C A P Í T U L O 30

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Mandei que tirassem o corpo do desgraçado do matadouro e dessem um fim nele. Pego meu celular do bolso e ligo pro Zac, espero ele atender, andando em direção ao mercado, precisava comprar uma cerveja.

- Fala patrão, já resolveu a fita de ontem?

- Dei um fim no filho da puta, mas ele não me deu informações, só disse que ele foi mandado por alguém próximo a mim.

- Sério? Mas quem será esse filho da puta?

- Eu não sei mas eu não vou cansar até descobrir, quero que você reuna todos que estavam fazendo a segurança da favela ontem agora mesmo, tô com um ódio do caralho, a minha mina quase perde o braço por conta da incompetência desses filhos da puta.

- Pode deixar chefe, tô indo resolver isso agora.

Desliguei a chamada e guardei o celular. Vejo o dono do mercado abrindo o portão, e eu percebo que ainda era cedo, devia ser umas seis e meia da manhã.

Após comprar a cerveja, começo a ir até o local que rola as reuniões. Enquanto andava, notava as garrafas quebradas no chão, no local que teve o baile. Odiava saber que o povo da minha favela não estava em segurança, eu precisava resolver isso logo. Sabia que muita gente queria a minha cabeça por inveja, mas não tinha em mente uma pessoa específica e isso me deixa puto da vida, eu preciso caçar esse desgraçado nem que seja no inferno.

Assim que cheguei na casa, passei pelos dois seguranças e entrei. Subi as escadas e me sentei na minha poltrona vermelha. Penso em cheirar mais cocaína mas me controlo, não podia ficar viciado. Suspirei fundo, sem deixar de pensar na Cecília por nenhum segundo. Saber que tudo isso podia ter sido evitado se eu fosse pra casa com ela me deixava mais puto da vida.

Esfreguei meu rosto com as mãos, deixando milhares de pensamentos invadirem minha mente. Estava muito estressado e não sabia como iria conseguir relaxar.

Ao escutar o barulho de passos, suspendo o olhar acima do corrimão ao lado, vendo que os caras haviam chegado. Eles subiram as escadas e entraram.

- Bom dia chefe. - Disseram em coro e eu ri ironicamente.

- Bom dia? Bom dia é o caralho bando de filhos da puta.

Eles arregalaram os olhos e se entreolharam.

- Dormiram bem? Porque a cara de sono de vocês está dizendo isso.

- Chefe a gente...

- Cala a boca que eu não mandei você falar. - Disse trincando os dentes e ele assentiu e abaixou a cabeça.

- Eu pago muito bem a vocês pra vocês fazerem o que eu mando, coisa que não aconteceu ontem nesse caralho, a vontade que eu tenho é de meter bala em todos. Quero saber como dez pessoas deixaram um desgraçado entrar na minha favela.

- A gente também não sabe chefe, eu acho que ele estava disfarçado, não sei.

Comecei a rir ironicamente, sentindo o ódio consumir meu corpo. Rapidamente tirei uma arma da gaveta e acertei um tiro na cabeça dele, que caiu logo em seguida no chão. Os outros me olharam assustados.

- E vocês? Vocês também não sabem? - Perguntei com ódio.

- A única pessoa estranha que entrou aqui foi um tal de Felipe, chefe, ele estava com o Henrique, mas não foi aquele cara que você matou. - Um deles disse e Henrique olhou pra ele incrédulo.

Franzi o cenho.

- Mas não foi o Felipe seu Zé ruela, Felipe é meu mano.

- Apenas esse Felipe entrou aqui de desconhecido? - Encarei o Henrique.

- Ele é meu mano chefe, ele não...

- Responda a porra da minha pergunta.

- Ele veio com um amigo dele, mas eles não fizeram nada.

- Se duas pessoas desconhecidas entraram na porra da minha favela, significa que pode ter a terceira, certo? - Peguei a arma da mesa e a destravei.

- Eu te garanto patrão que eles não estão envolvidos, eu os conheço a mó cota.

- Tu tem sorte de eu curti teu trampo aqui na favela, mas da próxima vez não tem segunda chance, tu sabe que querem a porra da minha cabeça e eu preciso de segurança.

Ele assentiu e abaixou a cabeça. Soltei a arma na mesa.

- A partir de hoje, qualquer vacilo que acontecer nessa favela, eu não penso duas vezes antes de meter bala na cabeça de cada um de vocês, aquela bala era pra mim e eu podia está morto agora.

Todos assentiram.

- Saiam da porra da minha sala.

CECÍLIA

Abri os olhos, mas logo tive que fecha-los por conta da claridade do lugar. Espero alguns segundos até que consigo abrir devagar. Percebo então que não estou em casa e nem na casa do Justin, parecia um quarto de hospital. Me assusto ao perceber a faixa branca enrolada em meu ombro e quando tento mexer meu braço eu gemo de dor. Meu ombro estava muito dolorido. Logo, começo a lembrar do que aconteceu e sinto meus olhos marejarem, ficando assustada. A janela do quarto estava aberta, iluminando o local. Vejo no relógio branco e preto pendurado na parede de cor cinza gelo, que eram meio dia. Sinto minha barriga roncar de fome.

Limpo as lágrimas que contornaram meu rosto, pensando no que aconteceu ontem. Eu podia está morta agora, esse tiro podia ser em um lugar perigoso. O Justin também podia está morto, na verdade não sei se ele está bem, só lembro de ter apagado ao escutar um baque dentro de mim. Percebo que estou correndo um grande perigo ficando com o Justin e eu preciso dar um fim nisso. Por mais que eu goste dele, estou vendo que isso não vai acabar nada bem.

Suspiro fundo e vejo a porta do quarto abrindo, logo, vejo o meu pai com um olhar cansado, e ao notar que eu acordei ele abriu um sorriso.

- Minha filha, graças a Deus você acordou. - Ele diz e fica ao meu lado. Sorri de volta.

- Eu estou realmente bem?

- Pelo visto está, você levou um tiro no ombro mas os médicos conseguiram tirar a bala e ocorreu tudo bem.

- Graças a Deus. - Suspirei aliviada.

- Cecília, por que você estava naquele lugar e com aquele cara? Onde você ficou com a cabeça?

- Pai, agora não por favor.

Ele suspirou fundo e assentiu.

- Tudo bem, mas teremos uma conversa muito séria sobre isso depois.

Assenti e ele me deu um beijo na testa. Eu não parava de pensar no Justin, será que ele estava bem? Ele veio me ver?

Gringo, o meu traficante.Onde histórias criam vida. Descubra agora