Eu andava de um lado pro outro sem saber o que fazer, a única coisa que podia fazer era esperar e esperar estava sendo muito torturante. A enfermeira que está cuidando do caso do Chris disse que por pouco ele não perdeu o braço, que perdeu muito sangue e agora estava fazendo uma cirurgia.
- Calma Justin, ele vai ficar bem. - Disse Ryan da poltrona branca, tentando me acalmar.
- Tudo isso por culpa daqueles filhos da puta, a vontade que eu tenho é de matar um por um. - Falei com ódio.
- Como isso tudo aconteceu? Por qual motivo eles invadiram?
- Isso é o que estou tentando descobrir, parece que estão querendo me foder de qualquer jeito.
- Acha que não é melhor você voltar pra Seattle?
- Não vou fugir igual um covarde Ryan, eles estão tentando me matar e tenho quase certeza que alguém está os ajudando.
- Esse alguém você se refere a alguém que trabalha pra você? - Chaz perguntou.
- Exatamente.
- Mas quem seria louco de fazer isso Justin?
- Eu não sei Ryan, mas sei que tem muita gente querendo que eu caia pra tomar o meu lugar, mas se eles acham que vai ser tão fácil assim estão muito enganados.
Claire escutava tudo com o olhar de que não estava entendendo nada, até havia esquecido da presença dela.
- E a Cecília está bem mesmo? - Perguntei olhando pra ela que assentiu com a cabeça.
- O pai dela não deixou que ela fosse com a gente, arrastou ela quando a mesma ia entrando no carro. - Chaz falou cruzando os braços, sua camisa branca estava cheia de sangue.
- Como assim? - franzi o cenho - ele estava na favela?
- Estávamos na saída da favela, tu sabia que o pai dela é policial?
- Como é que é? - arregalei os olhos - policial?
- Tu não sabia? Ele é policial federal.
Olhei pra Claire que me olhou assustada e sem pensar duas vezes agarrei o pescoço dela com as mãos e comecei a enforca-la.
- Vocês estavam armando pra mim? - Disse entredentes e ela tentava se soltar.
- Na-não, claro que na-não.
- Vocês armaram isso tudo pra me pegarem não foi? Sua desgraçada. - Apertei com mais força, sentindo o ódio consumir todo o meu corpo.
- Eu ju-juro, por favor!
- Justin larga ela porra! - Chaz se levantou e eu neguei com a cabeça - Justin caralho ela não tá respirando, larga ela! - Ele diz nervoso e eu só sentia mais ódio - pela sua filha Justin, larga ela!
Fechei os olhos e respirei fundo ao pensar na minha filha. A soltei e ela caiu sentada na poltrona ofegante e passando as mãos no pescoço.
- Você tá louco? Você iria me matar! - Ela diz chorando.
- Isso é o que eu deveria fazer sua vagabunda, vocês duas armaram pra mim, ou é muita coincidência o papai daquela desgraçada está no dia em que invadiram a minha favela?
- Pensa um pouco, se a gente armasse pra você, acha mesmo que o pai dela a deixaria na favela sabendo que ela poderia sair morta de lá? - Disse ainda chorando.
- Justin pode ser uma coincidência cara, primeiro confirma se elas estão falando a verdade pra você não fazer nada injustamente. - Chaz falou e eu bufei.
- Cala a porra da boca Chaz, eu não tô com paciência pra mais nada.
Ele se calou e eu respirei fundo, me controlando pra não matar a Claire de tanta raiva que eu estou.
Ah Cecília, se for isso mesmo que estou pensando você me paga.
CECÍLIA
- AGORA VOCÊ VAI ME EXPLICAR DIREITINHO QUE PORRA ESTAVA FAZENDO NAQUELA FAVELA. - Meu pai gritou assim que passamos pela porta de casa.
- Eu já falei, estava na casa de uma amiga e um colega acabou sendo baleado pelos tiros que vocês - disse com ódio - causaram, porque até então a favela estava em paz.
- NA FAVELA SÓ TEM MARGINAL, EU NÃO QUERO VOCÊ COM ESSAS AMIZADES TÁ ME OUVINDO? NÃO TE CRIEI PRA ISSO.
- Na favela tem muita gente do bem, você não passa de um preconceituoso, acha que pode chegar lá atirando em todo mundo como se todos fossem marginais, você e nem os outros policiais tem esse direito.
- EU NÃO CRIEI FILHA PRA TÁ DEFENDENDO VAGABUNDAGEM NÃO - apontou o dedo pra minha cara - A PARTIR DE HOJE VOCÊ SÓ SAI PRA IR PRA FACULDADE.
- EU NÃO SOU PRISIONEIRA! - Berrei com ódio.
- SE QUISER CONTINUAR EMBAIXO DO MEU TETO VOCÊ VAI SEGUIR AS MINHAS ORDENS, FORA ISSO PODE SAIR DA MINHA CASA.
- AGORA ENTENDO O PORQUÊ DA MINHA MÃE TER FUGIDO, ELA FUGIU PRA SE LIVRAR DE VOCÊ SEU INSUPORTÁVEL.
Ele levantou a mão pra bater no meu rosto mas se controlou, subi as escadas correndo e entrei em meu quarto, batendo a porta em seguida. Chorava e tremia de tanta raiva, eu não aguentava mais isso, precisava sair dessa casa.
Meu celular começou a tocar e eu atendi ao ver que era a Claire, podia ser alguma notícia do Chris.
- Oi amiga, como o Chris está? - Digo limpando as lágrimas, me sentando na cama.
- O Justin tentou me matar Cecília - ela diz soluçando e eu arregalo os olhos assustada.
- Quê? Como assim?
- Ele tá achando que a gente armou pra ele, que os policiais invadiram com a nossa ajuda, ele descobriu que seu pai é policial, o Chaz contou.
- Meu Deus Claire, eu tô indo pra aí - me levantei depressa.
- Não, não vem, os meninos pediram pra ele verificar tudo isso antes de fazer algo, eu to aqui no banheiro com muito medo, ele não deixou eu ir pra casa, disse que vai conversar com nós duas pessoalmente.
- Merda, puta merda, tá tudo dando errado.
- Eu tô com muito medo do que pode acontecer com a gente, ele me enforcou e por pouco eu estaria morta.
- Eu nem sei o que dizer Claire, me perdoa por favor, a culpa é toda minha, eu não deveria deixar me envolver tanto.
- Você não tem culpa, mas a partir de hoje quero que me prometa que não vai mais chegar perto desse cara após conversarmos.
- Eu prometo. - Engulo em seco - como Chris está?
- Ele está passando por uma cirurgia, quase perdeu o braço.
- Meu Deus.
- Seu pai brigou contigo né?
- Sim, fez um show, não aguento mais ficar nessa casa.
- Você precisa começar a trabalhar pra sair logo daí.
- Pior que eu sei, vou começar a procurar por emprego.
- Vou desligar, qualquer coisa ligo pra você.
- Tudo bem.
Ela desligou e eu suspirei fundo, assimilando tudo que havia escutado. Eu me meti em uma verdadeira furada. Estava começando a me simpatizar com o Justin, mas vi que ele não é pra mim, havia esquecido do quão perigoso ele podia ser.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gringo, o meu traficante.
FanfictionUma jovem brasileira chamada Cecília tem sua vida completamente mudada após conhecer um traficante dos Estados Unidos. Cecília acabou se perdendo pelos olhos castanhos de Justin, um fato irônico e imprevisível, afinal, o pai de Cecília é um policial...