Líder falso

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No nosso mundo existem regras, como qualquer organização, eu durante anos cobrei e procurei fazer com que todos seguissem as regras e aqueles que saiam da linha pagavam de acordo com seu erro.

Sei que alguém da família de Moisés quis poder, ou talvez dinheiro e por isso essa família agora estava acorrentada as máfias, tinham que servir a elas para sempre o que na maioria das vezes não era problema já que o poder era algo que muitos matariam para ter, dinheiro é outro tópico importante e eles não exitam em seguir sem nos questionar.

Mas existem uma pequena porcentagem que não querem isso, que querem simplesmente viver uma vida comum, casar e ter filhos.

E pelo pouco que eu percebi é o caso que caiu em minhas mãos, Moisés e Luiza se amam.

- Você está ciente das regras Stein?

A maioria dos pais treinam e conversam com seus filhos quando eles atingem 12 anos, mas como Moisés e seu pai não tinham uma relação, digamos, amigável pode ser que ele esteja por fora de coisas importantes.

- A única coisa que sei é que agora terei que servir vocês!

Ele não consegue esconder a tristeza e sua mulher também não.

- Exatamente,  sua filha quando chegar a hora assumirá seu lugar, eu sinto dizer que esconder ela não seria o suficiente para impedir que isso acontecesse.

Ele confirma com a cabeça triste e eu respiro fundo.

- Ela terá que se casar com alguém da organização, certo?

Algumas coisas mudaram com os anos e as mulheres assim como os soldados podiam nos servir de outras formas.

- Se esse for o caminho que ela escolher, sim! Mas ela pode fazer outras coisas.

Dou uma pausa e olho para o pequeno anjinho no colo da mãe, esse mundo a destruiria.

- Se vocês me permitem dá um concelho, incentive sua filha a fazer uma faculdade que possa servir para nós futuramente.

Sua feição agora é de pura confusão

- Como?

Ainda olhando para Clara eu continuo.

- Como médica, enfermeira ou algo assim! Ela não precisaria se casar se ela estivesse trabalhando em um de nossos hospitais cuidando de soldados ou de quem precisasse de cuidados. Ela terá que viver com nós ou para nós, mas não precisa se casar para isso! E o mesmo eu digo para o senhor.

Pego a pasta e abro, ele é professor de luta corporal o que pode ser útil nos treinos dos novatos.

- Você poderia ajudar na iniciação dos novos soldados ou nos próximos dons.

Ele me parece animado, aliviado. Feliz?

- Mas eu poderia levar elas junto?

Não vejo nada de errado nisso, ela já sabia sobre nós e não fez nada contra.

- Sim, mas vocês devem oficializar a união.

- Claro, faremos isso imediatamente.

Isso foi bem mais fácil do quê o esperado.

- Você tem direito a três dias de luto começando de amanhã! Após esse período expirar você terá uma semana para que sejamos comunicados sobre o casamento! E então você poderá entrar, ok?

Levanto e eles fazem o mesmo.

- Muito obrigado!

Estende a mão e eu aperto a mesma.

- Não me agradeça!

Olho para o relógio na parede, já são quase três horas da tarde.

- Eu preciso ir, foi um prazer conhecê-los.

Viro em direção a porta e ele me segue

- Mais uma vez obrigado!

Confirmo com a cabeça, mesmo sabendo que não fiz nada além do meu trabalho. Quando estava para sair da casa me viro para olhar a pequena Clara que agora dorme tranquilamente no colo da mãe.

- Moisés, sua filha está sob nossa proteção, principalmente da minha!

Não deixaria ninguém fazer mal a ela e eu quero que ele saiba disso. Ele sorrir agradecido e eu saio sem olhar para trás nenhuma vez.

Entro no carro e ligo o mesmo saindo de lá, tem coisas que preciso descobrir, eu sinto que há muito mais nessa gangue e que eu serei afetada por ela de forma assustadora.

Uma luz se acende em minha cabeça quando eu lembro daquela noite, um líder que estava ameaçando outro líder não abaixaria a guarde daquele jeito, eu sei que embora eu tivesse planejado aquilo, no final tinha sido fácil de mais e eu estou ciente de que nada vem fácil.

Ele atirou em minha direção naquela noite, mostrou seu rosto e mesmo que fosse por se considerar grande de mais ao ponto de não se importar em ser visto.

Ele não entraria no território de outra pessoa e não apareceria em campo aberto daquela forma, poderíamos ter matado ele naquele dia.

Porra, ele foi até a boca do lobo sem medo.

Ainda tinha o fato daquela tatuagem, ela me incomoda em níveis altos e isso não é bom, o medo que os meninos sentiram quando eu fui ameaçada deixou evidente que a gangue era perigosa, que o líder era esperto.

E aquele homem não se encaixava nesse quesito, foi um erro ter mostrado o rosto, se tornou um alvo fácil de mais e mesmo que ele tivesse um ego muito grande ele não teria vindo de forma tão direta. Bato os dedos no volante de forma relaxada, faço a curva no quarteirão e estaciono em frente a casa do Kevin, a minha casa.

O homem que morreu naquela boate, não era o líder da gangue. Era um laranja!

A certeza veio de forma bruta. E eu soquei o volante com raiva, saio do carro a passos firmes e rápidos. Alex estava sentado em um dos sofás quando eu entrei conversando com Kevin, quando eles se dão conta da minha presença olham rapidamente para mim, Alex me olha de cima a baixo com um olhar faminto e Kevin apenas me olha curioso.

- Onde você estava? Te esperei para o almoço mas você não veio!

Eles sabem que mataram o homem errado?

- Tive algumas coisas para resolver.

Merda, os problemas me seguem?

- Que coisas uma visitante teria para resolver em nossa cidade?

Ah Alex, você não faz idéia.

- Nada muito importante, Clark já chegou?

Não dá tempo deles responderem quando uma cabeleireira ruiva aparece sorrindo.

- Estou aqui pequena, tenho algumas novidades! Podemos conversar?

Olho para Kevin e Alex antes de responder, a idéia de que talvez eles sabem e não me disseram não sai da minha cabeça. 

- Podemos ir até meu quarto.

Ele assente com a cabeça

- O que porra vocês vão conversar em seu quarto? Não podem ir para outro lugar?

Alex praticamente grita e eu o encaro confusa

- Não tenho tempo para seu mau humor agora Alex, me dêem licença!

Subo as escadas praticamente correndo com Clark do meu lado.

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