A luz da morte.

Mulher sanguinária

O calor da minha casa bate com força em meu corpo e eu não consigo evitar o alívio,

Tiro o sobretudo que está molhado pela neve, estamos no inverno e se a Rússia já é um país desgraçadamente frio agora está beirando o insuportável, subo as escadas com calma,

Porém, quando estava prestes a entrar no quarto percebo que a porta está entre-aberta e entranho, meu corpo todo entra em alerta e em forma de ataque quando escuto alguém se movimentar dentro do quarto pego minha arma e minha faca. Abro a porta delicadamente com meu pé e começo a andar.

O quarto está todo bagunçado, caminho até o closet e vejo a cabeleireira castanha de Nina, uma das mulheres responsáveis pela limpeza da casa, a mulher quando me ver com a arma em sua direção arregala os olhos e levanta as mãos deixando cair as peças de roupas que estava segurando, a mulher parece apavorada.

- Abaixe essa arma coração, você vai matar a pobre mulher de susto!

Abaixo as mãos e relaxo o corpo respirando fundo, tentando acalmar a adrenalina.

- O que ela está fazendo aqui?

Pergunto para Dimitri mas não desvio o olhar de Nina que ainda treme de terror.

- Eu pedi para ela fazer nossas malas, iremos viajar coração.

Ele fala como se fosse óbvio e eu olho para ele

- Viajar? Não recebi nenhuma notificação de ataque ou uma possível missão.

Vejo de canto de olho Nina enfim se movimentar e sair do quarto.

- Não é a morte e o perverso que vão viajar, mas sim, Estrela e Dimitri!

Eu estou muito ocupada com os assuntos das máfias, mal tenho tido tempo para comer e Dimitri quer viajar logo agora?

Abro a boca para negar mas ele me interrompe e vem me dá um selinho estralado

- Não tivemos uma viagem de lua de mel, e logo depois aconteceu tudo isso, você ficou obrigatoriamente ausente e eu vivi um inferno junto com Damian, pensando nisso nós dois conversamos e decidimos que se essa merda aguentou ficar sem você por um ano poderá aguentar por mais algumas semanas e eu preciso de férias.

Algumas semanas de paz seria incrível

- Tudo bem, para aonde vamos?

Abraço ele pelos ombros e ele descansa as mãos em minha cintura

- Uma ilha, longe de todos e tudo. Somente você e eu e daqui uma semana Damian, já que ele irá nos encontrar em 7 dias.

Sorrio achando graça, ele sabe que nessa ilha se formos atacados e conseguissem nos matar, ninguém acharia nossos corpos?

Ele olha para mim de forma incrédula parecendo ler meus pensamentos

- É desconhecida Estrela, ninguém sabe da existência dela além de mim, já que eu matei as outras pessoas que sabiam!

Jogo a cabeça para trás gargalhando, ele tirou vidas de pessoas apenas para ter um ilha desconhecida por todos, achei meio psicopata, porém não disse nada a ele que me olhava de forma divertida e descontraída.

- Ok, quando iremos?

Ele olha para a bagunça do quarto e depois para as duas malas grandes no canto do quarto

- Agora!

Me puxa quarto a fora sem me dá chance de protestar, já havia um soldado no corredor que provavelmente estava indo buscar nossas malas, passo por ele e dou um aceno de cabeça que ele responde com uma reverência

Coisa que faz eu revirar os olhos e Dimitri rir

Entramos no carro preto que estava nos esperando, Dimitri me puxa para perto dele e começa a fazer carinho em meus cabelos

- As vezes acho que não mereço você.

Ele diz e dá um beijo no topo da minha cabeça

- Mas aí lembro que você é pior que eu.

Meu corpo treme quando eu dou risada e ele gargalha alto fazendo o motorista nos olhar com os olhos arregalados de surpresa

- Seu lado romântico é maravilhoso!

Ele me ajeita ainda mais em seus braços e não dizemos nada, apenas aproveitando a companhia um do outro, estarmos tão apaixonados um pelo outro era uma coisa improvável, mas aconteceu de forma forte

Eu o amo tanto que as vezes eu me pergunto se é saudável amar tanto alguém.

Nossa casa, os braços dele se tornou meu refúgio da mesma forma que os meus se tornaram os dele, para o mundo somos cruéis

Sem corações, não temos piedade de ninguém já que ninguém tem de nós, entretanto. Quando atravessamos as portas de nossa casa o cenário muda e tudo de ruim fica do lado de fora, lá dentro existe apenas esse sentimento que nos aquece nas noites frias, o amor

Claro, temos nossas brigas mas sempre acabamos os dois nus em algum lugar da casa

Desperto dos meus pensamentos quando encaro o jatinho preto com o nome Romanoff em letras douradas, um enorme leão parece rugir ao lado do nome.

Cada família tem sua marca, as do Petrov é as víboras, já as dos Romanoff é o leão.

Corremos até o jatinho já que o frio parecia querer nos congelar, Dimitri não solta a minha mão enquanto rimos nos divertindo, entramos no jatinho e ele caminha até uma pequena mochila de mão, estende ela até mim

- Eu sabia que não daria tempo de você se trocar, então se quiser tomar um banho aqui tem roupas e alguns itens de higiene!

Assinto, eu realmente preciso me aquecer, um rápido banho não iria ser nada mal. Pego a mochila e corro até o banheiro já que meu marido não queria me soltar e ameaçou vim atrás de mim, tomo um banho rápido e visto o conjunto de moletom quentinho e a calcinha fio dental preta. Saio do banheiro e não o vejo

- Dimitri?

A voz dele não demora ecoar pelo lugar

- Aqui!

Sigo na direção em que sua voz saiu e o vejo sentado na cama do quarto, porra. A família Romanoff realmente gosta de luxo

Eu, embora tenha condições iguais a dele uso apenas o necessário, meu jatinho tinha apenas o suficiente para que as viagens fossem no mínimo confortáveis, o dele, bom. Eu poderia conseguir morar aqui dentro facilmente.

- Trouxe algumas coisas para comermos você deve está com fome, mas agora precisamos ir nos sentar. O avião já irá decolar!

Assinto e caminho até uma das poltronas, coloco o cinto e ele faz o mesmo.

Olho para a janela e vejo o céu alaranjado, denunciando que já estava preste a escurecer, minha vida mudou muito nos últimos meses,

Eu estava vivendo e não sobrevivendo, a resposta para a minha pergunta do dia em que Clark morreu e eu matei aqueles homens veio tão silenciosa que eu nem tinha percebido.

A única coisa que eu precisei fazer foi relaxar, permitir sentir o carinho das pessoas ao meu redor, permitir fazer as coisas que eu gosto,

Certo, ainda sou uma mulher sanguinária, mas eu sou aquilo que as pessoas merecem que eu seja, sou ruim com quem merece e benevolente com os poucos que ainda merece

Nada além disso, mas principalmente eu permiti que Dimitri entrasse em meu coração, derrubasse cada uma das minhas paredes de aço com seu carinho e seu amor.

Me permitir ser amada e amar.

Mesmo que a minha vida não seja voltada totalmente a ele e eu saiba que poderia viver sem ele, afinal eu não preciso de homem para nada. A minha vida é muito melhor com ele ao meu lado, disso eu não tenho dúvidas!