Inocente e jogo

3.3K 270 1
                                    

Eu já deveria ter me acostumado,

Eu estudei anatomia para que eu tivesse ciente de cada maldito músculo ou local no corpo que eu poderia usar para torturar e fazer alguém sofrer, eu jurei que não importava quem eu deveria destruir eu iria fazer se isso significasse a segurança do meu irmão, pois a segurança dele significava que eu não estaria totalmente perdida, que eu ainda tinha algo bom para defender, mesmo depois de matar e tirar a vida de pais de família mesmo que eles merecendo morrer.

No caminho para isso acabei encontrando pessoas pelas quais eu me importava, pessoas que mereciam a minha atenção e eu dei a elas, eu demonstrei que eu me importava,

Eu mostrei que eu não era totalmente um monstro, mas eu não percebi que ao me importar com aquelas pessoas eu estava colocando um alvo nas costas delas, eu passei anos tentando esconder meu irmão, pois eu sabia que os meus inimigos podiam usar ele contra mim mas eu não fiz a mesma coisa com essas pobres pessoas, eu as matei.

Eu tinha o sangue de uma família nas mãos, uma família inocente que só queria viver em paz, um casal que só queria criar seus filhos e duas crianças maravilhosas que só queriam viver, elas tinham 12 anos cada, uma vida inteira pela frente e agora estavam mortos

Queimados, queimaram a maldita casa com eles dentro, eu ainda podia ouvir os gritos de socorro de cada um deles como se eles ainda estivessem gritando, como se ainda estivessem vivos e eu ainda podesse ajudá-los

Eu recebi a ligação minutos depois Dimitri me ligar, uma ligação que dizia que a casa que eu tinha presentado aquela família estava queimando, eu corri sem me importar com minha roupa, eu apenas corri para ajudá-los mas ao chegar a casa já estava tomada pelo fogo e eu não pude fazer nada além de olhar, assistir a destruição de camarote .

- Senhorita?

Não olhei na direção do soldado que me chamava, minha cabeça ainda girava em torno dos gritos e do cheiro horrível da morte.

- Achamos isso e parece que é para a senhorita!

Continuei olhando para casa quando abrir a palma da mão e ele colocou uma bolinha de papel amassada, ao abrir os pedaços de meu coração se quebrou ainda mais.

Estrela, espero que a senhorita esteja ciente que seremos eternamente gratos pelo que a senhorita fez por nós, você nos deu alguns anos a mais de vida e morrer desse jeito não é de todo mal afinal, morreremos juntos como a família que sempre fomos, gostaria de fazer um último pedido se eu podesse. A senhorita podeira não se culpar? Afinal de contas a senhora não tem culpa de nada! A maldade do mundo tem culpa, a senhora não. Seja feliz e não deixe a escuridão te engolir, você é boa basta aceitar isso e seguir em frente.

A família Smith agradece por tudo!

Eles sabiam que iam morrer, mas por qual razão não vieram atrás de mim? Eu poderia ter mandado eles para longe ou alguma coisa do tipo, eu teria tentado proteger eles.

Em frente a casa tem uma placa de madeira com letras vermelha que eu tenho certeza, aquele líquido não é tinta

O fogo é o meu elemento preferido o seu também não é? Mas sabe porque gosto tanto dele? Me lembra seus lindos cabelos.
- Dragão

Raiva fervilhava minhas veias até meus ossos queimavam com o sentimento de fúria que me dominava, eu precisava de espaço precisava respirar longe de toda aquela fumaça, atravessei a rua e parei perto a uma árvore não me dei conta que alguém se aproximava até que ele falasse comigo.

- Não preciso perguntar se foi o dragão.

Olho para Dimitri e ele caminha até mim só percebo que tinha chorado quando ele leva as mãos até minhas bochechas e limpa as lágrimas com cuidado e carinho

- Coração, você sabe que não tem culpa né?

Eu ando lado a lado com a morte desde meus 17 anos, eu já estou acostumada com ela, mas olhando para aquela casa, para o túmulo daquelas pessoas que morreram por um capricho idiota de alguém é terrível.

Não é hora de sentir culpa.

Afasto esse gosto amargo de minha boca e respiro fundo me afastando e limpando com as mãos os últimos resquícios de minha fraqueza

- Chega de ser benevolente.

Olho bem nos olhos de Dimitri

- Eu lidei a minha vida toda com vilões mas aquilo.

Aponto para a casa destruída

- Vai muito além de maldade e eu não irei perdoar, nem que eu me destrua no processo mas quem está por trás disso vai pagar, eu darei o meu próprio veredito.

Passo a mão no meu sobretudo e caminho até meu carro sendo seguida por ele

- O que você pretende fazer?

O que eu vou fazer?

- Matar cada um que entrar no meu caminho, meu lado doentio e sanguinário está implorando para tomar controle, a parte psicopata do meu ser grita pela maior chacina que ela já viu e Dimitri, sabe oque pretendo fazer?

Aperto minhas mãos em punhos e minhas unhas cortam minha carne

- Eu vou mostrar o motivo pelo qual ele deve me temer, o motivo pelo qual eu sou quem eu sou, vou mostrar que minha fama não é fictícia, ele disse que gosta de fogo? Ótimo, ele irá gostar do inferno então.

Dou um sorriso sombrio e vejo Dimitri afastar um passo com medo, minha feição deve está tão sanguinária quanto meus pensamentos.

- Ele quer jogar? Esse jogo pode ser jogado por dois e eu nunca perdi antes e não irei começar a perder agora.

Eu posso cair mas ele irá comigo.

Dimitri está me olhando e um brilho diferente é notável em seus olhos quando ele sorrir

- Lutaremos essa guerra juntos então.

Olhei uma última vez para o fogo e dei um acenar de cabeça para Dimitri antes de entrar em meu carro e dá partida.

A morte entrou de verdade no jogo

A luz da morte. Onde histórias criam vida. Descubra agora