B ô n u s

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• Richard Tateno - 07:21

Se me falassem que vida adulta era chata, teria aproveitado mais minhas sonecas da vida, não durmo faz 24h nessa merda de turno e parece que meu avô faz de propósito. Namorar minha avó ele não quer, agora me perturbar sim.

Rael - Vai embora, Zé roela, seu turno acabou - bateu na minha nuca divertido, ergui as mãos exagerado, beijando os dedos - Não esquece o celular de novo não, sua mãe te mata.

Eu - Deus me livre, escutei por trinta minutos, nem Maitê fala tudo isso quando me xinga - ri pegando tudo. Minha mãe esses dias me ligou mas tinha esquecido o celular aqui, pois ela foi lá em casa me xingar de desnaturado, imagina minha linda situação - E a duplinha do barulho, acordou já?

Rael - Ainda não, não tem aula hoje - coisa boa ein, na minha época tinha aula de sobra, fugia de várias - Se precisar, fala, cuidado na rua.

Eu - Falou, tchau pai - abracei ele correndo dali antes que meu avô aparecesse, não sou besta, quero minhas princesas e comer, meu osso já está aparecendo cara, isso é triste.

Nem passei no mercado, comprei antes de vir para o turno então menos um trabalho, minha sorte era morar perto da delegacia, menos de 15 minutos estava em casa, o mesmo apê que meu pai me deu com 18 anos. Compramos no ano passado um terreno mas a casa ainda não ficou pronta, muito money em jogo, cara, meu bolso vive chorando com depressão.

Pode xingar quem falou que dirigir é libertador demais, cagou pela boca, no trânsito do Rio só maluco gosta de dirigir, pior que nem farda eu tirei, joguei a manta da Celina em mim, pensa na lindeza que fiquei cheio de florzinha rosa.

Estacionei na vaga subindo para casa e sorri já ouvindo Maitê cantar, provavelmente com um pingo de gente, ou porque gosta mesmo dos patinhos funkeiros de tanto escutar com Celina.

Juro, ser irmão parecia uma loucura, mas nem se compara a ser pai. Tudo bem que estamos casados faz anos, um dia iria acontecer só não imaginei que seria agora.

Quando Maitê contou tinha acabado de entrar em casa, todo ferrado de ficar na delegacia na madrugada igual hoje, e tomei um susto com ela chorando desesperada, no final quem ajudou o outro foi Maitê, porque eu desmaiei quando a mesma contou, vai lá, pode rir de mim.

Para tristeza de vocês, não repeti esse feito no parto, pensei que ia surtar mas foquei em ficar com Maitê. Poxa... quem estava sentindo tudo era ela, precisava ajudar de alguma forma, e só fui entender o que falam sobre parecer nascer de novo quando vi Celina pitiquinha chorando, me arrepiei todo chorando junto igual criança.

Abri devagarinho vendo Celina de pijama, com o cabelo todo para cima, se balançando com a mãozinha segurando na mesa de centro. Sorri mais ainda com minha princesa de pijama, ela por outro lado estava mais arrumada cantando para nossa miniatura do Supla.

Entrei sem fazer barulho fechando a porta, um olhinho curioso me viu, sorrindo animada e fui até elas abraçando Maitê que se assustou, me olhando rápido.

Maitê - Não faz isso, louco - reclamou virando para mim, me beijando rápido, é doido pensar que depois de anos ainda me sinto idiota pela mesma - Como foi o turno? Pensei que ficaria até mais tarde.

Eu - Cansativo, meu avô estava perturbando o juízo, vou mandar ele transar - Maitê riu - Essa Supla do pai acordou cedo, é? - sorri pegando Celina no colo, mordendo a barriga dela que se encolheu rindo - Penteado maneiro, filha.

Maitê - Gostou, papai? Fiquei estilosa - afinou a voz se juntando no abraço, beijando Celina - Acordou quase agora, ficou chamando você e apontando para seu lugar na cama.

Nunca paguei tanta língua, passamos 9 meses falando que não iríamos compartilhar cama, o primeiro mês tudo ok, depois fizemos e nunca mais tiramos. Vida triste essa de pais, amigos.

Um Amor SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora