A cada passo que eu dava meu coração palpitava forte. Fazia tempo que não sentia essa adrenalina. É uma sensação que gostava de sentir, mas nesse momento eu estava repleto de preocupação pelos meus amigos. Alguns dos meus homens me seguiam, enquanto o resto estava espalhado por toda a favela. As pessoas corriam pra suas casas assustadas e o barulho dos tiros não paravam.
Andava agachado e apontando a arma pra todos os cantos, prestando atenção em cada movimento. Assim que vi um homem fardado apontando a arma pra mim de uma lage, não pensei duas vezes e acertei três tiros certeiros. Ele caiu e surgiram mais dois policiais. Estava atrás do poste, onde atirava e me escondia a cada segundo. Meus homens faziam o mesmo, e quando acabamos com todos eles, seguimos andando atentamente.
- 09 PORRA, ACHARAM MEUS AMIGOS? - Digo no rádo.
- AINDA NÃO PATRÃO, ELES DEVEM ESTÁ ESCONDIDOS EM ALGUM LUGAR!
- MERDA!
Guardo o rádio rapidamente e seguro a arma com as duas mãos.
Entrei em um beco, apontando a arma pra todos os cantos.
- 07 e 05 venham comigo, o resto fica aqui na contenção.
Mandei e subi as escadas de uma lage. Me agachei, atento a qualquer movimentação estranha. O 07 e 05 estavam ao meu lado. O suor pingava em minha testa e milhares de pensamentos passavam em minha mente, desde os olhos amedrontados da Cecília até a minha preocupação com os meninos.
- OS TIRAS!
O grito que veio debaixo me fez levantar rapidamente e vi os policiais que começaram a atirar nos meus homens. Dois deles caíram em questão de segundos e o resto trocava tiro sem parar.
- WHAT THE FUCK! - Gritei e comecei a disparar os tiros, os homens ao meu lado faziam o mesmo. Me abaixava e levantava rapidamente pra atirar, desviando das balas que eram na minha direção.
- VAMOS PRO SACO PATRÃO, PORRA! - 05 gritou agachado e com medo.
- LEVANTA CARALHO E METE BALA, SE VOCÊ FICAR NESSE MEDO QUEM VAI TE PÔR NO SACO SOU EU.
No mesmo instante ele se levantou e começou a atirar.
Finalmente os tiros cessaram e quase todos os policiais estavam mortos, o resto havia fugido. Desci as escadas, olhando cinco dos meus homens mortos.
- MAS QUE CARALHO! - Chutei um dos corpos dos policias com raiva.
- Meu parceiro caralho, meu parceiro PORRA! - Um deles gritou chorando, apontando pro seu amigo que estava estirado no chão com um buraco na testa.
- Eu sinto muito por você - apoiei minha mão em seu ombro - vamos vingar a morte dele, seja forte. - Ele assentiu com a cabeça.
- VAMOS ATRÁS DESSES FILHOS DA PUTA. - Ele gritou e o resto começou a vibrar.
- É ISSO AÍ PORRA! - Falei e dei dois tiros pra cima.
CECÍLIA
Andava pra um lado e pro outro, sentindo que iria desmaiar a qualquer momento. Estava muito preocupada com o Justin e os meninos, saber que eles podem não voltar mais me deixava aflita, um sentimento que eu não desejo pra ninguém. Passamos o dia inteiro curtindo e agora se encontramos nessa situação desesperadora. Claire ainda chorava, em choque com tudo que estava acontecendo, Ryan ligava sem parar para os meninos e não era atendido. Tudo que eu desejava era que esse tormento acabasse de uma vez. Havíamos trancado todas as janelas e todas as portas, dava pra ver alguns homens em frente da casa pra fazer a proteção. Os tiros incansáveis eram assustadores. Tinha um sentimento muito angustiante dentro de mim como se algo de ruim fosse acontecer, o que me deixava pior.
- Toma isso amiga, tenta ficar calma por favor. - Coloco o copo com água e açúcar na frente da Claire que está sentada na cadeira em frente a mesa da cozinha.
- Que sensação horrível, e se eles não voltarem? - Ela diz soluçando e toma um gole da água.
- Não pensa assim, Justin sabe como lidar com essas coisas, ele já passou por situações piores. - Diz Ryan que continuava tentando ligar pros meninos.
- O meu medo é deles tomarem uma bala perdida.
- Isso não vai acontecer, com fé em Deus eles vão voltar bem. - Digo e suspiro fundo, me sentando na cadeira ao lado dela.
- CHAZ? ONDE VOCÊS ESTÃO?
Assim que escuto tais palavras do Ryan meu coração só faltou sair pela boca, me levanto e fico atenta no que ele iria dizer.
- Graças a Deus. - Claire diz aliviada com a mão no peito.
- MEU DEUS, ONDE VOCÊS ESTÃO?
- O que aconteceu Ryan? - Digo com os olhos arregalados e Claire se levanta assustada.
- CALMA CHAZ, FICA CALMO, FICA AÍ DENTRO QUE EU ESTOU INDO AGORA.
Ryan guardou o celular no bolso e colocou as mãos atrás da cabeça com uma expressão de assustado.
- O Chris levou um tiro, tá sangrando muito, eles estão escondidos dentro de um mercado. - Ele diz e corre até a sala, eu e Claire fomos atrás, ele pega uma chave em cima do sofá e põe no bolso.
- E-eu vou com você. - Falei e corri até a porta.
- Eu também vou. - Diz Claire soluçando.
- Não Claire, você fica aí,não saia daqui por nada. - Digo e ela não diz mais nada, apenas continua chorando. Ryan estava com os olhos cheios de lágrimas e parecia se segurando pra não chorar. Fui até ele e o abracei forte.
- Vai dar tudo certo, ele vai ficar bem.
Ele assentiu e passamos pela porta rapidamente.
JUSTIN
Estávamos passando por um beco até que o 05 cai ao meu lado com um tiro no peito. Comecei a correr o mais rápido que conseguia e entrei dentro da primeira casa que vi a porta aberta. Duas crianças e uma mulher me olharam assustadas.
- Fiquem todos calmos. - Falei e eles assentiram, demonstrando medo. Fui até a janela e percorri meus olhos em cada canto, observando que haviam policiais no lado esquerdo dentro de uma casa no segundo andar. Merda.
- Pega a visão, tem tira no segundo andar da casa verde. - Digo no rádio.
- ESTAMOS INDO PRA LÁ AGORA.
Coloco outro pente dentro da arma e a destravo, pensando em qual seria o meu próximo passo.
- Joga essa arma no chão agora e bota as mãos pro alto, você perdeu otário.
Escuto a voz masculina atrás de mim e sinto um objeto gélido na minha cabeça, era uma arma. Merda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gringo, o meu traficante.
FanfictionUma jovem brasileira chamada Cecília tem sua vida completamente mudada após conhecer um traficante dos Estados Unidos. Cecília acabou se perdendo pelos olhos castanhos de Justin, um fato irônico e imprevisível, afinal, o pai de Cecília é um policial...