Ao escutar aquela voz, meu coração acelerou de medo. Olhei pra ele, o meu pai, que está sentado na beirada da minha cama de braços cruzados, com o olhar enraivado.
- Pa-pai? - Gaguejei, e minha mente começou a trabalhar rapidamente na procura de uma desculpa.
- Você deu pra fugir agora Cecília? Deu pra sair escondido?
- Pai, eu...
- Eu vou trancar a sua faculdade e tomar a sua moto.
- Quê? Não, eu juro que nunca fiz isso antes, só foi ontem porque teve um aniversário e...
- NÃO MINTA PRA MIM! - Ele se alterou e levantou, apontando o dedo pra minha direção.
- Eu não estou mentindo.
- Já vi que você é igual a sua mãe, uma grande mentirosa!
- Se eu saí escondido é porque sabia que você não iria deixar, se me deixasse viver eu não fugiria. - Disse com raiva.
- A partir de hoje você não terá mais mesada e eu não irei pagar a sua faculdade, você não quer se dominar? Então pague as suas próprias contas.
Ele saiu pisando os pés do quarto e eu fechei a porta com força de tanta raiva. Comecei a chorar, pensando em como eu iria me manter e pagar a faculdade, que merda! Precisava urgentemente achar um emprego.
JUSTIN
Admito que o sexo que tive com a Cecília me deixou com um humor ótimo. Estava gostando de ficar com ela e sabia que isso não era o certo a se fazer, já que o pai dela é policial e poderia me dar problemas. Mas o que eu posso fazer? Não consigo resistir. Vamos ver até quando isso vai durar.
- Mano, tu não acha perigoso demais ficar se envolvendo com essa mina? O pai dela é policial e você é simplesmente o dono do morro. - Ryan perguntou, jogando uma maçã pra mim e sentando ao meu lado no sofá.
- Realmente, sei que tô fazendo merda - suspirei e dei uma mordida na maçã - mas tô curtindo ficar com ela, o que posso fazer?
- Tu tá gostando mesmo dela?
- Eu não sei, sei que tô gostando de me envolver com ela.
- Isso vai acabar dando merda.
- Eu gosto de uma adrenalina. - Dei risada e Ryan negou com a cabeça.
- Você é um grande maluco, isso sim.
Quando Ryan foi embora, chamei o Zac pra termos uma conversa e quando ele chegou fomos pro escritório.
- Fala patrão. - Ele diz ao se sentar no sofá de dois lugares. Me encostei em frente a minha mesa e cruzei os braços.
- Como já deve tá sabendo, um carro me seguiu ontem e trocou tiro com a gente. Tão querendo realmente a minha cabeça e eu preciso saber o porquê.
- Eu tô tentando descobrir como isso tá acontecendo do nada, primeiro invadiram a favela e agora isso. Tá parecendo que tem alguém querendo armar pra você.
- Eu tenho certeza que é isso, só preciso saber quem é - suspirei - isso está me estressando demais, eu preciso da minha segurança e da segurança em minha favela de volta.
- Já falei com alguns policiais da gente - ele se referiu aos que a gente paga pra nos ajudar - e eles também não sabem o porquê, parece que tem alguém grande comandando tudo isso.
- Eu tenho que descobrir quem é - passei a mão nos cabelos - preciso que continue tentando saber o porque disso está acontecendo urgentemente.
- Pode deixar, estou fazendo de tudo ao meu alcance, só peço que evite o máximo a sair da favela.
- Você tem razão, não posso mais sair da favela, eles querem minha cabeça de qualquer jeito. Outra coisa, precisamos de novos homens, muita gente morreu e precisamos de caras competentes.
- Também estou resolvendo isso, já contratei alguns que eram da outra boca. - Ele levantou - Mais alguma coisa patrão?
- Tem uma pequena coisa sim.
- Pode falar.
- Quero que deixe claro pra todo mundo na favela que a Cecília tem passo livre pra andar por aqui e que não quero que ninguém mexa com ela, ela é minha, caso veja alguém mexendo pode matar.
- Pode deixar chefe.
- Pode se retirar. - Disse e por fim ele saiu. Fiquei parado pensando em tudo que estava acontecendo. Eu não via a hora de pôr a mão no filho da puta que estava tentando me prejudicar. Lembrei que chamei a Cecília pra sair hoje a noite e terei de cancelar, pois percebi que não posso ficar vacilando, a minha vida está mais em risco do que antes.
Retiro o celular do bolso da minha bermuda e procuro pelo número da Cecília, quando encontro, ligo e espero ela atender.
- Alô?
- Oi meu bem, liguei pra avisar que não vai dar pra gente sair hoje, percebi que não posso tá saindo da favela por enquanto.
- Ah, tudo bem então.
Franzi o cenho, percebendo que a voz dela estava estranha, como se estivesse chorando.
- Você tá chorando? O que aconteceu?
- Nada não, coisa minha. - Fungou o nariz.
- Você tem certeza?
- Você pode me buscar? Ou mandar alguém me buscar? Não quero ficar em casa. - Ela diz soluçando e eu fiquei preocupado.
- Vou mandar alguém te buscar, fica calma.
- Tá bom, tô esperando.
Desliguei a ligação e peguei o rádio em cima da mesa, mandei que buscassem a Cecília no endereço que falei e deixei o rádio onde estava. Fiquei pensando no porquê que ela estava chorando e me perguntando o porquê que eu estava me preocupando.
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Gringo, o meu traficante.
FanfictionUma jovem brasileira chamada Cecília tem sua vida completamente mudada após conhecer um traficante dos Estados Unidos. Cecília acabou se perdendo pelos olhos castanhos de Justin, um fato irônico e imprevisível, afinal, o pai de Cecília é um policial...