Capítulo 47

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25 de outubro de 2016, às 11:57...


POV. Berlim

Espero pela jornalista e o operador de câmara  entrarem. A porta é aberta e entram os dois. Tiro a máscara e peço aos dois reféns que me acompanham para voltarem ao lugar.

- Olá. Bom dia! - Aperto a mão da jornalista e cumprimento com a cabeça o cameraman.

- Sou o Andrés de Fonollosa. Muito obrigado pela vossa presença aqui na Casa da Moeda.

- Pode colocar isto? - Pede a jornalista e o cameraman estende-me um microfone que coloco.

- Senhor Fonollosa, tenho de lhe perguntar porque permitiu que jornalistas transmitam em direto daqui.

- Porque este é um momento decisivo para todos nós aqui - explico. - e era necessária a vossa presença para tornar tudo público. Por favor, sigam-me.

Levo os jornalistas para onde estão os reféns que escolheram a liberdade.

- Estes são os 11 reféns - apresento. - que serão finalmente liberados. Estamos todos um bocado nervosos quase como crianças à espera do toque de recreio.

Solto uma pequena risada.

- Quero agradecer-vos a todos. Pela vossa coragem que demonstraram por estarem aqui. E... - aproximo-me da mulher grávida do primeiro dia. - ...especialmente a ti. A ti e à tua criança. Mostraste ser uma mulher muito forte.

- Porque tomaram agora a decisão, após cinco dias de cativeiro, de libertar reféns?

Tiro os olhos da refém e encaro a jornalista.

- Já, cinco dias? Meu deus! Até custa a crer que passou tão pouco tempo.

Aproximo-me da Nairobi com a máscara e da jornalista.

- Temos de confessar que isto está a ser duro para nós. A nossa única opção é a rendição - afirmo. - É por isso que estão aqui.

- Este gesto é o princípio do fim para todos. Helsinque... é agora. Podem ir! - digo aos onze reféns à minha frente.

Deixo os reféns sair e subo com os jornalistas.

- Vamos libertar reféns para tentar obter condições favoráveis para a rendição.

- Decidiram entregar-se? - Pergunta a mulher.

- Tomámos consciência de que perdemos - digo para a mulher olhando de vez enquanto para a televisão.

Grito para os reféns saírem e depois levo a jornalista com o cameraman para a sala de convívio.

- Não sei se já viu um cadáver - começo. - Para alguns de nós, também é a primeira vez. Vieram para contar a verdade e... infelizmente, esta é a verdade. Fomos derrotados. Fomos vencidos. É importante que o confirme, por favor.

Peço à jornalista para confirmar que o Oslo está morto e preparo-me para a minha maior atuação.

- Sim. Não tem pulso, faleceu.

- Os reféns que fugiram golpearam-no. Morreu pouco depois. Talvez para quem está lá fora este homem seja apenas um ladrão.

Abaixo a cabeça.

- Mas, para nós, era um companheiro e um amigo. Acima de tudo, um irmão. Ninguém nos prepara para isso - Sinto pequenas lágrimas nos olhos.

- Ninguém. Esta foi uma das razões pelas quais decidimos libertar reféns. Alguns de nós pensávamos que não sairíamos vivos. Mas, sinceramente, nunca pensei que fosse ele - Continuo.

Berlobi: Love Story [PORTUGUÊS]Onde histórias criam vida. Descubra agora