A luz da morte.

Gatos e sorte

Abro os olhos e os passo pelo cômodo tentando entender o que aconteceu aqui e o motivo da minha cabeça doer tanto,

Dou um sobressalto quando escuto batidas suaves na porta, não me preocupo em procurar uma arma sei bem quem é o idiota

Abro a porta e fecho os olhos imediatamente quando a claridade invade-os fazendo minha cabeça latejar ainda mais, levo as duas mãos até às têmporas e começo massagear buscando alívio

- Você está horrível.

A voz de Clark, meu segurança e único amigo, preenche meus ouvidos, o cheiro forte do perfume masculino invade minhas narinas, abro os olhos e fito a xícara branca que ele segura na mão com um líquido preto que julgo ser café, depois passo os olhos por seu tanquinho já que ele está sem camisa.

- Me conte uma fodida novidade.
Pego a xícara de sua mão e dou um longo gole ignorando seus xingamentos, a cafeína é bem vinda em meu estômago. Passo por ele com a xícara nas mãos, eu precisava de um banho.

- O pé no saco do Piter ligou.
Continuo andando sem me importar

- Haverá uma reunião no saguão em duas horas, ele convocou sua presença.
Diz me alcançando e andando ao meu lado

- Arrume um remédio para dor e prepare alguma coisa para o café, por favor.

Ele concorda com a cabeça e segue em direção a cozinha e eu continuo andando para meu quarto. Entro no banheiro e olho meu reflexo no espelho, meus olhos cobertos por olheiras, meus cabelos embaraçados, meu rosto amassado.

- Clark tinha razão, estou horrível.
Sussurro encarando minha aparência patética

Tiro a calcinha e depois a blusa que cobre meu corpo jogo em qualquer canto do banheiro e corro até o chuveiro, tenho tempo. Então lavo pacientemente meus cabelos, quando termino me enrolo em uma toalha preta que está pendurada no acessório.

Abro o armário que há no banheiro, pego o secador, seco meus cabelos pego um elástico e faço um rabo de cavalo alto deixando algumas mechas soltas.

Pego a bolsinha de maquiagem, faço uma leve maquiagem apenas para esconder minha cara de derrotada

Saio do banheiro e vou até meu closet, passo os dedos pelas peças e pego uma saia lápis que vai até metade das minhas coxas, ela valoriza as curvas do meu quadril, pego uma blusa social branca e uma lingerie simples preta, visto tudo.

Vou até a parte dos sapatos, pego um salto grosso vermelho e calço, estamos na Rússia o que significa um frio desgraçado. visto um sobretudo bege por cima das roupas. Olho meu reflexo no grande espelho e sorrio,

Está otimo.

Sem mais delongas vou até a cozinha onde encontro Clark já vestido em um terno preto elegante, quando ele me ver abre um sorriso debochado me analisando de cima a baixo.

- Nem parece a garota horrível que vi a momentos atrás.

Reviro os olhos e mostro a língua pra ele, puxo a cadeira do seu lado na mesa e me sento, próximo a uma xícara tinha dois comprimidos e um copo com água, levo os dois para a boca e dou um longo gole na água bebendo o remedio

- Tem idéia sobre o quê será essa reunião?
Clark me olha sério e eu nego com a cabeça

- Acha que precisarei aumentar os seguranças?

Analiso sua pergunta e levo a xícara até a boca

- Não, lidarei com seja lá oque for.

Ele concorda com cabeça sem mais perguntas.

Clark é meu amigo, conheci ele a dez anos atrás quando entrei pra essa merda toda de vez, ele foi designado a ser meu segurança pessoal e nos tornamos bons parceiros.

Clark tinha os cabelos ruivos, mas um tom diferente dos meus, os dele tem um tom forte, vermelho vivo, tem os olhos verdes escuros e é dono de uma beleza extraordinária, mas entre nós nunca teve nada além de amizade e trabalho! O considero um irmão e o sentimento é recíproco da parte dele.

- Os japoneses receberam seu presente

Sorrio abertamente e dou um gole no café

- Uma boa notícia, qual a reação deles?

Ele batuca os dedos na mesa se divertindo

- Foi um tanto interessante.

Olho para ele segurando a risada mas o maldito não se segura e começa a gargalhar.

Os japoneses tentaram se rebelar, sabem que é proibido a venda de mulheres e os filha da puta estavam fazendo isso e ainda incluíram crianças nessa merda, eu não os matei ainda pois o boss não autorizou, mas mandei um presentinho para eles.

Nada de mais, apenas a cabeça de um gato com os olhos arrancados, já que lá eles consideram que gatos trazem sorte e eles realmente precisam disso agora.

Malditos filhos da puta, que os gatos e a sorte deles os salvem.