Capítulo 2

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  A morena, com o nome de Maite, lançou um sorriso encorajador para Anahi e fechou a porta.

— Por favor, sente-se. - Ele disse apontando uma das cadeiras a sua frente.

  Anahi respirou fundo, equilibrando-se nos saltos andou na direção dele e sentou-se na cadeira.

— Bom, primeiramente, me chamo Alfonso Herrera. - Ele disse sem lhe oferecer a mão.

  “Cavalheiro” - Anahi quase riu ao lembrar da palavras usada por Maite.

— Vejo que você, senhorita Portella é… - Ela o interrompeu.

— É Portilla. - Ela o corrigiu.

  Por mais que tomasse o pior chute de sua vida, não deixaria barato. Ele havia lhe roubado a vaga, ele lhe devia um pedido de desculpas.

— Portilla… - Ele se corrigiu sorrindo - Como eu ia dizendo, é formada em secretariado executivo, fala inglês fluentemente e tem todas as habilidades necessárias, inclusive a de digitar... - Ele disse remexendo no currículo e balançando a cabeça para cima e para baixo - Sua carta de recomendação também fala muito bem de você. Aqui diz que você tem uma boa comunicação oral, boa memória, pontual, prestativa, tem responsabilidade, é paciente - Ele disse escondendo um sorriso - E também fala que tem uma boa aparência, o que se nota a quilômetros. - Ele disse fazendo-a corar.

— O senhor Feliphs, foi muito gentil quanto a carta de recomendação. - Ela disse com voz firme.

— Se ele é tão gentil assim, porque pediu demissão?

— Problemas pessoais. - Ela declarou de queixo erguido.

— Eu adoraria saber sobre seus problemas pessoais... - Ele disse se reclinando na cadeira.

— Meus pais vivem no interior e o senhor Feliphs é o único advogado com diploma da cidade. Trabalhei para ele durante um bom tempo e assim que consegui juntar dinheiro suficiente me mudei para cá.

— E porque se mudou para cá?

— Sempre quis morar em cidade grande. Esse se tornou meu sonho depois que minha amiga Dulce se mudou para cá.

— Então você veio atrás dela? Da sua amiga? - Ele disse com o cenho franzido.

— Mais ou menos. Ela se mudou para cá a alguns anos, em suas cartas sempre contava em como tudo aqui era maravilhoso, cheio de oportunidades para crescer na vida e ganhar dinheiro. Então assim que ela sugeriu que eu fosse morar com ela, eu aceitei e agora estou procurando um bom emprego. Fim da história. - Ela disse querendo acabar logo com aquilo.

  Ele não tinha que saber o porque dela precisar de dinheiro. Pena e suplício não ajudariam nem a ela e muito menos a sua família…

— Então você veio para cá com o intuito de arranjar um trabalho que lhe pague bem? - Ela assentiu - E por que enviou seu currículo para a Herrera's?

— Dulce insistiu muito para que eu mandasse e eu sinceramente não pensei que fosse ser chamada para uma entrevista.

— Hum… - Ele disse fazendo anotações - E você acha que daria conta de trabalhar para uma empresa tão grande assim? Ainda mais sendo secretária pessoal do presidente?

— Sim. - Ela disse convicta.

— E se você fosse convocada para uma conferência em um fim de semana em outro estado?

—  Eu iria, nada me impossibilita. - Ela disse dando de ombros.

— Você sabe que o salário que receberá aqui será bastante superior ao que recebia, certo? - Ela assentiu - Ótimo, eu tenho somente três regras e exijo que elas sejam cumpridas. - Ele disse se inclinando para frente em tom intimidador.

  Ela engoliu em seco, não estava nada acostumada com isso.

— A primeira é a obediência, quando eu mando algo ser feito, eu quero ver isso feito. A segunda é a lealdade, não permito relações pessoais próximas com concorrentes. E a terceira é o compromisso, se você me dizer que vai fazer uma coisa, você tem que fazer essa coisa. Você senhorita Portilla, acha que conseguiria cumprir as minhas regras?

— Sim. - Ela disse séria.

— E se eu lhe pedisse uma opinião... Sobre negócios ou coisas pessoais, o que faria?

— Se você me pedisse - Ela ressaltou - Eu responderia com o que penso.

— Hum... - Ele disse fazendo outra anotação - Sem ser influenciada pelo o que eu penso?

— Sim. - Ela disse direta.

— Ok, vamos fazer um teste. Na minha opinião hoje no estacionamento, a vaga era minha, porque eu a vi assim que entrei e também penso que não foi nada educado o que me disse, tanto no elevador, quanto no estacionamento. E para você? Qual a sua opinião quanto a isso?

  Oh, ele queria jogar? Queria testá-la? Pois ele iria saber o que ela realmente pensa.

— Na minha opinião, eu vi a vaga primeiro, sem contar que é um ato de cavalheirismo um homem ceder a vaga para uma mulher. E você foi sim um idiota e acho que você me deve um pedido de desculpas. - Ela disse sincera e ele sorriu anotando outra coisa - O que é que você tanto anota afinal? - Ela perguntou nervosa.

— Ouça senhorita Portilla, não preciso de mais empregados “puxa-saco”, então se caso for contratada é exatamente assim que tem que agir.

— O que? - ela disse surpresa.

  Esperava no mínimo que fosse mandada se retirar da sala, afinal, ela o chamara de idiota mais uma vez...

— Mais uma coisa, se vier trabalhar aqui, saiba que o “Senhor Herrera” só será usado quando eu estiver acompanhado de alguém fora da empresa. Aqui todos nos chamamos pelo nome, então, você me chama de Alfonso e eu te chamo de Anahi. Entendido? - Ela assentiu - Ótimo. Eu tenho seu telefone, qualquer coisa te ligo Anahi.

  Ele disse se levantando e estendendo a mão para ela. Ela o imitou e apertou sua mão gentilmente, logo depois virando e saindo pela porta.

  Alfonso suspirou e pegou o papel onde fizera as inúmeras anotações. Nele com caligrafia grossa os seguintes adjetivos se encontravam:

Bonita, deliciosa, orgulhosa, encantadora, emotiva, responsável, sincera, mandona.

  Pegando a caneta novamente, ele adicionou mais um: 

gostosa.

  Enquanto isso, Anahi saia quase cambaleando pela porta.

— Então, como foi a entrevista? Se saiu bem? - Maite perguntou.

— É, talvez. - Anahi respondeu respirando fundo.

— Ora, acalme-se! - A morena disse lhe apertando gentilmente os ombros - Alfonso leva muito em conta nossas qualidades, fique tranquila querida.

  Anahi forçou um sorriso. Sabia que ele não ligaria, estava mais do que na cara que ele não faria isso.

  Estava perdida, completamente perdida….

Um amor por contrato Onde histórias criam vida. Descubra agora