Capítulo 15 - Mia

557 39 5
                                    

Estava na rua a correr feita maluca, para poder chegar a tempo e horas ao trabalho. Tudo o que me passava pela cabeça era o facto do Calum ter ido embora, de me ter deixado sozinha e de não me ter dito nada. Isso começou realmente a incomodar-me e eu sentia os meus olhos começarem a arder com as pequenas lágrimas que começavam a querer sair deles.

Quando consigo ver a fachada da agência e começo já a caminhar calmamente sou interrompida por uma pessoa que se coloca à minha frente. O meu olhar que se encontrava já no chão, percorre a pessoa dos pés até à cabeça e as lágrimas que estavam nos meus olhos começam a cair. Corro até ao seu colo e abraço a pessoa que se encontra à minha frente. 

- Foste rápido na promessa de vires cá. - digo não muito animada e as lágrimas continuam a cair.

Ele limpa as pequenas gotas que caiam dos meus olhos e junta os seus lábios nos meus.

Eu não tenho qualquer tipo de reação, não consigo movimentar os meus lábios não me consigo movimentar.

Eu tinha saudades dele, muitas mesmo. Mas eu não estava a sentir nada, aquele beijo não significou nada.

- Eu não aguentava mais as saudades Mia. - ele diz sorrindo. - Não chores, meu amor.

- Diogo... - não consigo dizer mais nada e apenas o abraço. - Vamos, eu vou levar-te para minha casa.

Ele agarra na minha mão e eu guio-o até minha casa. Abro a porta lentamente e o silêncio instalado entre nós torna-se estranho.

- É este o teu apartamento? - ele diz observando cada canto do mesmo. - É bonito. - ele sorri e vem ter comigo.

Sorrio-lhe de volta e sinto as suas mãos agarrar-me pela cintura e mais uma vez não me sinto confortável.

- Eu... Eu tenho de avisar no trabalho que não vou de manhã. - ele acena que sim, ainda a rir-se para mim e eu solto-me dele e vou buscar o meu telemóvel à mala.

Peço à Lia para avisar que aconteceu um imprevisto e que não vou de manhã e que talvez me vá atrasar de tarde um pouco, sem lhe contar o porquê de não ir.

Desligo o telemóvel e vou ter com o meu namorado que se encontrava já no meu quarto.

- Posso ficar aqui, certo? - aceno que sim com a cabeça e levo uma mão ao cabelo. - Está tudo bem Mia?

- Sim, eu só estou cansada. Ontem foi o dia das mudanças e tive de arrumar isto tudo, deitei-me super tarde.

- E que tal irmos dormir um pouco, ja que vais passar a manhã toda comigo? - ele pisca-me o olho e eu sorrio.

- Tudo bem, mas é para dormir! - digo-lhe.

- Mia...- ele aproxima-se de mim e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. - Eu disse que ía esperar, e eu vou esperar. Eu não te quero precionar a nada, tu sabes que eu te amo e que te respeito.

Os olhos deles começam a brilhar automaticamente e umas pequenas borboletas no meu estômago atrapalham-me. Eu gostava do Diogo, ele sempre foi um rapaz demasiado importante para mim e perder o Diogo era como se eu perdesse o meu irmão, o meu melhor amigo, o meu companheiro. Eu tomei decisões erradas e teria de viver com isso. Eu traí o Diogo. E eu sabia que ele o devia saber, apesar do quanto isso lhe pudesse custar. Eu sabia que ele merecia a verdade da minha parte. Ele amava-me e eu sabia disso. Como também sabia que ele provávelmente nunca me iria perdoar. Mas no momento em que aqueles olhos brilharam ao encontrar os meus, a coragem de lhe contar foi-se embora. Eu tinha sentimentos por ele, e apesar de soar demasiado egoísta, eu não podia perder o Diogo. Ele tinha-se tornado numa das melhores partes de mim e eu era a péssima namorada que ele sempre apoiava e que amava incondicionalmente. Eu sei que ele não merecia isso da minha parte, mas eu não conseguia magoar o Diogo. Eu não queria.

Re(encontra-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora