Água gelada e sangue

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Eu abrir meus olhos, o quarto desconhecido estava com as luzes apagadas impossibilitando qualquer chance de reconhecimento. Os lençóis de ceda vermelha acariciava minha pele, engoli a vontade de chorar quando os borrões da noite anterior me golpeou.

Levantei da cama ainda aérea e consegui me arrastar até uma porta que eu imaginei ser um banheiro e acertei, a única prova que o que eu usava já foi um belo vestido eram os retalhos de pano preto que cobriam meu corpo.

Levantei meu rosto para o espelho e o que eu vir era o reflexo de uma garota quebrada.

Meus olhos inchados e vermelhos, minha maquiagem toda borrada me fazendo parecer um zumbi, sangue seco grudava em minhas mãos e um leve roxo ondulava nos ossos que o chão maltratou em meio aos socos. Tirei o resto do meu vestido junto com minha calcinha, abrir a porta do box e entrei.

Baixei a temperatura da água do chuveiro deixando ela o mais gelada possível, entrei de cabeça desejando que a água gelada me tirasse daquela neblina de pesadelo, a água vermelha devido ao sangue em minhas mãos caiam em meus pés e eu respirei fundo.

Você precisa usar a armadura, Estrela.

Fechei os olhos com força impedindo que mais lágrimas caíssem e terminei o banho, deixando meu corpo limpo, uma toalha no acessório chamou minha atenção e a peguei, me enrolei nela e sair do banheiro. Meus cabelos ainda pingando conforme eu andava, Dimitri estava entrando no quarto, duas sacolas plásticas nas mãos e uma bandeja com café da manhã.

- Trouxe roupas para você e coisas para fazer um curativo em suas mãos.

Não disse nada, eu não tenho certeza se conseguiria dizer alguma coisa, ele veio até mim e me entregou a sacola com roupas, uma calça jeans preta e uma blusa de algodão vinho, uma lingerie de renda vermelha.

Vesti tudo enquanto ele estava de costas para mim, ele me ver nua era o último dos meus problemas mas ele mesmo sem eu me importar em pedir virou e me deu privacidade para me vestir.

- Já posso me virar?

A voz dele estava cautelosa, como se tivesse medo de dizer algo que pudesse me quebrar.

Tolo, eu já estava tão quebrada que não exista mais oque quebrar!

Eu não o respondi mas ele virou e abriu um pequeno sorriso carinhoso, caminhou até mim e me puxou até a cama, fez com que eu me sentasse tirou o que ele precisaria para fazer meu curativo e com cuidado pegou minhas mãos, ele limpou, passou remédio para não infeccionar e depois colocou ataduras.

- Você precisa comer alguma coisa!

Neguei, eu não estava com fome.

- Você precisa se alimentar para conseguir passar por toda essa tempestade Estrela, precisa ter forças, ser a garota imbatível!

O problema era que eu não queria conseguir passar pela tempestade, eu queria que ela me engolisse me matasse, me mandasse para um mundo em que eu não sentisse nada.

- Você conseguiu alguma informação?

Minha voz estava rouca e minha garganta doía

- Você não precisa fazer isso agora coração.

Sim, eu preciso.

- Eu preciso colocar um fim nisso, por favor me diga que não foi tudo em vão!

Dimitri se concertou na cama e fixou seus olhos nos meus por alguns segundos antes de suspirar e se render ao que eu queria

- Como você suspeitava ele se cegou pela ideia de te ver comigo tão intimamente, agiu. Mas cometeu um erro!

Meu coração galopeava no peito

- Quem entrou na casa para atacar Damian, conhecia bem o lugar! Sabia todos os pontos estratégicos, onde ir ou como sair.

Conhecia bem o lugar.

- Mas ele aparentava esta com tanta fúria que não percebeu que estava caindo em sua própria armadilha, os soldados acharam uma corrente na casa de Damian.

Balancei a cabeça tentando tirar a imagem dos meus pensamentos.

- E uma digital essa digital nos levou até um homem que está preso esperando sua visita.

Não esperei que ele continuasse dei um pulo da cama e olhei Dimitri

- Me leve até lá!

Ele me analisou pensando se era certo me levar até lá eu estando dessa maneira

- Você não tem outra opção Dimitri, só me leva até lá agora ou irei sozinha!

Ele escorregou as mãos até seus bolsos e confirmou com a cabeça

- Vamos coração.

Passou por mim e eu o seguir até o fundo de sua casa, onde existia uma construção de cômodo único, portões de ferro em sua frente foram abertas para que nós passássemos

O cheiro de podre invadiu meu ofato, o cheiro horrível de sangue por toda parte fez eu agradecer por não ter comido nada ou tudo voltaria nesse exato momento.

O homem que estava preso na parede, pernas e braços amarrados fazendo com que ele ficasse aberto e disponível para mim, uma cicatriz entre suas sobrancelhas que descia até sua bochecha me chamou atenção, ele me viu e abriu um enorme sorriso mostrando seus dentes de ouro brilhando em minha direção,
parei em frente a ele que gargalhou alto.

- Seus olhos vermelhos é por conta do choro ou você usou alguma droga?

Diversão brincava em suas palavras e eu o observei, eu sabia que ele estava com medo do que eu poderia fazer com ele, mas também sabia que ele não iria se render facilmente.

Peguei um punhal com o cabo preto e o analisei, vendo se a lâmina estava amolada.

- Oh, você irá brincar comigo? Que honra!

Não o respondi coloquei o punhal de volta no lugar e observei outro com o cabo dourado a lâmina tão amolada que eu me perguntei quão fundo ela podia entrar no corpo daquele homem tão suavemente.

- Eu já fui torturado pelos Yakuza, os Bratvas, já fui torturado pelos piores você não irá conseguir nada de mim.

Poderei do que ele me disse, sem eu nem perguntar ele me deu uma informação importante, ele estava esperando uma tortura tradicional não por prazer como o primeiro mas por costume, ele era acostumado com a dor.

- Você não foi torturado pelos piores passarinho, você nunca tinha passado por minhas mãos antes, agora sim você irá ver o que é a arte de uma boa tortura.

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