Pecados cobrados

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Dimitri Romanoff

Doze meses depois;

Passo a mão no espelho embasado do banheiro, meu reflexo deplorável faz eu socar o espelho.

Olhos fundos cheios de olheiras, resultado das noites sem dormir, emagreci para caralho também pois não consigo comer nada além do necessário para não ficar desmaiando por aí, minha barba por fazer e meu cabelo grande suficiente para que eu consiga amarrar.

Foda-se, minha aparência é o de menos!

Estrela continua naquela maldita cama, todo dia que vou vê-la, peço para que ela acorde mas parece que todo dia só piora, ela está cada vez mais pálida seus cabelos não estão tão macios e cheirosos como eram, parecem opacos, sem vida.

Nos três primeiros meses eu fui consumido pelo ódio, cacei e matei todos que tinham alguma coisa haver com o estado dela, Sebastian se suicidou quando soube que eu estava procurando por ele. Aquele desgraçado!

No quinto mês conseguimos trazê-la de volta para Rússia, em uma UTI aérea com médico e enfermeiras a disposição dela, esvaziamos um andar inteiro apenas para ela no hospital em que ela está, pois não podíamos correr o risco de um inimigo entrar e mata-la, vários soldados estão espalhados fazendo a proteção dela, foi doloroso e emocionante o momento em que ela chegou e todos os soldados dela viu como ela estava, todos choraram por ela.

Foi quando eu vi que eles não estavam ali por obrigação e sim por amor, por gratidão.

Visto qualquer roupa, chegou a hora de ir passar mais uma noite no hospital com ela,

Damian está tão mal quanto eu, a dois meses atrás teve início de infarto e teve que ficar internado por duas semanas.

Esses foram sem dúvidas os piores meses da minha vida, já perdi as contas das vezes que tive que ficar longe de uma arma para não estourar minha cabeça, desço as escadas ignorando todos ao meu redor, não tenho humor para conversar com ninguém e agradeço pelo espaço.


30 minutos mais tarde já estava estacionando o carro no hospital, subi até o andar em que ela estava com um sentimento ruim no peito.

Estava entrando no corredor do quarto dela quando percebo uma correria naquela direção, corro, mas quando estava em frente a sua porta meus pés travam, o medo não deixa com que eu volte a andar, aperto minhas mãos em punhos tentando controlar o desespero crescente em meu peito, me seguro na parede para não desmaiar, foco minha atenção em um ponto no chão e espero por notícias.

Minutos ou horas depois dois enfermeiros e um médico sai do quarto dela de cabeça baixa

Meu coração bate tão forte que sinto minha cabeça latejar, o médico levanta a cabeça e me olha, seu olhar é banhado de solidariedade

- Senhor Romanoff.

Ele fala com pesar e eu me tornei um covarde pois não consigo perguntar a ele o que aconteceu, ele percebe pois caminha até mim e aperta meu ombro tentando me passar força.

- Como está minha mulher?

Depois de alguns segundos digo com dificuldade, em um tom quase inexistente que se ele não tivesse próximo de mais não ouviria

A luz da morte. Onde histórias criam vida. Descubra agora