C A P Í T U L O 29

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Assim que os seguranças começaram a andar até nós, eu levantei a mão e fiz sinal para que parassem, o pai da Cecília olhou pra trás, notando eles.

- Eu não fiz nada com a sua filha - coloco a mão no lugar que levei o soco, me segurando pra não devolver - ela acabou levando um tiro perdido.

- E QUE MERDA ELA TAVA FAZENDO NAQUELE LIXO DE LUGAR? O QUE ELA ESTAVA FAZENDO COM VOCÊ?

- Calma tio, a gente foi curtir uma festa e infelizmente isso aconteceu. - Claire diz se levantando e ele olha pra ela.

- Que tipo de amiga é você que arrasta a minha filha pra aquela merda de lugar? E você seu vagabundo, fique longe da minha filha. - Ele apontou o dedo pro meu rosto e eu o encarei de braços cruzados.

- Isso não é você quem decide, sua filha já é de maior e eu não forcei ela a nada, acho melhor tu se controlar porque você está no hospital, tenha respeito por ela.

- A vontade que eu tenho é de matar você seu filho da puta. - Ele diz entredentes.

- Querer não é poder.

- Parem com isso, estamos num hospital! - Ryan diz se levantando.

Ele me olhou com tanta raiva que parecia que iria explodir.

(...)

Cada minuto que se passava pareciam anos. Eu ansiava em ver a Cecília, ansiava em saber como ela estava. A mesma ainda se encontrava na sala de cirurgia e não tinha outra coisa a se fazer a não ser esperar. Eu não via a hora de pegar o filho da puta que fez isso e encher ele de porrada.

O pai dela acabou pegando no sono numa poltrona, assim como Claire e Ryan. Já são cinco horas da manhã e eu me encontro aqui na sala de espera andando pra um lado e para o outro. Não conseguia parar de pensar na Cecília por um segundo sequer, e o sentimento de culpa estava me consumindo.

Dou alguns passos até o bebedouro e encho um copo plástico de água. Tomo todo o líquido e jogo o mesmo dentro do balde de lixo ao lado. Cruzo os braços e suspiro fundo, tentando entender o motivo que fizeram isso e como o desgraçado conseguiu entrar na minha favela sem ser barrado por alguém. Estava puto da vida. Eu preciso ter segurança na minha própria favela, isso não iria ficar assim.

Assim que vejo o médico saindo do corredor e andando até a mim com um semblante cansado, segurando uma prancheta na mão, meu coração começou a acelerar.

- Vocês são parentes da Cecília Belmonte?

Assenti e o pai dela e a Claire se mexeram na poltrona, acordando.

- Finalmente acabamos a cirurgia, a Cecília levou um tiro no ombro e por pouco não perdeu o movimento do braço direito, foi uma cirugia complicada, mas foi um sucesso. Ela precisa de repouso, mas amanhã já será liberada pra descansar em casa.

Suspirei fundo, sentindo um peso sair de minhas costas, aquelas palavras conseguiram finalmente me acalmar, saber que ela estava bem me deixou aliviado.

- Graças a Deus. - Claire diz com a mão no peito.

- Que alívio do caralho. - Ryan diz e solta o ar da boca.

- Quando posso ver a minha filha doutor? - Perguntou, ficando ao lado do médico.

- Umas dez horas da manhã liberamos pra visitas.

- Obrigado. - Falei, engolindo o seco. O médico assentiu e saiu andando no corredor.

- No dia em que você encostar na minha filha novamente, eu acabo com você. - Ele diz me encarando com ódio.

- Isso quem decide é a própria Cecília. - Falei no mesmo tom e saí da frente dele.

- Vou ter que voltar pra resolver o que aconteceu, assim que ela acordar me avise que eu volto pra cá. - Falei com Claire e ela assentiu. O pai dela me olhava com ódio e eu ignorei. - Bora Ryan.

Ryan se levantou e começamos a andar pra saída do hospital, meus seguranças vinham atrás.

Assim que chegamos na favela, a cada passo que eu dava com ódio, ansiava em acabar com o desgraçado que fez isso. Pedi pra que Ryan fosse pra minha casa enquanto eu iria resolver o problema.

Chego em frente ao matadouro, e dois de meus homens faziam a segurança do local. Passo por eles, entrando na casa velha, me deparando com o homem sentado numa cadeira, com cordas grossas enroladas por seu corpo, com seu rosto coberto por sangue. Ele olhou pra mim e arregalou os olhos. Vou até uma mesa velha que tinha ali e peguei um saquinho com cocaína. Fiz uma carreirinha com o dedo de mal jeito, e tirei uma nota de cem da minha carteira, enrolei a nota e coloquei em cima do pó. Cheirei toda a carreirinha e funguei o nariz. Suspirei aliviado, sentindo a cocaína me acordar, estava cansado.

Toco em minha arma na cintura, sentindo vontade de metralhar a cara do o infeliz de uma vez por todas, mas precisava manter a calma. O suor pingava em minha barriga desnuda, já que a camisa tive que jogar fora por conta do sangue da Cecília.

- Vou te perguntar uma vez só, quem foi que te mandou aqui? - Perguntei o encarando, cruzando os braços.

- E-eu não posso falar. - Diz chorando e eu soltei um riso.

- Deixa eu só te deixar claro, se tu não falar tu morre, e se não falar, tu morre e ainda mato sua mãe, seu pai, sua filha, sua mulher e todo mundo que tiver algum vínculo com você. - Falei com ódio e ele arregalou os olhos.

- Não cara, pelo amor de Deus não.

- Agora é não? Mas quando atirou na minha garota tu não tava nem aí né filho da puta? - Dei um soco em seu rosto com toda força e raiva que eu tinha, fazendo ele virar pro lado e a ferida começar a sangrar.

- O TIRO ERA PRA VOCÊ.

Gritou desesperado, confirmando a minha teoria.

No mesmo instante, comecei a enche-lo de murros, chutes, tapas, e o mesmo não parava de gemer de dor e suplicar para que eu o soltasse, eu queria ficar o dia inteiro acabando com o desgraçado. Ele cuspia sangue no chão e percebi que um de seus dentes caiu. Comecei a rir e ele continuava chorando.

- Quem te mandou aqui? - Coloquei minha mão em seu pescoço e comecei a enforca-lo, fazendo seus olhos esbugalharem e seu rosto ficar vermelho por falta de ar.

- E-ele é u-uma pessoa que é b-bem próxima de vo-você.

O soltei e ele começou a respirar ofegante. Franzi o cenho, sem saber quem podia ser.

- QUE PESSOA SEU FILHO DA PUTA, RESPONDE. - Berrei com ódio e dei um chute em seu estômago, fazendo ele começar a vomitar. Fiz cara de nojo e dei alguns passos pra trás. Tirei a arma da cintura, já estava de saco cheio desse cara.

- Eu não posso. - Diz ao parar de vomitar e eu continuava com a cara de nojo.

- Que você queime no inferno seu desgraçado.

Sem pensar duas vezes comecei a atirar sem parar nele. O mesmo já estava cheio de buracos pelo corpo, mas estava com tanto ódio que continuava descarregando todas as minhas balas nele, só parei quando as balas acabaram.

- QUE CARALHO! - Berrei com ódio. Eu precisava saber quem era essa pessoa, tinha alguém próximo conspirando contra a mim e eu não conseguia pensar em ninguém.

Fui até a mesa e comecei a fazer outra carreirinha de pó, precisava aliviar a minha raiva senão eu surtaria.

Gringo, o meu traficante.Onde histórias criam vida. Descubra agora