C A P Í T U L O 32

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CECÍLIA

Um mês havia se passado desde a última vez que vi o Justin no hospital, e devo admitir que estava morrendo de saudade dele. O mesmo me ligava quase todos os dias, tentava falar comigo de todas as formas, desde mandando recado pelo Lucas, desde as mensagens, desde mandando o Henrique vim aqui me chamar, mas consegui ser forte em todas as suas tentativas, por mais que eu o quisesse muito eu sabia que era o melhor pra mim. Meu pai também deixou claro que não iria aceitar mais um vacilo meu e abriu meus olhos de como é se envolver com traficante, me deixando amedrontada, eu podia ter morrido naquele dia, nunca esqueço disso.

Meu pai havia devolvido a minha moto e resolveu continuar pagando a minha faculdade, dei graças a Deus por isso. Finalmente o semestre acabou e eu estava de férias, e nesse tempo livre eu comecei a procurar um emprego e consegui até algumas entrevistas, porém não fui contemplada com nenhum trabalho, eu não possuo experiência comprovada na carteira, o que se torna tudo mais difícil, além disso preciso conseguir um trabalho a partir de meio dia já que eu estudo pela manhã. Não via a hora de ter a minha própria independência financeira.

Lá estava eu, me arrumando pra mais uma entrevista. Acabei de vestir a calça jeans e em seguida comecei a colocar o cinto preto da Gucci. Vesti uma camisa social branca, deixando as mangas arregaçadas. Calcei um salto não tão alto na cor preta, e comecei a me maquiar. Fiz uma maquiagem leve, onde nos lábios optei por um lip tint, não queria chamar atenção. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e ondulei as mechas com o babyliss. Dei várias borrifadas de perfume pelo corpo e estava finalmente pronta. Tinha trinta minutos para estar lá, e como não era longe chegaria rápido já que vou de moto.

Ao estacionar em frente ao prédio, começo a caminhar, indo até a recepção onde tinha algumas pessoas pedindo informação para as duas mulheres que estavam sentadas nas cadeiras, em frente aos notebooks.

- Boa tarde, vim para uma entrevista com o Ruan.

- Sua identidade por favor. - A loira pediu.

Tirei a identidade da bolsa preta pequena de ombro e entreguei pra ela. A mesma olhou o documento e mexeu no computador.

- Pode ir até o sétimo andar, sala onze.

- Obrigada.

Procurei pelo olhar o elevador e ao encontrar caminhei até o mesmo, esperando ele abrir. Comecei a sentir um imenso frio na barriga e percebi que estava nervosa. Admito que não estava animada pois recebi tantos "não" que nem criei expectativa.

Ao sair do elevador, ando pelo corredor, olhando cada plaquinha em cima das portas brancas que continham números, procurando pelo número onze. Quando encontrei, leio a frase "Sala do RH" e suspiro fundo de nervosismo, tomando coragem pra bater na porta.

Dou duas batidas e logo escuto um "pode entrar" de uma voz masculina. Engulo em seco e toco na maçaneta prateada, a abrindo devagar. Vejo um homem barbudo e gordo mexendo em alguns papéis, sentado numa poltrona preta em frente a uma janela, e logo seu olhar suspende, encarando-me. Ele está de paletó cinza, com uma camisa social branca, onde os botões estão quase estourando por conta da barriga. Dou um meio sorriso gentil e fecho a porta.

- Boa tarde, Cecília né? - assenti - pode se sentar, estava te esperando.

- Boa tarde. - Vou até a poltrona em frente a sua mesa e me sento.

Gringo, o meu traficante.Onde histórias criam vida. Descubra agora