligada à minha, mesmo que eu já não quisesse. E eu pensei que ao fugir eu ía evitar isso, eu ía deixar Calum para trás e seguir uma vida nova, sem nunca mencionar esse nome. Mas é o que mais tenho feito. Falar de Calum é tudo aquilo que as pessoas acham boa conversa. E apesar de me custar eu falo. Falo porque eu quero deixar de ser fraca. Quero suportar tudo. Quero segurar os meus problemas, sem que eles me desiquilibrem ou até me façam cair. Mas eu sou fraca. Sou, porque depois quando me fecho no quarto, eu choro. As coisas nunca irão ser perfeitas na minha vida. Eu sempre sonhei que eu iria apaixonar-me perdidamente por alguém, que esse alguém nutrisse esse amor por mim também e que um dia, no mais feliz das nossas vidas, nos uniriamos para sempre. E nesse para sempre, as nossas marcas neste mundo fossem feitas. Os nossos filhos.
Mas na minha vida, tudo veio ao contrário. Eu tenho 18 anos, vivo numa casa sozinha, e estou grávida de uma criança, cujo pai é um famoso que nega a criança. Vida fácil, anh? Só que não.- Passam cá a noite? - pergunto ainda encarando-os.
- Adorava imenso, mas acho que vocês merecem um tempo para vocês. - Ty fala, deixando-nos todas a sorrir.
- Por mim, eu fico. - Clare fala.
- E eu também. - Bianca sorri.
Fico mesmo feliz por saber que elas querem estar comigo. Por saber que mesmo eu tendo indo para longe, ter seguido parte da minha vida e ter feito novas amizades, elas ainda acreditavam na nossa amizade. Eu fico feliz por saber que as tenho a meu lado. Por saber que independentemente de tudo, elas sempre iriam estar aqui, quando eu precisasse e não precisasse. Porque de todas as pessoas do mundo, eu tive a sorte de escolher as melhores amigas que poderiam existir para mim. Porque ao contrário, como por exemplo, das amigas da Joanna, rapariga de quem eu sentia imensa falta, as minhas amigas continuavam aqui para mim, mesmo sabendo que eu estava grávida. Que eu teria que parar um tempo da minha vida para me dedicar a esta criança. E o que me deixava muito feliz também, é poder ver o entusiasmo delas sempre que se falava no meu bebé, a ansiedade em que elas ficam só porque estão com vontade de o ver cá fora, de lhe mostrar o mundo real.
E sinceramente, eu estou mil vezes mais. Quero mostrar ao meu filho o que se vive, como se vive. Quero ensinar-lhe diversas coisas e quero que ele aprenda tudo aquilo que eu lhe disser. Quero criar um ser forte, inteligente, capaz de amar e de ter sentimentos. Um ser que não magoa os outros e não pensa apenas no seu bem estar. Quero mostrar à minha criança que as coisas não são fáceis neste mundo, mas se tentarmos de todas as formas, nós conseguimos sempre superar tudo. Porque a força, a insistência é tudo. Porque nós tornamo-nos mais fortes depois de uma queda. E a vida é isso, tu cais, mas no segundo a seguir já estás de pé. Porque isso é que é sobreviver. O que nós fazemos é sobreviver. Mas uns, apenas o fazem mais facilmente do que outros.
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Thoughts.
Espero que gostem, beijocas :*
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Re(encontra-me)
Fanfic2 anos, 2 anos se passaram desde que o meu grande amor escapou-me por entre os dedos. 2 anos se passaram desde que o vi entrar naquele maldito avião e se ir embora, sem nunca mais dar notícias. Sequela da fic "Encontra-me | C.H."