Capítulo 42 - Calum

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Deito-me em cima da cama e tudo o que consigo fazer é chorar.

Ao longo de toda a minha vida sempre tentei fazer as escolhas que eu achava serem as mais corretas, mas no final, eu acabei por magoar todos à minha volta e acabei por sair magoado.

Eu não me importava realmente que Caroline estivesse com outro homem, eu não queria saber disso para nada. Eu amava Mia, sempre amei a Mia. Carolina foi meio que um apoio. Um apoio errado. Eu não gostava dela de verdade, mas desde que ela apareceu na minha vida novamente, a pedir-me desculpas, a dizer que estava arrependida de tudo e que tinha mudado, eu não pensei duas vezes.

Eu tinha acabado com Mia, tinha-a deixado no seu canto, no seu pequeno mundo. Eu não a queria ter deixado, mas eu sabia que ela nunca iria aguentar tanta pressão. E eu sei, eu sei que poderia pelo menos ter tentado, mas eu não conseguiria suportar o facto de ver Mia sofrer por tudo isso, e por isso é que tomei aquela decisão. Porque eu queria que ela fosse feliz. 

Tentei diversas vezes voltar. Quantas e quantas vezes dei por mim com o seu número no meu telefone, perto de carregar no botão de ligar. Mas as coisas eram difíceis, ou pelo menos eu fazia-as difíceis na minha cabeça e então eu nunca o fiz. Nunca lhe liguei, nunca lhe disse o quanto a amava e quanto me arrependia por a ter deixado lá, sozinha. Porque eu queria fazer isso, queria mostrar-lhe o quão importante ela era para mim, mas depois vieram as perguntas. E se ela estivesse bem? E se ela estivesse feliz? E se ela já não me quisesse, já não quisesse saber de mim. Foi quando Caroline apareceu e eu deixei-me levar. Eu não sabia nada sobre Mia, não mais e eu tive tanto medo de ser rejeitado que preferi não arriscar. Foi o maior erro da minha vida. E só hoje eu apercebo-me disso.

Eu tomei as piores decisões que alguém podia ter tomado ao longo de uma vida inteira, em apenas dois anos.

Pego no meu telemóvel e uma vontade enorme de lhe ligar preenche-me. Eu precisava dela, mais do que qualquer coisa neste mundo. Mas eu sei que a magoei, não uma, não duas, mas mais de três vezes. Eu fui um ótario para a única rapariga que me fazia sentir bem. Que me mostrava que eu não precisava de mais nada a não ser do seu sorriso para ser feliz. E mais uma vez, eu não tinha coragem de o fazer.

Abro então a pasta das fotografias. Sorrio ao me lembrar daquele dia. Do dia em que roubei as fotos do computador da Mia. As nossas fotos, muitas das quais eu já nem me lembrava que tínhamos tirado. Passo o dedo sobre o ecrã, mudando de foto a cada segundo e um sorriso aparece-me no rosto quando vejo como nós éramos felizes juntos. Eu morria de saudade desse tempo. Eu morria de saudade de sorrir verdadeiramente, de a fazer sorrir verdadeiramente.

Mas mais uma vez a verdade atinge-me. Eu troquei-a. Eu magoei-a. Eu podia ir atrás dela, da rapariga que provavelmente pode estar grávida de mim. Eu estava magoado com esta falsa gravidez da Caroline, ou melhor, das duas. Eu enganei-me redondamente. E sei que apenas me deixei levar com a cena do vamos ser pais. Tudo era muito surreal, eu admito, mas como não acreditar quando eu tinha evidências de tudo? Porque razão eu não iria acreditar ou dar uma nova chance a Caroline? Nós estávamos juntos, não havia motivo para ela me mentir. A não ser que ela já se tivesse apercebido da minha aproximação com Mia.

E é claro, é claro que eu pensei tudo errado. É claro que foi mais fácil por as culpas na Mia do que na Caroline. Porque eu sou um retardado. Porque eu estava tão cego com o facto de eu ser pai que realmente pensei que Mia estava a fazer de tudo para isso não ser real. Para me magoar, assim como eu a magoei. Mas mais uma vez eu me tinha enganado. Mia não era uma pessoa assim e sinto-me mal por um dia ter pensado isso dela, ter pensado que bolas, ela realmente fosse capaz de uma coisa tão grande quanto essa e agora eu penso, ela tem estado sozinha durante estes dois meses. Ela tem estado apenas por ela, a suportar tudo isto sozinha. E a culpa é minha. Toda minha. A culpa é minha porque eu não fui capaz de assumir os meus sentimentos por ela, porque eu não fui capaz de a ouvir e de lhe dar o beneficio da dúvida. Eu fui um cobarde e eu não merecia esses sentimentos que Luke ainda dizia que Mia sentia por mim. Eu não merecia ser feliz ao lado de alguém como Mia, porque ela realmente não me merecia de todo.

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