C a p í t u l o 46

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Larissa Tateno

Como tudo que é bom um dia acaba, voltamos a rotina de sempre, Rael precisou cobrir o turno então viemos embora essa madrugada, pensem na correria que foi arrumar as malas e guardar todas no carro a tempo de pegar a estrada.

Eram 04h30 quando chegamos, Rael dormiu um pouco mas logo levantou, acabei acordando junto com o despertador e não consegui dormir mais, desde então estou deitada na sala, criando coragem para fazer alguma coisa.

Desliguei a televisão deixando o controle na mesinha de centro, e me espreguissei ajeitando o cobertor até o pescoço, sabe aquela preguiça que nem a bagunça te incomoda? Estou nesse exato momento convivendo com ela.

Escutei um barulho na escada e ergui minha cabeça, vendo minha mãe descendo de fininho toda arrumada, e quando digo toda arrumada quero dizer banhada de perfume, e maquiada.

Eu - Onde a senhora vai? - perguntei fazendo ela pular de susto, me olhando mortalmente - Sou invisível, dona Rita? - brinquei mesmo sabendo que poderia apanhar.

Rita - Um dia vocês ainda me matam de susto, e olha que de morta já vivi por muitos anos - murmurou terminando de descer, e sentei rindo.

Eu - Mas então...onde vai?

Rita - Eu? Vou...vou trabalhar - deu de ombros, trabalhar em pleno dia quatro? Às 06h40 da manhã?

Eu - A senhora só volta a trabalhar dia 10 - cruzei os braços erguendo a sombrancelha, vendo ela se perder - Já tive sua idade, mocinha - brinquei usando a mesma frase que ela usa.

Rita - Quem é a mãe aqui? - me imitou séria - Você está me atrasando, estou indo na lanchonete porque meu chefe ligou, ele precisa que eu vá hoje, simples assim.

Minha vontade era de gargalhar, sei que o "trabalho" dela é se encontra com o alguém, faz meses que venho percebendo, mas assim como fiz com Naiume, estou deixando que ela conte, minha mãe foi impedida de viver por anos, só desejo que ela seja feliz, com o delegado ou não.

Eu - Bom trabalho, dona Rita - sorri debochada, ela negou me dando um tapinha no braço, e sorriu beijando minha testa antes de sair quase correndo - Em que direção ela vai?

Levantei rápido indo para a janela, e abri um pouco da cortina vendo minha mãe indo até a esquina, mas o ponto de ônibus é pro outro lado.

Naiume - Tá fazendo o que? - me encarou confusa, parando ao meu lado com o cabelo todo bagunçado.

Eu - Observando nossa mãe - ela abaixou também olhando pela janela, e não demorou para que um carro preto parasse do lado da nossa mãe - Dona Rita...dona Rita.

Naiume - É o delegado - apontou arregalando os olhos, o mesmo tinha descido do carro abrindo a porta para ela - Meu Deus, nossa mãe tá ficando com o delegado.

Eu - Meu Deus - gargalhei, minha suspeita acabou de ser confirmada - Gente do céu - parei de rir quando eles se cumprimentaram com um selinho - Naiume - segurei o braço dela.

Naiume - Acho que vou vomitar - murmurou fechando a cortina - Que nojo, vi minha mãe beijando o delegado, vou precisar de anos pra tirar essa visão da mente - choramingou indo pra cozinha, e fui atrás - Como não pensamos nele?

Eu - Já tinha pensado na possibilidade - ela me olhou indignada - Antes que venha discutir comigo por não contar, esperei pra ver se ela contava.

Naiume - Por que nossa família tem fetiche por policiais? - perguntou pegando um pacote de bisnaguinha.

Eu - Tá aí uma boa pergunta - ri colocando o café pra fazer, não fiz quando acordei por preguiça - Vai sair hoje?

Naiume - Não, Richard combinou com Maitê antes de mim - fez careta passando manteiga nas bisnaguinhas, colocando presunto e queijo - Me lembre de encontrar amigos quando as aulas voltarem, não quero ficar sem opção quando Maitê me abandonar pelo Richard.

Um Amor SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora