Capítulo 27 - Mia

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- Não! - a voz de espanto da Joanna faz-se soar por toda a minha casa. - Mia, oh meu deus!

Sinto a minha nova amiga saltar para cima de mim e abraçar-me com toda a força que tem deixando-me um pouco desconfortável.

- Joanna, estás a apertar-me... - reclamo.

- Certo, desculpa... - ela afasta-se envergonhada. - De quanto tempo?

- Jo, não tem nem um mês. O médico disse que se eu tivesse ido mais cedo, provávelmente nem tinham descoberto. - digo.

- Oh, o meu já está a ficar grandito. - ela diz toda babada. - Quase dois mesitos!

Rio-me com o seu momento de mãe babada.

- Mia, apoiaste-me tanto quando eu não sabia o que fazer com o bebé. Nem acredito que vamos ser mães juntas. - ela sorri. - Espero que os nossos filhos sejam melhores amigos!

- Claro que vão ser! - digo sorrindo nervosamente.

- Ah? Mia, está tudo bem? - ela pergunta.

- Sim... É só que... Bem... Eu estou confusa com isto tudo. - levo uma mão ao cabelo e dou um longo suspiro.

Joanna olha para mim com cara feia. Mas era verdade. Eu estava realmente confusa. Eu não queria "matar" o ser que crescia dentro de mim. Isso estava certamente, fora de questão. Mas eu também não sabia o que fazer. Digo apenas, o que uma rapariga de 18 anos, solteira, iria fazer com um pequeno bebé? Como é que eu seria capaz de cuidar de uma criança sozinha?

Levanto-me e encaminho-me até à pequena varanda de minha casa. Estranhamente, deve ser a primeira vez que aqui venho.

Observo os carros passar na extensa rua à minha frente e vejo um casal vizinho, entrar dentro do prédio.

O rapaz, de mão dada à sua fiel mulher, dá-lhe um beijo com paixão, mesmo antes de cruzarem a porta da entrada e eu fico a derreter-me toda, mesmo que não tenha sido comigo.

- Porque isso não aconteceu connosco? Porque eles nos deixaram? - pergunto a Joanna que ja se encontrava a meu lado.

- À coisas que não são para ser. E que se forem para ser, elas serão, não importa o quê. - o seu olhar corre até mim. - Provávelmente ainda não era a nossa altura. Ainda não eram as pessoas certas.

- Pareçes o Luke a falar. - bufo, olhando novamente para a estrada, vendo os carros passar. - E eu sei que o Calum era a pessoa certa para mim. Apesar de tudo o que ele me fez passar, eu sei que ele me completa e que sem ele a minha vida não faz sentido. E o meu maior erro foi deixar o Calum partir na primeira vez que estivemos juntos. Talvez se eu tivesse insistido mais, telefonado mais, em vez de me ter trancado naquele maldito quarto e ter deprimido, tudo seria diferente. Ele só não é a pessoa certa, porque eu não permiti que ele o fosse. E agora, quando eu permiti. Quem não permitiu mais que ele fosse, foi ele. Porque ele escolheu o outro filho. Ele escolheu a segurança. Porque o problema do Calum, não foi não confiar em mim. Foi medo do que tudo isto se poderia transformar. E é por isso que ele me quer manter longe dele. Eu sei que é esse o verdadeiro motivo.

- Mia, qualquer que seja o motivo do mesmo, apenas não te deixes magoar mais. Eu quero que sejas feliz!

(...)

Prendo o meu cabelo num rabo de cavalo e concentro-me no trabalho que tenho que fazer.

Isto não é difícil, não de todo, mas é preciso concentração. Muita concentração.

Sei que neste momento não sou a pessoa indicada para este tipo de trabalho, porque o meu cerebro teima lembrar-se da minha miserável vida de 5 em 5 segundos. Que ironia. 5 segundos.

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora